5º dia – Transamazônica – Parque Nacional da Amazônia

O galo começou a cantar às 5 da manhã e logo estávamos na Transamazônica com nossas motos. O Adriano estava na frente, o Amerizon no meio e eu atrás, bem próximos um do outro. As poacas começaram a dar o ar da graça. Logo na primeira grande poaca, subiu muita poeira que tirou a visibilidade quase que totalmente.

Quando eu consegui enxergar vi a moto do Amerizon dançando de um lado para o outro, cai não cai. Esperei ele decidir para que lado ia e quando ele foi para a esquerda eu joguei para a direita com muito esforço, visto que estava quase sem controle da moto. Quando consegui tirar da moto do Amerizon e a poeira diminui um pouco, vi logo à minha frente a moto do Adriano deitada no meio da poaca. Mais uma vez foi um esforço tremendo para desviar. Passei tão perto que minha bota tocou o pneu dianteiro da moto dele.

Agora era a minha vez de lutar para não cair. A moto saiu de frente, quando consertava a frente ela saia com a traseira e de repente parecia que saia com traseira e dianteira simultaneamente. Com esse esforço todo ela foi naturalmente diminuindo a velocidade e consegui sair ileso.

Parei a moto e voltei para ver como estava o Adriano e o Amerizon. O Amerizon não caiu e o Adriano estava bem. Foi só o susto. Mas foi uma situação perigosa pois corremos o risco de atropelar ele. Tenso demais.

Depois de um tombo, o cara começa a andar mais devagar, pelo menos no começo. Seguimos viagem. Depois de inúmeras poacas e muitos quase tombos, chegamos a Rurópolis. Acho que era domingo. Não conseguimos comer nada na cidade, todo o comercio estava fechado. Conseguimos encontrar apenas uns salgados na lanchonete do posto.

Após 150 km de muita poeira, muita mesmo, chegamos à balsa do rio Tapajós. Um rio imenso de águas cristalinas. Aproveitamos para tomar um banho para tirar a poeira, ali no porto mesmo.

Balsa do Tapajós

Uns 40 minutos e a balsa chegou. Uma balsa gigantesca. Pagamos algo em torno de 10 reais cada, para fazer a travessia das motos.

Chegamos a Itaituba. Um importante porto, por onde é embarcada a produção de soja do estado de Mato Grosso.

Já eram quase 3 horas da tarde e só encontramos um restaurante bem simples para almoçar. A comida era simples e estava boa. Nossas mesas estavam na calçada e o esgoto corria em uma vala entre o meio fio e o asfalto da rua. Aliás isso é bem comum ali. Peguei o mapa de papel do Adriano para ver o roteiro. Depois de conferir, dobrei e coloquei em cima do banco da moto. Veio um vento e derrubou o mapa. Onde ele caiu? No esgoto. Só contei isso para ele muitos dias depois.

Abastecemos em um posto na saída da cidade, onde encontramos uma turma de motociclistas religiosos. Conversamos com eles, tiramos fotos e na hora da despedida eles pediram para que fizéssemos uma oração com eles para que nossa viagem fosse abençoada. Bacana demais essa turma.

Dali pegamos um transito intenso de caminhonetes e carros pequenos vindos de uma vila de pescadores, chamada Vila Nova. Depois de 50 km entramos no Parque Nacional da Amazônia. Pela primeira vez estávamos vendo mata fechada na beira da estrada. Até então toda a floresta nas margens da rodovia havia sido destruída.

Poeira

Logo passamos por uma ponte sobre o igarapé Tracoá, onde tinha uma bonita cachoeira. Seguimos viagem por mais 10 km a procura de um local para acampar e como estava escurecendo resolvemos voltar, pois ali na entrada do parque, às margens do Tracoá tinha uma base da guarda do parque.

Entramos lá e fomos recebidos pelo Xavier, que era o guarda que estava a serviço naquele dia. Logo chegou o Celmir, que era guarda florestal também, mas só ia entrar em serviço no dia seguinte. Eles gentilmente permitiram que passássemos a noite ali. Armamos nossas barracas e fomos tomar banho na cacheira do Tracoá. Banho merecido. Não tínhamos tomado banho na noite anterior e estávamos imundos. Ficamos um bom tempo alí.

Depois do merecido banho resolvemos ir até a vila dos pescadores para ver se ainda achávamos uma galinha caipira. O Celmir, que estava de folga, se ofereceu para nos levar lá. Chegamos já no final da festa. Só tinha uma barraca onde ainda tinha comida. A cerveja já tinha acabado. Jantamos e conversamos por um bom tempo. Na hora de ir embora o Celmir nos levou a um local onde pudemos comprar umas cervejas, item essencial para fechar bem a noite.

Voltamos para o acampamento e ficamos tomando uma cerva e conversando até tarde.


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