Motoqueiro, eu? Não! Nada disso

No Brasil o motoclismo começou como prática meramente esportiva, voltada unicamente para passeios, jornadas e competições, porém as motocicletas eram todas importadas por não haver fabricação por aqui.

Devido a existência dessa modalidade surgiu naquela ocasião o Moto Clube de Campos-RJ (o mais antigo Moto Clube do Brasil), que tinha por finalidade promover encontros e reuniões sociais com esses motociclistas amadores.

Posteriormente outros Clubes foram surgindo não só no Rio de Janeiro, como principalmente em São Paulo e por todo Brasil.

Não eram muitos os aficcionados, mas se compararmos com o que existe agora, aquilo foi apenas uma semente da atual realidade, haja vista a situação demográfica da época com a de hoje.

Aconteceu, porém, que nos anos 70 com o advento das primeiras montadoras de motocicletas no Brasil, o que era somente esporte passou também para o ramo profissional, o qual foi iniciado com a criação dos motoboys no fim dos anos 70. Fato esse que mudou completamente a exclusiva característica do amadorismo antes existente, propiciando a criação de outras atividades comerciais, tais como moto táxi e moto frete.

Alguns anos depois e em razão do crescimento do motociclismo, tanto amador quanto profissional, jornalistas criaram o termo motoqueiro como uma forma carinhosa para definir a classe dos motociclistas nas suas reportagens. Mas com o passar do tempo, infelizmente e devido às muitas arbitrariedades praticadas no trânsito por maus motociclistas, alguns anos depois o termo antes carinhoso passou a ser pejorativo em represália a esses procedimentos.

Termo esse que devido sua negatividade é repudiado pelos verdadeiros motociclistas que zelam pelo bom conceito da classe. Sejam eles amadores, profissionais, veteranos, experientes ou mesmo novatos.

Embora ainda não criada e nem regulamentada a atividade profissional, na época motoboys já a exerciam fazendo todo o tipo de entregas em qualquer dia, hora ou lugar, tivesse sol, vento ou chuva.

Acompanhando essa atividade comercial, posteriormente houve a criação do mototáxi pelo fato de descobrirem nisso um novo filão, tendo em vista que pessoas atrasadas para um compromisso qualquer, deles se valiam porque, sendo a moto um veículo ágil no tráfego lento e pesado das grandes cidades, tinham-na como último recurso para chegarem a tempo nos seus compromissos.

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Principalmente em se tratanto de viagem com hora marcada. Havendo inclusive o caso de outras pessoas também recorrerem aos mototáxis para poderem chegar em suas casas, por morarem em morros ou locais desprovidos de qualquer condução coletiva.

Finalmente, então, em 2010 foi regulamentada essa atividade profissional, mas para obtenção da carteira de habilitação que permitisse exercer a atividade, foi criado curso obrigatório e necessária aprovação no término desse curso. O que foi muito bom.

Fosse para atividade de motoboy, moto táxi ou moto frete.

Mas com o crescimento desordenado desses trabalhadores incluindo nisso os amadores também, devido à falta de uma orientação essencialmente psicológica responsável, o trânsito vem caminhando para o caos. Haja vista que além dos acidentes, temos casos de motoristas e motociclistas que constantemente vêm se desentendendo no trânsito. Sem falar na deseducação por desobediência às regras de trânsito.

E foi, por tomar conhecimento desses e de outros fatos, que me propus fazer matéria com o título “Fator Psicológico”, o qual proponho seja ele ministrado nas Moto escolas. E também às crianças nas escolas a partir do ensino fundamental, por considerar importante que desde cedo crianças tenham noções de trânsito e Fatores Emocionais nele envolvidos.

Será uma semente plantada em tenra idade e que frutificará no futuro.

Oportunamente até lembro haver casos de profissionais que nunca se envolveram em sérios acidentes com motocicletas e nem sofreram ferimentos que os afastassem da atividade. Atividade que exerceram por muitos e muitos anos, montados em motos, e diuturnamente. Graças a isso prosperaram e hoje ao invés de empregados, são empregadores.

Então, se todos forem cuidadosos, não conflitarem com outrem e obedecerem regras, certamente o trânsito poderá tornar-se “um ceu de Brigadeiro”, muito embora estejamos todos em terra.

Com isso, casos de acidentes diminuirão sensivelmente, o trânsito fluirá com mais facilidade e o resultado será um maior ganho e proveito no trabalho e também no lazer.

Seja para o motociclista amador, seja para o profissional.

Então, o que é melhor?

Ser bom motociclista para prosperar, ter amigos e se divertir?

Ou ser motoqueiro?

*João Cruz é autor do livro Motociclistas Invencíveis.


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