Saindo de Recife

Passaram novamente por Olinda e a seguir pegaram a estrada para Paulista (PE), asfaltada, seguindo por outra estrada até Goiana (PE), que tem trechos com asfalto de um só lado da pista e o resto é de terra molhada porque às vezes chove e às vezes não.

Continuando viagem, passaram por Mata Redonda (PE), entraram na Paraíba por Cruz das Armas, chegando finalmente em João Pessoa (PB) às 11h30.

Passando casualmente em frente ao Jornal A União, pararam e foram atendidos por repórteres que os entrevistaram.

Por ser hora do almoço e, terminada a entrevista, aproveitaram para almoçar na cidade. Após isso partiram em direção a Campina Grande, a fim de cumprir logo a promessa feita a Gabriela e Mariazinha.

{loadmoduleid 854}

Percorreram uma estrada que ora tinha um lado asfaltado, ora outro. Isso acontecia porque estavam fazendo obras de pavimentação. Havia também muito chão de terra e muita subida. O tempo até que estava bom por ali e, após subirem bastante, o piso passou a ser só asfalto nos dois lados da estrada.

Num certo momento, não sabendo o que dera na cabeça (oca) do Fernando, assim como quem não quer nada, grita ele lá de trás:

“Me deixa pilotar um pouco? Acho que aqui não tem problema e você poderá descansar sua perna!”

Aí, o piloto pensou:

“Ele não tem CNH e nem sabe pilotar direito.” Mas em seguida repensou:

“Convenhamos, o dia está com um bonito sol; estamos indo estrada acima, o que dá mais aderência à moto; tem pouquíssimo trânsito; estarei na garupa para qualquer emergência, caso haja; e poderei descansar a perna machucada.”

Diante dessa análise, o piloto achou que poderia deixá-lo pilotar a moto.

Encerrando seu pensamento ele parou no acostamento e, conservando a moto ligad,a passou para a garupa. Fernando passou para a frente, pegou a manete da embreagem e apertou; a seguir, empunhando o acelerador, fez aquelas características aceleradas habituais (vrum, vrum, vrum); com o pé direito dá um toque na haste das mudanças para cima, engatando a primeira marcha (a 1ª era um toque para cima e as outras três para baixo). Naquele tempo as motos europeias tinham alavanca das marchas no lado direito e pedal do freio no lado esquerdo. Os japoneses trocaram as posições dos pedais e também inverteram as trocas de marchas.

Até ai ele estava indo bem. Em seguida foi soltando a manete da embreagem bem devagar. A moto deu uns pulinhos e lá foram os dois; na segunda e terceira marchas, o piloto percebeu que as passara certinho, nos seus tempos corretos, encaixando finalmente a quarta e última marcha, liberando assim totalmente o motor.

Continuando pela excelente estrada e acalentados naquele momento por um sol de morna e gostosa temperatura, seguiram normalmente pelo suave aclive da estrada, com quase nenhum trânsito, havendo pela frente apenas uma longa reta.

Até aí continuava tudo bem, porém viu que lá em cima, no final da reta, havia uma curva para a direita, mas o piloto ficou tranquilo pelo fato dele estar ali atrás para atuar em caso de emergência.

Admirando a bonita paisagem, ele reparou ter no seu lado esquerdo um maravilhoso precipício que permitia avistar a estrada por onde passaram e do lado direito uma enorme barreira.

{loadmoduleid 854}

Aproximando-se da curva e, mesmo estando na garupa, como de hábito ou instintivamente, o piloto começou a fazer a tomada de curva, inclinando o corpo para a direita, a fim de ajudar o “novo piloto”, que no momento era o denodado garupa. Nisso, reparando que o “novo piloto” não estava fazendo a tomada de curva pelo fato de não ter-se inclinado e nem movido o guidão, lá na garupa o piloto inclinou-se ainda mais, mas mesmo assim, teimosamente, o “novo piloto” continuava seguindo em frente (isso acontecendo em segundos).

