Antes da vistoria anual, atualmente feita em obediência ao estabelecido pelas normas de trânsito quanto ao excesso de ruído nas descargas dos veículos, havia um artifício que alguns poucos motociclistas adotavam (eu adotei) e acho interessante contar:
No cano de descarga da minha motocicleta AJS 500cc, 1 cilindro, adaptei dispositivo feito por hábil lanterneiro (funileiro para paulistas), a fim de aumentar e/ou abafar o ronco da descarga.
Nome: “Borboleta”.
Nas cidades era hábito conservar o dispositivo fechado a fim de não perturbar o trânsito e também meus ouvidos, tendo em vista que já bastava o irritante anda e pára do trânsito nos vários sinais.
Mas nas estradas eu o conservava aberto para que o ruído funcionasse como um “alerta” aos motoristas para terem a impressão que uma carreta estava chegando por ali. Então, quando estava próximo a qualquer veículo que poderia apresentar algum perigo na estrada, pelo barulho da descarga o motorista já ia sendo avisado que algo grande ia passar por ele. Razão suficiente para que prestasse bastante atenção ao “bólido” que se aproximava e por isso tivesse muito cuidado.
O ruído era muito forte por dois motivos:
- A moto tinha apenas um cilindro;
- O seu caneco (pistão) era de grande diâmetro, inclusive a câmara. Tanto que, para quicá-la era necessário puxar um pouco a manete do descompressor porque, caso contrário, o quique não descia devido à grande resistência do pistão dentro do cilindro.
A “engenharia” aplicada no cano de descarga consistia no seguinte:
Fazia-se um cano terminal na forma de um funil, com a parte mais larga no final. Dentro dele colocava-se uma fina chapa metálica redonda com vários furos e nela era encaixado um eixo que atravessava o cano (o eixo era para poder girar a chapa), o qual era comandado por cima. A parte superior desse eixo acabava na forma de um “T” para que o motociclista apenas se inclinando pudesse pegar e girá-lo, abrindo ou fechando a chapa metálica do interior do funil. Na parte do “T”, mas pouco abaixo dele, havia pequeno pino (soldado no eixo), que era encaixado num dispositivo com 4 reentrâncias (soldado na parte superior do funil), controlando dessa forma o ruído da descarga ao abrir ou fechar a chapa dentro do cano. No final do eixo e embaixo do funil, era preso nele: arruela, mola, outra arruela, porca, contraporca, todos de pequenas dimensões.
Simples, não?
Mas como existe a “lei da compensação” e também que “perfeição não existe”, em razão do ruído elevado havia um ou outro transtorno nas viagens que, dependendo do ponto de vista alguns eram até hilários.
E um deles está narrado na história: O Touro Ciumento.
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