Às quatro da manhã acordamos com uma movimentação de pessoas próximas ao acampamento e na rodovia que passava ao lado. Ficamos um bom tempo na barraca e escutando as conversas e tentando adivinhar o que estava acontecendo.
Às cinco levantamos para preparar as bagagens e ficamos sabendo que se tratava de uma blitz da polícia florestal, que pretendia pegar caçadores que estavam atuando no parque. Infelizmente não prenderam nenhum.
Terminamos de ajeitar as bagagens e o Xavier nos ofereceu um café com pão. Gente boa aqueles dois. Nos despedimos da turma, tiramos umas fotos com os caras da polícia e fomos para a estrada.
Uns 130 km depois que saímos do acampamento passei por três ciclistas. Achei interessante encontrar 3 ciclistas em um lugar ermo como aquele e como sou ciclista também, parei para conversar. Eram dois brasileiros e um americano. Pretendiam percorrer a rodovia Transamazônica de Itaituba até Humaitá, totalizando mais de 1000 km de estrada de chão. Os caras estavam só poeira, assim como a gente. Depois de conversar um pouco com eles pediram para tirar uma foto e segui viagem.
Um dia antes de escrever este relato, lendo notícias na internet, me deparei com uma reportagem em um jornal falando sobre eles. Eram dois cientistas brasileiros e um astronauta da Nasa. Pelos nomes achei a página deles no Facebook e localizei a foto que tiramos naquele lugar. Animados aqueles caras.
Depois de alguns quilômetros paramos para lanchar em um pequeno povoado, já fora do parque, que servia de base para garimpos da região. Abastecemos nosso camelback com água gelada e aproveitei para ir ao banheiro, pois comecei a ter um desarranjo intestinal que me acompanhou por vários dias.
Resolvemos aumentar o ritmo da viagem, mas a estrada estava ficando cada vez mais cheia de buracos e as poacas tinham voltado. Mas mesmo assim o ritmo estava forte. O Amerizon estava na frente, o Adriano em segundo e eu atrás. Devido ao aprendizado no incidente anterior, mantínhamos distância segura de um para o outro.
Depois de um certo tempo vi subir uma poeira e a moto do Adriano começou com aquele sintoma conhecido de quem entra rápido demais em uma poaca. Não teve jeito. Ele lutou com ela como se fosse um touro bravo, mas ela venceu e jogou ele para cima, capotou e caiu em cima dele. Um tombo sinistro. Diminuí a velocidade, parei a moto e corri para ver se ele estava bem. Graças a Deus não machucou nada. Só tomou uma pancada na coxa que chegou a rasgar sua calça de cordura. Ajudei-o a levantar a moto e seguimos.
Essa poaca terminava em uma curva e quando terminamos a curva a moto do Amerizon estava deitada no meio da estrada. Ele perdeu o controle na mesma poaca, caiu já fora dela e estava esperando a gente chegar para ajudá-lo a levantar a moto. Também não machucou nada. Bom demais.
Depois de rir bastante da situação, seguimos viagem até Jacareacanga, onde paramos para consertar a moto do Adriano que estava com problema de contato no interruptor de partida. O Amerizon, depois de muita insistência nossa, comprou uns elásticos para amarrar a sua bagagem, que até o momento estava amarrada com corda. Tinha que parar a todo momento para apertar a carga. Segundo ele, se amarrar carga com elástico funcionasse, caminhoneiro usava elástico em vez de corda. Figura esse sujeito. Curioso é que depois que começou a usar os elásticos as paradas para reaperto diminuíram.
Já havíamos andado bastante nesse dia, mas como ainda estava cedo, resolvemos chegar até o Rio Sucunduri, onde tinha uma balsa e pretendíamos acampar. Chegando lá encontramos uma pensão com quartos com ar condicionado e banheiro compartilhado. Melhor que dormir em barraca.
Tomamos um banho e fomos comer uma caldeirada amazonense. Uma delícia de peixe. Lá conhecemos um morador da região que convidamos para jantar conosco. Um cara que conhecia muito bem a região e muito bom de papo. Comemos bastante, tomamos muita cerveja barata e conversamos bastante.
A dona da barraca, a dona Flor uma pessoa muito simpática começou a conversar com o Amerizon e logo eles descobriram muitos amigos em comum na região de Confresa, no Mato Grosso.
Foi um dia de pilotagem pesada. Foram 550 km somente em estradas de chão. Voltamos para o hotel e fomos dormir.
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