28º e 29º dias – Jalapão

Às 7 horas da manhã eu parti de Panambi em direção a Mateiros. Mas antes, comprei 3 litros de gasolina na pousada ao custo de cinco reais o litro. Eu teria mais 80 km pela frente até ver um posto de gasolina, então tive que pagar.
Eram apenas 80 km de estrada de terra e às 11 horas chegava a Mateiros.

No caminho gostei de conhecer o rio Galhão. Assim que cheguei a Mateiros, sem nenhum tombo, descobri que o pior caminho foi o que eu fiz e que já estava no Jalapão. Não confundir os atrativos do Jalapão, com a estrada para o Jalapão.

Mateiros é a cidade onde esta a maior parte dos atrativos do Jalapão. A gasolina custava R$ 5,00 no posto da cidade, mas tive que pagar.

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Consegui informação de onde pousar e fazer rango de graça. Não vou dizer onde, porque é o local dos moradores. Fiz o rango e tirei o dia para descansar no local que é um vale tudo para os moradores.

À noite fui à cidade para conhecer os caminhos e saber o que conhecer de graça ou mais barato possível.

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Aos poucos o Jalapão se mostrou para mim. É um lugar que suscita amor e ódio. Mais amor do que ódio, talvez porque minha expectativa era grande. Tentei conhecer três atrações em um dia.

Fui ao Fervedouro, mas sugiro que você procure o que original, que boia mesmo, porque paguei 10 reais e até achei o lugar bonito, mas eu afundava. É interessante porque te puxa e depois te cospe. Mas procurem saber onde é realmente o que não afunda.

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Depois fui conhecer a Cachoeira da Formiga. Como não conheci a Cachoeira de Santa Bárbara, na Chapada dos Veadeiros, deslumbrei com a Cachoeira da Formiga, que também é azul/verde. Tive que pagar 20 reais, mas valeu a pena.

Ainda tentei chegar às Dunas no mesmo dia. Agora sim, encontrei os areais e os tais panelões. Cheguei à entrada das dunas, mas não aguentei seguir mais. Para ir ao Fervedouro e à Cachoeira da Formiga peguei muita areia, mas nas Dunas é forte.

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Andei apenas 2 km na estrada de areia e voltei para a cidade, desapontado. Levei vários tombos no percurso e já tinha anoitecido quando cheguei à cidade.

Resolvi dormir numa casa abandonada na cidade onde os “hippies” costumam fazer pouso.

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Fiquei um tempo na pracinha para conseguir acesso à internet, até que os nativos vieram conversar comigo. As perguntas de sempre, de onde venho, para onde vou, o que eu faço, etc.

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Mas foi ali que tive medo de verdade em questão de roubo. Não que eu fosse ser roubado, cidade pequena e turística evita esta fama. Mas quando dois nativos chegaram e começaram a comentar do motor OHC, perguntaram se era original dela e se era 150cc e comentaram que no Norte e Nordeste adoram uma CRF… Quando o nativo disse que em meia hora trocava o motor dela por uma de 125CC, eu tive medo. Na primeira oportunidade fui para a delegacia da cidade. Conversei com os policiais e contei o que havia acontecido. Disse que poderiam me revistar e que ficassem à vontade, mas eu ia dormir na frente da delegacia.

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Na manhã seguinte, mais disposto, fui pegar informações para conhecer o que fosse possível de graça e fazer as Dunas. Fiquei a manhã toda esperando dar 14 horas para ir às dunas.

Eram 33 km até chegar de novo às Dunas. Antes tentei informações no parque, na parte de apoio, mas os guardas não estavam. Talvez estivessem combatendo incêndios. Não consegui muita coisa. Cheguei por volta das 16h30. Realmente, a terra e muita areia fazem 33 km demorar umas 2 horas de moto e andando devagar.

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Resolvi ir a pé o restante, pois eram 4 km e daria para chegar às 18hs nas dunas. Andei quase 1,5 km quando recebi carona. Grato para a família que me deu carona, pois até então tinham passado carrões e mais carrões e nada de carona.

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Chegamos quando já havia começado o pôr do sol e ainda tínhamos 600 metros de areão vermelho para subir. Quando finalmente cheguei ao topo o sol já tinha saído da linha do horizonte, mas ainda tinha luminosidade.

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Meio triste, mas conformado, pois tinha recebido carona de uma família agradável e consegui conhecer mais uma parte do Jalapão. Perdi o pôr do sol, mas ganhei uma lua cheia maravilhosa, que começava a nascer enquanto as pessoas iam embora. Ficamos até às 19 horas, quando fomos obrigados a sair do local.

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Chegamos à saída do Parque das Dunas, despedimo-nos e segui de volta para a cidade. Andei aproximadamente 5 km, passava pelos bancos de terra e areia quando a moto caiu sobre mim e eu não consegui sair debaixo dela. Foram 10 minutos de desespero. O peso da moto no meu joelho e começou a queimar. Eu gritava, buzinava e várias coisas passaram pela minha cabeça. Sabia que tinha um grupo que ficou em um bar em frente à entrada das Dunas, mas se eles pegassem o caminho oposto, eu ficaria sozinho.

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Graças a DEUS, depois dez minutos, o socorro chegou e tiraram a moto de cima de mim. Tinha uma médica no grupo que disse que iria ficar apenas inchado e tinha sido uma queimadura leve.

A manete da embreagem quebrou. Imagina conseguir colocar primeira, com dor na perna e no joelho e ainda andar no máximo a 30 km/h já quase sem força. Eram quase 22 horas quando cheguei à cidade, graças a Deus, sem mais nenhum tombo.

Quando cheguei, percebi, o quanto é perigoso andar sozinho e que temos que ter muita coragem e sorte.

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Você se lembra dos nativos? Eles foram conversar de novo comigo. Eu tinha tirado tudo da moto para tentar consertar, eles me ajudaram e ainda me disseram que tinha um posto de saúde que ficava aberto 24 horas. Em uma cidade de três mil habitantes? Não acreditei, mas fui conferir. Minha sorte foi que realmente existia um atendimento 24 horas e descobri que naquele dia uma pessoa teve o dedo costurado no lugar. Quanto ao meu problema, fizeram uma limpeza e aplicaram uma pasta para queimadura.

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Voltei para a praça com dificuldade e novamente passei a noite na casa abandonada dos “hippies”.

O Jalapão deixa suas marcas. É bonito mesmo, mas deve-se ter muito cuidado.

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