Partimos de Taltal logo após as 8h30, o sol tímido disputando espaço com as nuvens no céu, e a temperatura agradável de 20ºC. A cidade, espremida entre o deserto e o mar, escondia o oceano da nossa vista enquanto nos aventurávamos pela Ruta 1 do Chile. Poucos quilômetros adiante, o sol tomou conta, iluminando o alto dos morros ao redor da estrada.
A estrada estava quase deserta, o asfalto impecável e as retas intermináveis do Deserto do Atacama nos permitiam acelerar sem preocupações e vencer a distância rapidamente. Sem vegetação à vista, o céu azul e o sol transformavam as dunas em um espetáculo dourado. A temperatura subiu ligeiramente para 22ºC.
Por volta das 9h15, uma névoa densa surgiu no horizonte, cobrindo tudo à frente. No começo, pensei que fosse uma tempestade de areia, mas ao nos aproximarmos, percebi que era apenas uma névoa baixa sobre o deserto. Aliviado, reduzimos a velocidade e seguimos com cautela. A travessia foi tranquila. A névoa se dissipou após alguns quilômetros, revelando um céu claro e um sol intenso. Estávamos a cerca de 800 metros de altitude.
Percorremos pouco mais de 10 km e entramos na Rodovia Pan-americana, onde encontramos a névoa novamente, desta vez mais intensa. A visibilidade caiu para menos de 50 metros. Os veículos no sentido contrário nos deixavam apreensivos, pois não sabíamos se eles podiam nos ver. O para-brisas da moto e as viseiras dos capacetes ficaram completamente molhados. A temperatura despencou para 13ºC, trazendo um frio inesperado. Superamos a névoa e o céu azul voltou a aparecer, mas logo outra formação nebulosa nos aguardava. Passamos por ela sem problemas.
O céu permaneceu nublado, com temperaturas variando abaixo dos 20ºC. Com o tempo fechado, o deserto parecia perder um pouco de sua magia, menos vibrante e colorido.
A estrada alternava entre trechos duplicados e simples, e tivemos que pagar pedágio quatro vezes. Chegamos a Chañaral, uma cidade costeira, onde paramos para abastecer. O banheiro no posto de combustível era um pesadelo, sujo e fedorento, e a mulher responsável desapareceu antes que pudéssemos reclamar.
Agora, a estrada corria paralela ao mar, cortando montanhas de pedra que avançavam sobre o mar, ondas espatifando nas rochas. Pequenos barcos de pesca e grandes navios cargueiros pontuavam a paisagem. Passamos por vilarejos costeiros de casas de madeira, enquanto, do outro lado, o deserto formado por montanhas de areia sem vegetação marcava presença.
Nos afastamos do litoral depois de Caldera e voltamos ao deserto puro, com dunas enormes de ambos os lados. O sol forte elevou a temperatura para 25ºC, e eu comecei a sentir um sono pesado. Paramos no acostamento para beber água, conversar e afastar a sonolência.
Perto de Copiapó, as montanhas com topos escuros e bases arenosas contrastavam com o céu azul. Sem postos de gasolina à vista, tivemos que entrar na cidade para abastecer. O trânsito era pesado. Estávamos parados para olhar o GPS e traçar o rumo da estrada e um descuido fez a moto tombar, mas sem danos.
Cidade | Litros | Valor em moeda local | Valor – R$ | Distância | km / l | R$ / l |
Chañaral | 7,072 | 10194 | 58,63 | 142,2 | 20,107 | 8,29 |
Copiapó | 7,382 | 10254 | 59,92 | 167,7 | 22,717 | 8,12 |
Vallenar | 6,915 | 9667 | 55,59 | 138,8 | 20,072 | 8,04 |
La Serena | 9,488 | 13486 | 77,58 | 199,1 | 20,984 | 8,18 |
Abastecemos e seguimos até Vallenar, onde também paramos para abastecer e lanchar. Encontramos um gaúcho brasileiro viajando com uma linda Harley-Davidson Sportster 883 carburada. Conversamos um pouco e nos despedimos.
Por volta das 16h30, estávamos a cerca de 1300 metros de altitude, com céu azul e temperatura de 32ºC. Descemos a sinuosa Cuesta Pajonales, uma estrada cheia de curvas. A aproximação do litoral pela Cuesta Buenos Aires trouxe de volta as nuvens e a temperatura caiu drasticamente para 16ºC.
A vista do mar indicava que estávamos próximos do nosso destino. O deserto reencontrava o Oceano Pacífico.
Chegamos a La Serena por volta das 18h, exaustos, e nos hospedamos em um hotel com aconchegantes chalés, prontos para descansar e continuar a viagem no dia seguinte. Antes de dormir, fomos a um restaurante temático náutico, saboreamos pratos marinhos, apreciamos apresentações artísticas e brindamos com um bom vinho chileno, prontos para mais um dia de aventura.
O vídeo abaixo contém imagens que registramos neste dia de viagem:
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