2º dia – Três Lagoas a Bonito

Mesmo tendo um percurso de cerca de 600 km, enfrentaríamos rodovias diferentes daquelas pelas quais passamos na véspera durante nossa viagem de moto até Bonito. Estas rodovias no Mato Grosso do Sul são basicamente com pista simples
e com transito de muitos caminhões, o que torna o percurso mais complexo e demorado.

Na região Centro Oeste, assim como na região Norte, temos o fuso horário de 1 hora a menos em relação ao horário de Brasília, mas Virgilio e eu decidimos manter os relógios no horário de Brasília.

Momento antes da saída – estacionamento do Hotel Druds rumo a Bonito (MS)

Com as motos abastecidas na véspera, saímos às 6 horas, horário de Três Lagoas. Nos deparamos com uma rodovia com um asfalto super irregular e um intenso trânsito de caminhões, o que nos exigiu bastante atenção na condução das motos. No entanto, a paisagem compensou, e muito. Um trecho repleto de fazendas com muita criação de gado.

Nossa primeira parada foi na cidade de Água Clara. Abastecemos e depois tomamos um bom “pingado” numa padaria, onde alguns fregueses apreciaram nossas motos e o fato de ambas estarem muito longe da região de Campinas (SP). Um destes fregueses puxou conversa para dizer que gosta muito de motocicletas, que tem uma XT 300 e que em janeiro passado, com alguns amigos, foi até o Chile, que gostou muito da aventura e que já planeja outras viagens. Enfim, depois de um rápido descanso, seguimos adiante na direção de Aquidauana e Campo Grande.

Osmar – Próximo a Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul

Em Campo Grande fizemos nossa segunda parada para abastecimento e um lanche almoço (sempre gostamos de fazer um almoço leve para mantermos o corpo e a mente atentos). Tocamos adiante, pois nosso plano era chegar a Bonito antes do anoitecer.

A rodovia, apesar de continuar sendo de pista única, melhorou bastante. Neste trecho, pudemos ver alguns animais, em especial muitas siriemas e outras aves de menor porte. O Virgílio, num determinado trecho, avistou uma bonita Arara na copa de uma árvore próxima à rodovia. Foi muito interessante ver aquela grande ave nos apreciando. Também vimos diversos animais mortos na rodovia: um ou dois tamanduás, alguns tatus e siriemas. Algo que nos despertou a atenção foi a grande quantidade de barracos indicando invasões, principalmente entre a rodovia e a propriedade privada (as fazendas). No entanto, a grande e imensa maioria destas barracos estavam vazios, nenhum morador.

Depois de pilotar por muito tempo, resolvemos fazer uma parada de 20 minutos. Escolhemos uma sombra na entrada da Fazenda Nossa Senhora Aparecida.

Descanso na sobra de Eucaliptos – Fazenda Nossa Senhora da Aparecida

Descansados, seguimos até nossa próxima parada que foi na cidade de Anastácio. Paramos em um posto completamente administrado por mulheres, onde abastecemos, colhemos algumas informações sobre as estradas e saboreamos sorvete da marca “delícias do serrado”. Refeitos, seguimos adiante. A próxima parada agora seria em Bonito.

Osmar e Virgílio já próximos de Bonito (MS)

Rodamos mais uma hora e o sol dava sinais de declínio. Nossa trajetória seguia rumo ao oeste. A cerca de 50 km de Bonito, seguimos por um trecho de pequenas montanhas e de pista sinuosa e, como seguíamos na direção oeste, o sol estava baixando bem à nossa frente. Uma luminosidade rara e intrigante bem nos nossos olhos. Nem mesmo a viseira escura foi suficiente para conter a luminosidade e, para ajudar, este trecho de estrada estava bem ruim, todo remendado, simplesmente um trabalho mal feito, estava péssimo.

Seguimos com cautela e o contraste do sol nas árvores, na sinuosidade da estrada e no horizonte fez deste trecho um percurso perigoso, mas muito emocionante.

Chegamos ao portal da cidade. Estávamos a 5 km da área urbana. Virgílio fez uma foto e mais 15 minutos chegamos ao centro da cidade de Bonito. Estacionamos as motos para nos localizarmos e obter alguma informação sobre a direção do hotel. Um rapaz, com um imenso rádio, se aproximou de nós. Ele estava muito “alegre”. Conversou com o Virgílio e lhe disse que iria votar nele nas próximas eleições. Por algum motivo, confundiu o Virgilio com algum político local, ou estava um pouco “mamado”. Mais 5 minutos chegamos ao hotel, onde encontramos minha esposa Mônica, minha filha Marcella e minha sobrinha Maria Claudia. Estávamos prontos para os três próximos dias em Bonito, com muito contato com os rios, peixes, aves e animais da região.

Mais um desafio estava cumprido, foram dois dias de viagem e o velocímetro da minha motocicleta mostrava 1.204 km percorridos, 587 km no dia de hoje.

As motos em frente ao Hotel Pirá Miúra – Bonito (MS)

Hora de conversar, bebericar nosso scotch e revisitar nosso dia de pilotagem. Virgílio fez muitas filmagens com a sua GoPro e aproveitamos para mostrar para as nossas meninas (Mônica, Marcella e Claudia) as aventuras da viagem. Decidimos jantar no restaurante Aquário.


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