Festa em Milwaukee, volta ao Brasil!

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Participar de um evento da Harley Davidson é coisa para fanáticos. Há diversas comparações possíveis com o futebol para nós brasileiros, por exemplo – de todas as experiências que me ocorrem, nada parece mais próximo do que essas duas paixões.

Há torcedores que fazem tatuagens com os escudos dos seus times para demonstrar amor eterno ao clube, mas é provável que não haja no mundo empresa ou marca comercial mais tatuada em braços, pernas e corações do que a Harley-Davidson. Para quem nunca esteve em um evento ou mesmo em um simples churrasco com a “turma da Harley”, é imprescindível descrever o que acontece nessas ocasiões. Todas as pessoas – a maioria homens e mulheres acima dos 40 – estão sempre usando roupas com a marca HD: camisetas compradas em lojas pelas viagens mundo afora, bonés e outros adereços como cinturões e fivelas enormes, relógios, óculos, pulseiras, faixas e bandanas, mas também brincos e anéis delicados para as mulheres, com cristais e muito brilho. Embora mais discretos que os americanos, que se vestem e se comportam com o exagero que parece ser um verdadeiro estilo de vida, os brasileiros não fogem à quase regra: em eventos da Harley, roupa só da Harley!

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Quando o grupo de motociclistas está reunido conversando, o assunto é sempre o mesmo: a última customização, o cromado do escapamento, o farol de led, o preço da pintura especial… ou a próxima aquisição. Na feira durante o evento, a Harley-Davidson expôs toda a coleção 2014, com os novos modelos e cores, distribuindo catálogos completos dificilmente encontrados no Brasil. Como as peças e acessórios são muito mais baratos nos EUA, os brasileiros aproveitam a viagem para comprar todo o possível, mesmo que preocupados com o excesso de peso. Para os mais aficionados, havia à disposição ainda uma variedade enorme de produtos: copos e porta-copos, baldes de gelo, placas para garagem, relógios de parede, adesivos para carro, chaveiros, mouse-pads, bordados para aplicação em coletes e até itens mais extravagantes como banquetas para bar e bolas de sinuca. Mas neste momento especial, a peça de colecionador mais importante foi certamente uma camiseta dos 110 anos, comprada em Milwaukee.

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Não foi possível obter informação oficial junto aos organizadores do evento, mas a mídia local falou em 100 mil pessoas presentes e um dos brasileiros que conhecemos contou que éramos 1.100 na cidade. Havia gente de toda parte do mundo. Num dos espaços destinados aos grupos especiais – o dos sócios do Museu, por exemplo, um grande mapa colorido solicitava que cada um de nós colocasse um pin em seu país (ou estado, no caso dos americanos) de origem. Ouvíamos português de vez em quando e assim nos encontramos com paulistas, cariocas, baianos, gaúchos, catarinenses e mais mineiros. Com a bandeira do HOG (Harley Owners Group) e a do Brasil aberta a cada foto com a turma toda ou parte dela, atraímos a atenção de muitos americanos curiosos e interessados na nossa história: uma turma de 30 pessoas de BH que saiu de New York para Chicago de moto e que estava ali para comemorar o aniversário da Harley-Davidson!

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Na sexta-feira à noite, o show do Aerosmith no Marcus Amphitheater, para cerca de 23 mil pessoas, foi o ponto alto da festa. O grupo foi anunciado por alguns membros da família, dentre eles o famoso Willie G. Davidson, que se aposentou da empresa no ano passado e foi o responsável pela criação da “Harley Styling” ainda na década de 1960. O performático Steve Tyler não parece ter 65 anos e provocou reações diferentes no público: a maioria de americanos cantava e dançava animadamente, embalados pelo som e pela cerveja, enquanto muitos dos brasileiros mais tranquilos, especialmente a turma “mais velha”, simplesmente admirava sentada o entusiasmo dos fãs diante do ídolo e os efeitos de palco e luz, impressionantes. Foi um espetáculo!

