66° dia – Wiseman – PRUDHOE BAY!! (Alaska)

66° dia – 01/07/13 – 2a. feira – Wiseman/ PRUDHOE BAY!! (Alaska) 232 milhas/ 370km.

Mapa dia 66

Acordamos às 5 horas, como previsto, e o céu ainda (ou já?) estava claro… O dia tem 24 horas e não anoitece.

Alaska

Zarpamos de Wiseman apressados para passar pelo ponto de bloqueio da estrada antes ser fechado para obras.

Tínhamos noticias de acidentes, braços quebrados, motos Bigtrail quebradas, até um grupo de policiais de Harley que tentou chegar em Prudhoe Bay para uma ação beneficente e desistiu depois de sofrerem acidentes. E muita gente super preocupada conosco. A senhora dona do hotel em Fairbanks, quase nos fez prometer que não seguiríamos adiante se as condições não fossem boas.

Pegamos alguns trechos de asfalto e alguns de loose gravel ainda em boas condições. Mas quando chegamos no trecho onde a chuva de ontem tinha batido, começou o sufoco! Era um verdadeiro sabão. As motos derrapavam quase sem controle.

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Apesar da minha experiência em grandes enduros de moto (o Ruy, apesar de não experiente em off-road, mandava super bem), a possibilidade de tombo se tornava cada vez mais iminente. Fomos diminuindo a velocidade cada vez mais, a ponto ter que controlar a 1a marcha na embreagem para ir mais devagar e com os dois pés arrastando no chão para diminuir o risco de queda. O pneu da Fatboy, por ser largo (200 mm) parecia fazer o efeito skate descontrolado.

Pior 1: com a baixa velocidade, vinham os mosquitos… Eram dezenas, centenas e atacavam sem dó e entravam em qualquer buraco da roupa ou capacete. Cheguei a engulir um ao respirar…
Pior 2: com o frio e umidade, a viseira ficava embaçada e não se enxergava nada…
Pior 3: para abrir a viseira tínhamos que tirar a mão do guidon o que piorava a situação…
Pior 4: se abria a viseira entrava mais mosquitos… Pior 5: quando a gente ia fazer xixi era um meeedo…
Pior 6: naquela marcha e velocidade, o consumo iria ser altíssimo e, apesar da gasolina reserva, não conseguiríamos chegar em Deadhorse…
Pior 7: não tinha lugar nenhum no meio do caminho, nada, nenhum bar, posto, casebre, nada, nada, nada…
Pior 8: o frio estava insuportável…
Pior 9: ainda pairava no ar a incerteza do problema mecânico da Fatboy…
Pior 10: como a estrada tinha sido interditada das 7 às 19 horas não havia tráfego, carros, caminhões, nada… Estávamos sozinhos no meio do nada…

Video 16

Ainda tentamos parar um pouco na expectativa de o sol sair e secar um pouco a lama e também comer o pão e barra de cereal que tínhamos comprado ontem, já sabendo da falta de apoio na estrada. Tudo que conseguimos foi mais mosquitos em cima da gente. Seguimos e, aos poucos, as condições da estrada foram melhorando.

Pior 11: quando tudo começou a melhorar e o piso secar, vinham os caminhões da obra e molhavam tudo novamente…
Pior 12: e quando tudo parecia melhor veio o sono, fruto de noites mal dormidas e tensão acumulada durante esse trecho. A solução foi repetir a dormida em cima da moto. Capacete fechado por conta dos mosquitos, roupa, luvas e ainda assim como a cabeça pendeu para um lado e segundo o Ruy (eu não percebi nada…) os mosquitos atacaram meu pescoço. Meia hora de sono e recuperei as energias e tocamos em frente.

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Em quase todo o percurso acompanhamos o Pipe Line, um oleoduto que sai de Prudhoe Bay e chega até Anchorage. Passamos pela Atigun Pass que é uma passagem em mais altitude e de beleza ímpar. A estrada passa por um vale cercado por montanhas onde corre um rio de águas de degelo cristalinas formando um conjunto fantástico.

Paramos para algumas fotos e seguimos até Deadhorse que faz parte de Prudhoe Bay. Esse nome Deadhorse (cavalo morto) nasceu de uma empresa que se localizava num ponto pouco antes de Prudhoe Bay. A empresa não existe mais, porém, o nome ficou.

A cidade é um amontoado de contêineres e mais parece um grande alojamento de canteiro de obras. Não tem nenhuma beleza. É apenas um marco, um desafio e final da Dalton Highway ou Panamericana Norte.

Fomos para o hotel também, tipo um grande container, sem qualquer luxo, apenas bem funcional. Atende, na maioria, funcionários das empresas instaladas lá e alguns hospedes e turistas a USD 110 a diária para cada um, com refeições inclusas e banheiro comum. A comida é farta e à vontade. Retiram cedo o bufê, mas fica aberto direto para sanduíches, refrigerantes, doces, etc.

A população da cidade é composta de trabalhadores, não havendo residentes. São turnos de 12 horas de trabalho e 12 de descanso e 14 dias de trabalho e 14 em casa. Bebida alcoólica é proibida em toda a cidade.

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Ainda fazendo o check-in no hotel, ficamos parados pensando, pensando, até que caiu a ficha: ESTÁVAMOS EM PRUDHOE BAY!! Tínhamos atingido nosso objetivo!!

Fizemos o cumprimento típico do americano que é tocar com a mão fechada como um soco na mão do outro e demos um abraço de vitoriosos.

Video 16

Após o jantar, fomos fazer a cerimônia do meu batismo como mais novo membro dos Águias de Aço BH. O Ruy, meu padrinho, fez um video muito bacana com palavras para deixar qualquer um emocionado.

Video 18

Ainda tocados pela emoção de todos os acontecimentos, e pela vibração de termos “chegado lá”, custamos a dormir, ficamos papeando e curtindo o momento, mas quando “apagamos”, dormimos o sono dos recompensados.

Chegamos com acumulado de 25.008 km!


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