9º dia – Rio Gallegos – Ushuaia

Saímos do hotel às 9 horas com um frio já nos congelando.

Paramos na Aduana. Moacyr, Odileno e Oliveira saíram na frente e foram adiantar a entrada deles no Chile. Muita burocracia e muitos documentos. Os policiais nos disseram que não poderíamos entrar no Chile com gasolina nos galões como estávamos fazendo,
não era permitido por ser uma prática considerada contrabando de combustível, já que entre Chile e Argentina existe uma diferença de preço muito grande. Colocamos o que pudemos nas nossas motos, sobrando ainda 15 litros. Os guardas ficaram procurando um galão para deixarmos o combustível, eu e Kadim ficamos 35 minutos aguardando o bendito recipiente. Os três partiram sem nós.

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Eu e Kadim, depois de darmos a gasolina para os policiais, tiramos fotos na fronteira do Chile com a Argentina. Depois seguimos o mais forte possível, pois pegaríamos uma outra balsa no Estreito de Magalhães e os três já estavam adiantados mais de 30 minutos na nossa frente.

Eu e Kadim, seguindo nossos instintos, ao vermos uma pequena placa indicado Tierra Del Fuego e outras cidades, entramos à esquerda e depois de 28 km encontramos a Balsa. Procuramos saber se os outros três amigos já tinham embarcado, mas não obtivemos resposta. Começou a chover e esfriar mais ainda. Nisso um caminhão de gasolina entrou sozinho na balsa e tivemos que aguardar, porque por questão de segurança não podem entrar outros veículos com um caminhão tanque na balsa.

Eu e Kadim fomos para dentro do restaurante nos aquecer e comer alguma coisa, pois já eram 2h34min da tarde e a fome já tomava conta da gente. Nisso, enquanto comíamos, chegaram os três amigos que haviam passado pela placa sem perceber e andaram 80 km errado. Embarcamos todos para atravessar o Estreito de Magalhães, mas antes tiramos fotos num navio de nome Patagônia.

Andamos o que pudemos até chegarmos à parte mais temida por mim e acredito por todos. 130 Km de estradas com pedras lisas e soltas. O famoso rípio. Moacyr, Odileno e Oliveira disparam na frente, Kadim foi meu escudeiro psicológico e parceiro acima de tudo, pois eu estava em desvantagem com minha moto não apropriada para aquele terreno e tive que rezar e pedir muito a Deus para não me acidentar e conseguir passar por aquele caminho tortuoso e inesquecível.

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Andamos na faixa de 80 a 100 por hora dependendo de como estavam os rastros de solo meio batido e ora solto. Chegamos novamente na Argentina, na Província da Tierra Del Fuego, mais documentos, mais tudo de novo.

Fiquei emocionado ao ver onde estava naquele momento, ou seja, na Província de Tierra Del Fuego. Uma lenda que escutara há muitos anos e que estava nela naquele momento, depois de passar por caminhos tortuosos de ripio.

Abastecemos as motos e seguimos para nosso objetivo principal. O asfalto nos deu boas vindas novamente. Moacyr disparou sozinho na nossa frente. No caminho, Kadin parou para fazer um pequeno reparo num parafuso que havia se soltado da capa da corrente da V-Strom. Paramos também eu, Oliveira e Odileno e, depois de resolvido o problema, saímos.

Kadin e eu na frente. Andamos uns 8 km e percebemos que Odileno e Oliveira não estavam nos acompanhando. Paramos e ficamos intrigados com aquela situação. Tínhamos acabado de sair nós quatro. Resolvemos retornar e procurar pelos dois. Após procurar por tudo, decidimos entrar num posto de gasolina e achamos os dois parados. O pneu do Odileno estava furado, ou tinha perdido pressão e os dois estavam calibrando. Eu e Kadin falamos que eles tinham que ter nos avisado antes de retornar.

Seguimos viagem depois de tudo resolvido. Ushuaia estava bem perto.

Eu e Kadin resolvemos tirar umas fotos com o sol já quase apagado no poente. Apesar de ser 10h20min da noite, ainda havia luz.

Kadin entrou precipício adentro com sua V.Strom parecendo um verdadeiro trator até achar uma posição legal para eu tirar uma foto dele.

Continuamos viagem. Anoitecia… Eu nem mais sentia as mãos, que congelaram e a estrada molhada com curvas acentuadas pareciam não acabar.

Kadin pediu para eu ir mais depressa, pois estava anoitecendo. Falei que não faria mais diferença correr agora, pois iríamos chegar com a noite já pronta por mais que corrêssemos, e que seria melhor cuidarmos da nossa segurança e seguirmos com cuidado para podermos chegar.

Às 11h10min da noite chegamos a Ushuaia. Todos comemoraram muito. Filmei a chegada com a gente gritando e se abraçando. Ficamos uns minutos ali e depois seguimos em direção ao centro para acharmos hotel.

A topografia da cidade era um morro com ruas longas e descidas íngremes. Na avenida principal, lojas, restaurantes e o comércio em geral com Hotéis. Foi difícil decidirmos e acharmos um hotel que fosse do nosso perfil. Andamos cerca de 1h45min com todos se esforçando para achar uma coisa rápida e barata. Não conseguimos no centro até que um dos nossos que estava procurando achou uma pousada na entrada de Ushuaia.

Eu, Odileno e Oliveira fomos a um restaurante antes de ir para a pousada. Um ambiente legal e com muita comida variada no self service. Entramos e um dos garçons logo nos fez sinal de cerrado, cerrado. Quer dizer, fechado, fechado… Argumentei… Mas tem clientes aqui ainda. E ele falou que já estava fechado, pois era meia noite e vinte, e já estavam depois da hora. Ficamos transtornados de raiva, pois a fome e o cansaço nos pediam comida.

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Fomos para a pousada. Chegamos, tiramos o famoso zerinho ou um e ficou Odileno e Moacyr num quarto e eu, Kadim e Oliveira no outro triplo. Tudo muito arrumadinho e certinho. Uma pequena estrutura para fazermos café na cafeteira elétrica e copos, panelas e apetrechos de cozinha.

Fizemos um café, a fome era tanta e não tínhamos nada para comer, até eu me lembrar de dois pacotes de bolachas que trouxe durante toda a viagem como reserva para alguma emergência e num passe de mágica tirei o pacote do baú e Kadim fez a divisão como alguém que estava dividindo esmolas a 5 pobres viajantes. 5 bolachas para cada um e um copo de café. Olhei aquela cena engraçada, pois parecíamos tudo que não éramos naquele momento, e que foi motivo de muita humildade e união do grupo todo, compartilhando uma situação de divisão do pouco que tínhamos. E assim comemos nossas bolachas de maizena, tomamos um gole de café quente, fomos tomar banho e desmaiar na cama que nos chamava. Eram exatamente 2 horas da manhã.

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