Jeremoabo (BA)

Logo cedo procuraram uma oficina para ajeitar o paralama traseiro mais uma vez. Aproveitaram e trocaram também o óleo do cárter e verificaram a calibragem dos pneus.

Eram 8h30 e naquele dia iriam pegar uma estrada aparentemente boa e o que é melhor, não estava chovendo. Lembrando da ida, que foi praticamente só embaixo de sol, o pó do barro seco ficava exatamente como este que estava agora na beira da estrada.

Não andaram muito e viram uma aranha caranguejeira atravessando calmamente a estrada. Pararam e saltaram para ver aquela bem de perto (antes dela já tinham visto outras, mas não paravam). Realmente, pode ser perigosa, porém é uma espécie muito bonita e parecendo ter corpo macio devido seus pelos, que dava até vontade de pegá-la, pensou o piloto. Enorme e peluda, possui cores marrom e laranja, medindo cerca de 20 cm de diâmetro. E como corre. Quando ela ia na direção deles, tinham de correr. Mas parece que ela corre assim apenas para assustar, porque na realidade ela é quem deveria estar mais assustada que eles. Tanto que, quando chegavam perto, ela levantava as patas da frente como se estivesse orando ao céu, ou exclamando: “Pô, como esses caras são chatos!!!” Então, após terem incomodado um pouco a aranha e visto como é bonita, continuaram viagem.

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Sendo a vida cheia de surpresas, para variar, tiveram uma agradável. É que ao passarem pela cidade de Araci (BA), encontraram o motorista do ônibus, que na ida socorreram em Mirim (PE) levando-o para comprar uma câmara de ar em um armazém.

Quando os viu fez a maior festa, apresentando-os a várias pessoas e falando sobre o favor que lhe haviam prestado. Dizia que eles tinham sido muito solícitos e compreensivos na ocasião e continuou por aí afora. Mas por estarem com pressa, agradeceram educadamente os elogios, despediram-se, também dos seus amigos, e partiram para ver se ainda poderiam alcançar com o céu ainda claro a cidade de Serrinha, que fica praticamente a meio caminho de Feira de Santana.

Por isso, vejam vocês, como esse mundo é realmente muito pequeno. Sem mais nem menos, encontraram esse motorista do ônibus e além desse caso teve também o do Argentino “mui amigo” que viram em Salvador e muitos dias depois o encontraram em Recife, em pleno carnaval, no meio de milhares de pessoas sambando.

Infelizmente não conseguiram chegar a Serrinha porque a estrada não permitia andar com mais rapidez. E por já estar escurecendo e quase não havendo luar, pararam para dormir num povoado cujo pessoal do lugar dizia chamar Pedra.

Motociclistas Invencíveis

Semanalmente vamos publicar, aqui no Viagem de Moto, capítulos do livro Motociclistas Invencíveis, romance extraído de uma viagem com moto ocorrida em 1960.

Conduzindo na garupa da moto um amigo, piloto sai do Rio de Janeiro por estradas de terra a fim de encontrar sua linda namorada, que saindo de Itabuna (BA) para morar no Rio de Janeiro, de repente, da noite para o dia, desaparece sem deixar rastros. Chegando a Itabuna, o piloto descobre que ela fugia de assassinos (contratados para matá-la), pelo fato dela ser testemunha do assassinato de seu pai, ex-cacaueiro na região.

Por acontecerem muitas aventuras e novos amores pelo caminho, foram até a Paraíba.

Enfrentaram sol, poeira, chuva e lama. Ajudaram, foram ajudados, acontecendo inclusive que, por levarem uma garota (estava num leito de morte) entre eles dois até ao hospital, salvaram sua vida. Em si, a história mostra como eram os motociclistas Nos Deliciosos Anos Dourados.


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