O mercado nacional de motocicletas vive um período sem precedentes: vendas em alta, fabricantes criando raízes por aqui, muitos modelos à disposição dos interessados… Mas qual é a melhor moto que temos atualmente no Brasil? Apesar da complexidade da pergunta, uma outra pode ajudar na resposta: por quem e como ela será utilizada?

Em um passado recente essa segunda pergunta faria pouco sentido, haja vista a pequena quantidade de motocicletas disponíveis (quando fui iniciado no mundo das duas rodas, em meados da década de 1980, o mercado começava a se reerguer mas as opções eram limitadíssimas); hoje em dia, para escolher uma, é possível começar selecionando a categoria e depois, entre os vários modelos dela, optar pela melhor ferramenta para o serviço.
Mas o que significa a melhor ferramenta para o serviço?
Conhecer o perfil do seu cliente deveria ser a tarefa primordial de qualquer vendedor; como isso raramente acontece – comigo nunca aconteceu -, nós mesmos precisamos avaliar nossas características (altura, peso, etc) e qual uso faremos da moto: com isso, poderemos apontar uma categoria e em seguida passar à análise dos modelos que dela fazem parte.
Vale ressaltar que essa análise é racional e leva em consideração vários aspectos mensuráveis na hora de escolher uma motocicleta. Como esse tipo de compra muitas vezes é decidida pela emoção e não pela razão, pode ser que os argumentos aqui contidos não façam sentido para esse ou aquele motociclista. O ideal seria comprar utilizando a emoção e a razão em doses iguais, mas essa é uma tarefa impossível.
A título de ilustração, peguemos o meu caso: eu tenho 1,90 m, 94 kg, por influência da Honda XR250 Tornado não quero ficar limitado ao asfalto, uso a moto na cidade e na estrada, viajo acompanhado, preciso fazer seguro, não costumo pilotar em alta velocidade, não me agrada gastar muito em combustível, preciso me identificar com o visual da moto e não estou disposto a gastar uma pequena fortuna na compra.
Pintou o quadro? Bastou um parágrafo para ajudar a clarear as ideias, mas mesmo assim as opções são variadas. Comecemos do que já está nítido: a categoria apontada pelas informações seguramente é a estrada/fora de estrada (ou on/off-road ou dual purpose ou bigtrail ou etc); como muitas motos se enquadram nela, selecionei 6 (Suzuki DL650 V-Strom, Honda XL 700V Transalp, BMW F 800 GS, KTM 990 Adventure, BMW R 1200 GS Adventure e Yamaha XT1200Z Super Ténéré) que atendem à maioria dos meus pré-requisitos e coloquei lado a lado, ordenadas por motorização e com as características que mais me interessam. Veja só:
DL650 | XL 700V | F 800 GS | 990 ADV ** | R 1200 GS ADV | XT1200Z | |
Cilindrada (cc) | 645 | 680 | 798 | 999 | 1.170 | 1.199 |
Potência (cv) | 67 | 60 | 85 | 106 | 110 | 110 |
Torque (kgf/m) | 6,5 | 6,1 | 8,5 | 10,2 | 12,2 | 11,6 |
Marchas | 6 | 5 | 6 | 6 | 6 | 6 |
Tanque (l) | 22 | 17,5 | 16 | 19,5 | 33 | 23 |
Consumo médio (km/l) | 18 | 18 | 22 | 19 | 16 | 17 |
Autonomia (km) | 396 | 315 | 352 | 370 | 528 | 391 |
Assento (mm) | 820 | 841 | 850/880 | 860 | 890/910 | 845/870 |
Peso total (kg) | 217 | 218 | 207 | 230 | 256 | 261 |
Rodas (D/T) | 19/17 | 19/17 | 21/17 | 21/18 | 19/17 | 19/17 |
Roda raiada | Não | Sim | Sim | Sim | Sim | Sim |
Pneu sem câmara | Sim | Não | Não | Não | Sim | Sim |
ABS | Não | Sim | Sim | Sim | Sim | Sim |
Transmissão | Corrente | Corrente | Corrente | Corrente | Cardã | Cardã |
Curso da suspensão (D/T) (mm) | 150/159 | 177/163 | 230/215 | 210/210 | 210/220 | 190/190 |
Distância mínima do solo (mm) | 165 | 182 | 261 | 261 | 185 | 205 |
Preço sugerido (R$)* | 34.900 | 28.880 | 41.200 | 55.900 | 81.900 | 61.966 |
*Atualizado em junho/2016 pela tabela FIPE
**Não é mais comercializada no Brasil
Por mais que eu tenha tentado racionalizar a escolha dos modelos, fui traído pela emoção, claro: mais do que ótimas motocicletas, essas 6 são as que mais me agradam visualmente e com certeza algumas das que deixei de fora são excelentes; como elas possuem características técnicas semelhantes, defini quais são os pontos que me interessam mais (curso da suspensão, roda raiada, distância mínima do solo, torque) e menos (cilindrada, potência, transmissão) para atribuir pesos diferentes aos itens e assim chegar à uma conclusão: Suzuki DL650 V-Strom, Honda XL 700V Transalp e BMW F 800 GS estão no páreo final.
Agora vem a parte complicada: eleger uma única companheira de estradas. Quem será a escolhida? Façam suas apostas.
Para saber qual foi a moto escolhida, tecle aqui.
Piréx (Cássio Pires) é autor do excelente blog Piréx – Diário de Bordo, …”um conjunto de anotações sobre viagens, festas, motos e tudo mais que orbita o universo motociclístico”.
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