4º dia – Novo Repartimento – Transamazônica

Levantamos bem cedo e voltamos à Transamazônica, que alternava longos trechos de asfalto com pequenos trechos de terra. Paramos para o café da manhã em uma simples lanchonete na beira da estrada, onde comi dois pasteis fritos e tomamos um açaí à moda paraense. Totalmente diferente do que temos em Goiás.

O Adriano gostou demais, mas eu nem tanto. Não é ruim, apenas diferente do que estamos acostumados. Passamos por Pacajá e em seguida chegamos a Usina de Belo Monte, no rio Xingu, que foi tema de muitas controvérsias há um certo tempo, devido ao grande impacto ambiental. Alí paramos para umas fotos e para apreciar a grande obra de engenharia. Ela ainda está em construção, visto que apenas parte das turbinas estavam instaladas.

Xingu

Depois de Belo Monte o asfalto se foi completamente. Aí seria terra pelos próximos 15 dias de viagem de moto.

Logo chegamos a um trecho molhado, por uma chuva recente. Pouca lama, mas um piso escorregadio. Ainda bem que foi curto. Eu estava andando muito rápido e logo deixei os colegas para trás. Sempre parava para espera-los em alguma sombra, já que o calor úmido era infernal. Tinha a impressão de estar derretendo.

Moto estragada

Em uma dessas paradas eles demoraram demais para chegar. Fiquei preocupado e resolvi voltar. Depois de voltar uns 30 km encontrei o Adriano no meio da estrada com a moto sem a roda da frente. Havia furado o pneu. O Amerizon tinha levado até um povoado próximo para consertar. Ficamos esperando.

A sede estava demais e nossa água tinha acabado. Ia passando um morador da região em uma moto. Parei e perguntei se havia ali algum local que pudesse pegar uma água. Imediatamente ele se ofereceu para buscar na casa da irmã dele que era ali perto. Trouxe uma garrafa pet de 2 litros cheia de água geladinha. A água mais gostosa que já tinha tomado (acho que foi a sede).

Depois de uma hora o Amerizon voltou com o pneu remendado. Quando estávamos terminando de montar na moto começou a chover novamente. Propus que acampássemos ali, já que tinha uma varanda de um bar que parecia estar abandonado. O Amerizon queria prosseguir de noite no barro. Depois de um certo diálogo concordamos em passar a noite ali mesmo.

Fiz um arroz com carne e o Amerizon forneceu uma farofa de carne seca. Estava tudo muito bom (ou era a fome?). Lá pelas nove horas comentei que para ficar melhor só se tivesse uma cerveja. O maluco do Amerizon pegou a moto, pilotou naquele barro escorregadio até o povoado mais próximo e comprou seis latinhas. Aí o acampamento ficou em alto nível.

Preparei minha cama em cima de uma mesa de bilhar que estava na varanda do bar, o Adriano armou sua barraca na varanda e o Amerizon improvisou uma rede com seu cobertor. Funcionou bem, mas ele passou um certo frio, já que seu cobertor tinha virado rede. Para completar, tinha umas galinhas que dormiam empoleiradas na varanda, nos fazendo companhia a noite toda. Nesse dia rodamos 480 km. Quase todo em estradas de terra.


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