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A visita à fábrica de motores na manhã de sábado prometia uma espera de duas horas na fila, ao sol, nada que desanimasse quem foi pra Milwaukee com o único objetivo de conhecer de perto tudo sobre a magia da HD. Apenas 30 minutos depois, no entanto, entramos e fomos recebidos por funcionários orgulhosos e sorridentes que informaram que ali são fabricados todos os motores – a programação é de 250 mil unidades para 2013 – à exceção dos do modelo CVO. Também não são feitas nessa fábrica as peças fundidas, mas toda a linha de produção de usinagem a frio até a montagem final. Nesse dia houve ainda uma peregrinação às diversas concessionárias espalhadas por Milwaukee. A cidade, localizada no estado de Wisconsin e às margens do lago Michigan, é muito grande e plana, e parecia invadida por milhares de motocicletas. Paramos para assistir a vários “desfiles”, pois avenidas se transformaram em corredores para apresentação de motocicletas e figurinos excêntricos. Nos grandes ou pequenos palcos montados em pátios e estacionamentos, bandas de rock se apresentavam mantendo o movimento de compra de souvenirs e de cerveja. Na maior paz, sem uma briga, um acidente de que tivéssemos notícia, um problema sequer: essa é uma das principais vantagens de pertencer todo mundo a uma torcida só!

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Para os brasileiros, o último dia da viagem foi reservado para a visita ao Museu. No átrio principal logo na entrada, um espaço amplo e com iluminação bem estudada, ficam expostos os primeiros modelos de bicicletas motorizadas criados pelos amigos William Harley e Arthur Davidson. Os exemplares usados pela polícia americana desde 1907, os side-cars adotados como veículos de trabalho por leiteiros e padeiros já na década de 1930, os modelos que serviram ao exército durante a guerra, as motos de competição – cada espécime foi observado e fotografado por uma horda de fãs, que chegaram a dedicar duas horas e meia a cumprir todo o trajeto dentro do Museu. É claro, participaram ainda de seções interativas, como uma bancada touch screen em que é possível uma pessoa criar a motocicleta dos seus sonhos e receber o desenho do seu projeto em casa, por e-mail. Um museu é sempre uma experiência rica, e ver uma história de sucesso bem contada (que não esconde os momentos de fracasso e dificuldades enfrentados entre 1969 e 1981, quando a empresa esteve nas mãos de um grupo de investidores) foi mesmo emocionante.

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Ao final de 12 dias de viagem, já em casa, escolhendo as fotos para ilustrar meu último registro, me sinto bem feliz em ter participado dessa aventura. Como disseram Laerte, Ivan e Marcelo em nosso jantar de despedida em Milwaukee: que bom que é ter as motocicletas Harley-Davidson como motivo de encontro de um grupo tão animado e disposto, que bom que todos os planos deram certo, que bom que tivemos a oportunidade de partilhar a companhia agradável e bem-humorada dessas pessoas durante a viagem e em todo o evento. Só temos que agradecer uns aos outros!

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Nós, mulheres, viajamos sempre na garupa da motocicleta – apenas a Ana Lobo, dentre todas, sabe pilotar (mas não desta vez!). Embora o “sonho” da viagem de moto seja um programa dos homens, é impossível a gente não se envolver com o clima, adotando a mesma indumentária e fazendo planos para uma próxima jornada. Viajamos em segurança e tranquilidade, coordenados e comandados pelo nosso road captain Kassim e tendo Camilo como cerra-fila. Acabei, desse jeito, tendo o privilégio de ser a última pessoa de nosso comboio, no percurso inteiro. Pude admirar a paisagem ao mesmo tempo em que assistia ao nosso belo cortejo de 15 motos, 15 bandeirinhas do Brasil balançando ao vento pelas estradas de quatro estados americanos. Espero que essas minhas também últimas palavras sobre a nossa viagem demonstrem minha alegria e minha disposição para novos projetos, agradecendo ao viagemdemoto.com a oportunidade de contar com tantos detalhes essa nossa história.

Jussara Belo

BH em Milwaukee é o relato da viagem de Kassim/Ida, Marcelo/Ana, Leonardo/Regina, Ernani/Juliana, Luciano/Lídia, Wernek/Lucinha, Cristiano/Aline, Juca/Eduíge, Francisco/Marli, Júlio/Daura, Laerte/Rosa, Marcus/Alice, Ivan/Neusa, Cláudio/Kátia, Camilo/Jussara, entre 21 de agosto e 3 de setembro de 2013.


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