O sol nascia preguiçoso em San Pedro de Atacama enquanto nos preparávamos para mais um dia na estrada. O café da manhã, embora gostoso, demorou a ser servido, e isso atrasou nossa partida. Com as motos carregadas e o céu limpo, finalmente deixamos o hotel. A temperatura era agradável, 17ºC, mas já sabíamos que o deserto tinha suas próprias surpresas.
Nossa primeira parada foi um posto de combustível. Carros em fila nos fizeram esperar 16 minutos, o que parecia uma eternidade para quem ansiava pela estrada. Às 9h, finalmente estávamos na Ruta 23, mergulhando na imensidão do Deserto do Atacama.
A paisagem era estonteante em sua esterilidade pontilhada apenas por capins secos. Montanhas de areia e pedras se estendiam até onde a vista alcançava, sem sinal de vida. Apesar do sol brilhante, o vento frio fez a temperatura cair para 15ºC.
Os motociclistas que cruzavam nosso caminho nos cumprimentavam com o gesto familiar – o braço esquerdo estendido na horizontal e dois dedos abertos. Esse simples ato de camaradagem aquecia nossos corações no frio do deserto.
Gigantescas plantas de energia fotovoltaica e eólica margeavam a estrada, com geradores eólicos colossais, altos como prédios de 50 andares.
O tráfego era escasso até chegarmos a Calama, onde uma conversão errada nos fez perder um tempo precioso. Sem postos de combustível à vista, tivemos que entrar na cidade para abastecer. A partir de Calama, pegamos a lendária Ruta 5, a Pan-americana, que se estende desde o Alasca até o Chile, atravessando uma miríade de ecossistemas e paisagens.
Em Sierra Gorda, Alice pediu uma parada para banheiro. Encontramos um banheiro público limpo e organizado próximo a uma praça.
O tráfego aumentava, especialmente de caminhões, muitos transportando enormes veículos de mineração e partes de geradores eólicos.
A primeira praça de pedágio em dias nos lembrou que estávamos de volta à civilização, e a tarifa foi paga sem queixas.
A temperatura subiu, ultrapassando os 30ºC. No posto de combustível em La Negra, encontramos um casal de brasileiros em uma Harley-Davidson, Tatiane e Everson, de Campinas, SP. A coincidência nos fez sorrir – tínhamos um amigo motociclista em comum, o Marcelo, que recentemente havia comentado sobre eles. Paramos em uma lanchonete para um lanche rápido e uma conversa agradável antes de seguir viagem.
Nossa próxima parada foi a emblemática escultura La Mano del Desierto, uma gigantesca mão emergindo da areia, ponto obrigatório para os motociclistas que atravessam o Atacama para fotografias.
Cidade | Litros | Valor em moeda local | Valor – R$ | Distância | km / l | R$ / l |
Calama | 3,32 | 5042 | 28,71 | 108,5 | 32,681 | 8,65 |
Antofagasta | 8,285 | 11955 | 68,12 | 217,1 | 26,204 | 8,22 |
Taltal | 12,787 | 17787 | 102,29 | 281,4 | 22,007 | 8,00 |
Logo adiante, nos vimos presos atrás de dois enormes caminhões de mineração que ocupavam toda a rodovia. Sem possibilidade de ultrapassagem, a lentidão nos custou quase uma hora. Decidimos arriscar uma ultrapassagem pelo acostamento. Embora fosse uma manobra arriscada, nos devolveu a liberdade da velocidade.
Já passava das 18h quando percebemos que ainda estávamos longe da cidade onde planejamos pernoitar. A temperatura despencava e a escuridão se aproximava. Decidimos seguir para Taltal, onde encontramos um hotel para descansar.
Mais tarde, jantamos em um restaurante local. O prato de carne, legumes e batata frita acompanhado de uma cerveja foi a recompensa perfeita para um dia desafiador na estrada. Amanhã, uma nova aventura nos espera na vastidão do Deserto do Atacama.
O vídeo abaixo contém imagens deste dia.
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