Vendo que já iam sair reto da estrada e cair no maravilhoso precipício, lá da garupa onde estava o piloto jogou todo o corpo para a direita não se importando se iriam ao chão (melhor cair no asfalto do que ir despenhadeiro abaixo). E eis, que por sorte deles:

1) Não vinha descendo nenhum veículo. Se viesse os atropelaria por terem ido para a contramão de direção;

2) A moto não caiu no asfalto porque, mesmo desequilibrada para a direita, ao derrapar e bater com as rodas dianteira e traseira no meio-fio do lado contrário ela voltou a equilibrar-se devido esse impacto. Com isso, embora na contra mão, retornaram à posição correta, continuando a subida.

Após o susto e por ter ficado na mesma sequência da subida, o “novo piloto” continuou acelerando e seguindo em frente como se nada tivesse acontecido. Nisso, imediatamente o piloto gritou: “Para! Para!” Demorou um pouco, mas acabou parando. E por incrível que pareça o “novo piloto” virou para trás e perguntou: “Pediu para parar, por quê?” Incrédulo, o piloto olhou para ele e disse: “Você não sabe por quê? Não viu a curva, nem o precipício?” Fernando respondeu que não. Mas como você não viu uma curva tão acentuada? Disse-lhe o piloto. Por fim Fernando respondeu ter sido por causa dos óculos (Ray-Ban), que por deixar entrar ventinho incomodava e prejudicava sua visão.

Trocando novamente de lugar, voltou Fernando para a garupa e em seguida foram embora sem mais comentários.

Passaram pelo Posto da Polícia Rodoviária de Café do Vento onde o policial escreveu um comentário sobre a passagem deles por lá.

Não demorou muito chegaram a Campina Grande.

Cidade grande, bonita, organizada, bem atualizada, dotada de muito comércio e indústrias, o que os fez achá-la mais moderna que João Pessoa, capital do estado, que se conservava clássica.

Quando entraram na cidade eram 15h30 do dia 11 de março.

Por estar o piloto sentindo-se mal, com dores na perna e sensação de febre, chegou muito abatido a Campina Grande.

Logo na entrada, viram motociclistas que os aplaudiram pela jornada e os convidaram para irem até o Moto Clube local.

Instalados e após terem tomado banho, O piloto deixou por conta do Fernando conseguir um local para guardar a moto. Ele desceu e foi providenciar onde guardá-la.

Como devem ter notado, Fernando era uma pessoa imprevisível. Amigo, mas apesar de adulto e casado, parecia criança.

{loadmoduleid 854}

Após ter descido, por várias vezes o piloto o escutou quicando a moto, porém ela pegava e imediatamente morria. Aborrecido com aquilo, acabou tornando a vestir-se e desceu. Estando ainda dentro do hotel, escutou a moto pegar e sair. Já que havia descido, resolveu ficar algum tempo na porta do hotel esperando o Fernando voltar.

Vendo um motociclista local passar vagarosamente, resolve perguntar-lhe se tinha visto o seu amigo que viera na garupa e este respondeu ter visto e que ele tinha ido para o Campinense Moto Clube junto com outros motociclistas. Perguntando, no mesmo momento, se o piloto queria ir também, já que iriam homenagear a chegada deles a Campina Grande. Esquecendo a dor, a febre e o que mais pudesse estar incomodando, subiu na garupa da moto do informante e foram para lá.

Ao chegar foi recebido com animação e abraços e logo ao entrar viu o Fernando comemorando com eles. Nem chegou a sentar e lhe disseram que iriam levá-los para jantar. Saíram e se dirigiram a um Restaurante próximo dali. Percebendo o mal estar em razão da perna que parecia infeccionar devido à febre que o piloto sentia, terminada a refeição fizeram questão de levá-lo até um Posto de Enfermagem para medicarem o ferimento, o que foi feito. O enfermeiro que cuidou do curativo, tomando conhecimento do Diário, fez questão de colocar mensagem sobre a visita deles ao Posto de Enfermagem.

Dali foram levados a uma loja próxima ao hotel, na Av. Marechal Floriano, a qual abriram e guardaram a moto. A seguir os dois foram para o hotel onde passaram a noite.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *