Caindo no off roça

em

Coloca calça de cordura, botas, jaqueta com proteções, capacete, luvas. O mesmo ritual em todas as viagens de moto. Tira e põe, tira e põe, e um dia eles te protegem. Não machuquei nada.

Oliveiro apontou para Santana dos Montes.

Antes de sair para o passeio, queria encontrar um alfaiate que pudesse recolocar o carrapicho da manga da jaqueta. Ele havia soltado em uma lavagem de máquina nada recomendada pelo fabricante, que foi necessário devido o estado de asquerosidade e imundície do decorrer da viagem que estava fazendo naquele momento. Saí de casa mais tarde que a turma, mas ainda encontrei com o pessoal saindo do posto. Alexandre tinha que resolver umas coisas do trabalho e também teria que sair mais tarde, então nos encontramos no pedágio de Moeda. Iríamos juntos e assim encontraríamos o pessoal no destino.

Saímos do pedágio e pé na estrada. Passamos por Congonhas e Conselheiro Lafaiete e logo depois meu GPS guiou para Buarque de Macedo. Cinco minutos se passaram e chegamos ao fim do asfalto. Meu GPS tem andado um pouco “off roça” ultimamente, como diz o Felipe da Moto Grife. Acho que o Marcelo Freire tem certa razão, ficou brincando comigo que voltei meio desequilibrado desde a viagem ao Sul.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Viajar de motocicleta é uma coisa que a gente se apaixona. Como diz o Hermes, meu guru, tem um mosquitinho que nos dá uma picada e que não deixa a gente em paz depois, querendo fazer mais e mais…

Felipe me apresentou umas estradas de terra em Urubici e me provocou um desejo diferente. Deve ter sido um mosquitinho do off road.

Andar por estradas não pavimentadas é bem diferente do que em asfalto. Não que seja melhor, mas é distinto. No asfalto são as curvas que adoro, na terra tem outros elementos diferentes que ainda não consegui caracterizar.

Quando estava saindo de Urubici, enviei uma mensagem para Hermes, dizendo que esse ano queria experimentar um pouco mais de terra, que não imaginava o quanto era bom. Ele respondeu: Então volte daí até em casa em estradas de terra. Bom, acho que não dava tempo para sair de Santa Catarina e chegar em casa só por terra, mas um pouquinho iria colocar sim. Já no dia seguinte fui para Apiaí, partindo de Morretes, e peguei uns 100km de terra. Consegui até visitar o Parque PETAR. Tem umas cavernas incríveis por lá. Recomendo a caverna Santana!

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Enfim, voltando a Santana, mas agora Santana dos Montes. Estávamos no início da estrada de terra e Alexandre estava achando que era o caminho errado. Já na minha cabeça eu achava que estávamos mais do que certos! Brincadeiras a parte, de certo Oliveiro não passaria por ali. Estava estreando uma moto zero, linda, Triple Black e também havia motos como a do Vitorino, uma Harley, e a do Junior, uma Bandit, que não conseguiriam seguir por aquela estrada. Alexandre topou e lá fomos nós! A estrada começou bem, chão batido, com um visual fenomenal. Muitos pássaros, canários e, principalmente, muitos sítios e riachos. Atravessamos três córregos.

Caindo no off roça

Eram aproximadamente 15 km de terra, os últimos 6 foram razoavelmente mais difíceis, mas ainda lindos. Até com queda d’água topamos no caminho. Não passava uma viva alma, nenhum carro, nenhuma moto… Nada. Encontramos somente um homem a cavalo que nos deu confiança que estávamos na direção certa. Daquele trecho em diante a estrada já era bem bruta. Uma terra fofa e bem macia. Areia também. A estrada só tinha dois feixes que provavelmente eram de algum carro de boi que passou por ali. Passamos por uma subida bem difícil (pra mim), perdi a traseira e quase que dei de frente com um barranco. Subimos, subimos e tudo que sobe, desce. Na descida, opa a frente saiu! Essa foi por pouco.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Alexandre parou um pouco atrás. Comecei a descer novamente. A quase queda que tive provavelmente me fez cometer um dos maiores erros, a frente saia como quiabo. Será que deveria ter reduzido calibragem? Eu tenho quase toda a certeza que belisquei o freio traseiro, o dianteiro não foi, mas apertei o traseiro para tirar um pouco da velocidade. Não deu, entrei numa terra fofa com roda dianteira e ploft no chão! Puts! Que merda, caí! Lembro que levantei e o Alexandre fez que iria descer da moto pra me ajudar e gritei que não! Não! De certo, se ele descesse onde caí, a moto dele tombaria também.

Alexandre, por sua vez desceu o morro com maestria. Ele é amante da cavalgada. Veio da terra e vive da terra, reconheceu os elementos com sabedoria e calma e mostrou domínio. E olha que ele montava sobre um cavalo muito maior.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

No final, eu acho que pode ter sido o pneu. Ou não. Pode ter sido somente prática ou a falta dela. Quebrei a manete do freio (dianteiro), e foi exatamente onde devia quebrar. A engenharia é fantástica. Ela quebra na ponta para ainda ter manete suficiente para voltar pra casa. Quebrei também o pisca do mesmo lado e a moto teve alguns pequenos arranhões.

Infelizmente, alguns prejuízos. Não dá pra ganhar todo dia. Como se diz no gugacast, a experiência entra pelo c*.

Não machuquei nada! Apenas uma pequena escoriação no ombro, que já já estará melhor. Por fim, segui viagem. Tivemos alguns transtornos, obstáculos e sufocos, mas o saldo foi positivo. Me fez sentir mais vivo.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *