Levantamos bem cedo, tomamos um café da manhã muito simples e seguimos para Apuí onde paramos para abastecer. De lá seguimos viagem até o Rio Aripuanã para pegar a balsa. A balsa principal ia demorar muito a nos buscar, mas veio um sujeito numa balsa minúscula.
O Adriano ficou meio receoso de pôr a moto dele em cima daquela balsinha, mas depois resolveu ir também e foi o primeiro a embarcar (com a balsa vazia era mais fácil). Embarcamos as 3 motos e o cara nos atravessou. O trabalho foi para desembarcar as 3 motos de ré. Mas deu certo.
Seguimos em uma estrada, onde de vez em quando apareciam uns buracos grandes. O Amerizon entrou em um deles e não conseguiu sair. Como ele estava no fim da fila não conseguiu levantar a moto. Ficou lá até passar um carro e o motorista o ajudar a pôr a moto de pé.
Cada um deles já tinham caído duas vezes. Eu ainda era o único que não tinha experimentado o chão da Amazônia. Eles estavam bem cabreiros e pilotavam devagar. Eu estava pilotando agressivamente no meio daqueles buracos. Estava andando entre oitenta e noventa quilômetros por hora. Minha confiança estava em 120 por cento, mas nesse ritmo você deve ter atenção total o tempo todo.
Em momento de desatenção, resolvi mudar de faixa na estrada e não vi que entre os dois lados havia uma grande vala. Entrei nela rápido e quando tentei sair a roda da frente derrapou e a moto me jogou no chão. Bati forte. Bati a cabeça, o ombro, o cotovelo e a mão. Graças a Deus e a meus equipamentos de proteção, apenas arranhei um pouco a mão e cotovelos, devido ao contado da pele com os equipamentos de proteção. Meu ombro ficou dolorido por alguns dias, mas logo não senti mais nada. A moto, essa sim, machucou bastante. Arranhou a carenagem, arrancou o suporte do galão reserva, quebrou o suporte do manete de embreagem e entortou o protetor de motor. Mas antes ela do que eu.
Tentei levantar rápido para que os manés não vissem que eu tinha caído, mas não consegui. A moto estava muito pesada. O jeito foi esperar e aguentar a curtição.
Depois da sessão curtição, amarrei o que deu com as braçadeiras plásticas (aqui chamamos de enforca gato). Segundo meu amigo Adriano, enquanto tivermos fitas enforca gato a moto continua andando.
Seguimos viagem e eu comecei a andar no ritmo deles. Minha confiança estava lá embaixo. Estava andando mais lento que o Rubinho (o Barrichelo)
No final do dia chegamos a Humaitá, onde tivemos que novamente atravessar um rio em uma balsa. Nesse caso foi o Rio Madeira. Nos hospedamos no hotel Macedônia onde aproveitei para lavar todas as minhas roupas. Todas mesmo até a jaqueta de cordura. Estiquei um elástico no quarto, pendurei tudo, liguei o ar condicionado para secar e saímos para jantar.
Finalmente encontrei uma Heineken para beber. Até o momento só vinha bebendo a porcaria da Skin, a cerveja predileta do Amerizon e a única que encontramos no interior do Pará e Amazonas (em pequenos vilarejos). Jantamos, tomei umas 3 e voltamos para o hotel.
Decidimos levantar às cinco para sair o mais cedo possível. Naquele dia foram 508 km de estradas de chão com direito a uma compra de terreno.
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