New York a Niagara Falls

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Um olhar feminino sobre a aventura de um grupo de 30 brasileiros nas comemorações dos 110 anos da Harley-Davidson nos Estados Unidos

A viagem começou em New York, uns chegaram antes e aproveitaram mais, mas a maioria teve apenas uma parte da quinta-feira e a sexta para respirar por lá. Mesmo com tão pouco tempo saímos aos grupos para o turismo e as compras obrigatórios dos novatos e veteranos em Manhattan.

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Fechando a minha rodada na Macy’s, pedi o desconto para estrangeiros e a mulher do caixa, uma negra enorme e alegre, toda simpática, me fez a bondade de passar o código de barras secreto dela, mesmo sem eu apresentar o cupom que deveria ter buscado antes. Toda conversada, ela me perguntou “Where are you from?” e então desandamos no papo, ela curiosa de verdade, eu sempre aproveitando qualquer assunto num idioma que não é o meu. A americana quis saber quanto tempo eu ficaria na cidade e eu contei que iria até Chicago, de moto. Ela olhou pro céu, jogos as mãos também pro alto e disse: “God bless you!”. Expliquei que eu não iria pilotando e que éramos 15 mulheres nas garupas dos 15 maridos. Dessa vez ela caiu na risada, desacreditando quase, olhou fixamente pra mim (e não pra cima), e depois falou sério: “God bless you all!”.

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Bem… É preciso mesmo ter a confiança de que tudo vai dar certo pra gente enfrentar uma empreitada como essa. Quando chegamos em New York, na tarde da quinta-feira 22/08, fomos direto do aeroporto para a locadora Eagle Rider. O propósito era deixar tudo adiantado – documentos, assinaturas, motos conferidas – pra ganhar tempo dois dias depois, na hora da partida. Às 9h30 do dia 24 estávamos todos lá, pontualmente. Nas piores previsões, imaginamos sair do Queens por volta das 11h, pra percorrer 411 milhas (658 km) e chegar em Niagara Falls com o dia ainda claro, por volta das 20h. Mas as coisas não saem bem como a gente planeja. Mesmo com as reservas de motocicletas feitas com antecedência e com pagamentos efetuados, os modelos escolhidos – opção 1 e 2 – não estavam disponíveis. A maioria queria pilotar uma Ultra ou Electra Glide, mas quase todos acabaram saindo com uma Heritage ou uma Street Glide, que não são exatamente confortáveis para as mulheres. Uns poucos sortudos acabaram conseguindo a moto reservada!

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Enfim… a demora dos rapazes da loja para organizar a papelada, junto com as reclamações e mudanças de última hora, fizeram nossa manhã se estender até as 13h20. Almoçamos sanduíches e partimos, com sol a pino. Na saída, a turma da dianteira largou e um sinal vermelho na hora errada deixou pra trás Cristiano/Aline e Camilo que, já tratado como cerra-fila, ficou mesmo esperando porque tinha que ser. Nos desencontramos! O grupo seguiu sem nós. Guiados pelos GPS do celular (não trouxemos os nossos) e um telefonema providencial, acabamos nos achando depois de quase uma hora. Primeiro aprendizado do dia: em locais desconhecidos, é preciso ter certeza de que todo o comboio está pronto, montado, com capacetes fechados e luvas aprontadas, antes de partir. Sem conhecer o caminho, quem fica pra trás pode ter problemas pra se juntar ao grupo depois.

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A viagem foi linda! A estrada é ótima e bem sinalizada – sem lombadas ou buracos como muitas das nossas – e atravessa uma região muito bonita no estado de New York, com colinas pequenas cobertas de verdes diversos, riachos e lagos, céu azul com poucas nuvens. Nas primeiras horas do nosso caminho, fez muito calor e os casacos de couro e as chaparreiras pareciam um exagero, não fosse usarmos também como equipamento de segurança e não apenas como proteção contra o vento ou o frio. As bandeirinhas do Brasil em 15 motos Harley-Davidson chamaram a atenção: um motorista diminuiu a velocidade, buzinou, abriu a janela e todo animado gritou em português pra nós: bom dia!

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Paradas para gasolina e lanche, com 30 pessoas, demoram pelo menos 40 minutos! Sim, esse é o segundo aprendizado do dia: definitivamente importante combinar antes o objetivo e o tempo de cada intervalo na viagem. Comer ou abastecer? As duas coisas? Sem saber, uns ficam esperando pra ver como vai ser, outros vão ao banheiro, os demais hesitam antes de tomar uma decisão e comprar um refrigerante… Depois fica difícil juntar a meninada toda, colocar em fila, dar o sinal do fim do recreio – é atraso na certa! Foram quatro paradas de NY até Niagara Falls e por isso o primeiro tiro da nossa viagem, que já seria o mais longo, foi muito, muito demorado.

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Chegamos ao hotel por volta da meia-noite, depois de quase 11 horas de viagem, cansados e com muito frio. Mas chegamos bem, todos muito bem e contentes da vida! As malas vieram em um caminhãozinho fechado, com o Juca ao volante. Foi a solução para que toda a bagagem ficasse em segurança, cada moto carregando apenas o necessário.

O domingo foi de descanso, passeio, recuperação das forças, diversão e também de cerveja (ninguém bebe em dia de viagem de moto). Niagara Falls é impressionante, embora os brasileiros reputem Cataratas do Iguaçu como as mais belas quedas d’água do mundo. Na segunda-feira, a turma segue para Toledo, percorrendo aproximadamente 295 milhas, ou 475 km. Eu, por aqui, vou contando a nossa viagem de moto…

Jussara Belo

BH em Milwaukee é o relato da viagem de Kassim/Ida, Marcelo/Ana, Leonardo/Regina, Ernani/Juliana, Luciano/Lídia, Wernek/Lucinha, Cristiano/Aline, Juca/Eduíge, Francisco/Marli, Júlio/Daura, Laerte/Rosa, Marcus/Alice, Ivan/Neusa, Cláudio/Kátia, Camilo/Jussara, entre 21 de agosto e 3 de setembro de 2013.


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