5º dia – Passo dello Stelvio

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Durante muitos anos, relatos de motociclistas me faziam sonhar em um dia rodar pelo Passo dello Stelvio. É uma rodovia localizada na Itália, com 60 curvas, que contornam os Alpes Orientais, entre a Suíça e Áustria. Ela foi construída em meados de 1820 e é a estrada mais alta da região, com 2.757 metros

No caminho de Fussen até Stelvio, passamos por trechos na Itália, Áustria e Suiça, por montanhas, vales e curvas, muitas curvas pelo caminho.

Em um vale todo azul e verde, circundado por belas montanhas, e pequeno vilarejo aos fundos, chegamos a de St. Moritz. Com suas estações de esqui e um dos nomes mais tradicionais do turismo mundial, berço dos esportes na Neve, foi palco de duas edições das Olimpíadas de Inverno. É uma pequena comuna suíça com 6.000 habitantes, que recebe ricos e famosos de todo o mundo e já foi local de diversas filmagens (“Jamaica abaixo de Zero”, “007 Contra GoldenEye””007 o Espião que me amava”), entre outros.

Depois, muita floresta e verde e, mais adiante, começava a mudar o cenário, com subidas de rocha e neve.

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Passamos por Prato de Stelvio, na Itália, em direção a Bormio, e começamos a subir. O grau de dificuldade na subida é muito alto. As curvas em aclive muito íngreme, não permitem que, após cada cotovelo, víssemos se existia outro veículo descendo. Logo na primeira, o Wulf abriu um pouco a mais e sua moto teve que parar e fazer um recuo, pois um carro descia pelo outro lado e não havia espaço para passar simultaneamente. Um de nossos amigos (Imbiriba), que subiu mais tarde, pode falar sobre isso (vejam filme no final). Após contornar uma curva, parou para outro veículo passar e em virtude do grau de declive, faltou apoio para seus pés, tendo sua moto comprado um “terreninho” nesta região maravilhosa.

Subindo sempre, chegamos a uma via de escape à esquerda que levava a uma lanchonete, onde o grupo resolveu respirar e esticar as pernas. Seguimos eu, Claudio, Nelson e Vitor e, depois de uma reta de uns 800ms quando pensei ter chegado ao topo, deparei com um grande paredão gelado e as estradas molhadas pelo derretimento de gelo.

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Ao chegar ao topo, estacionei e a grande maioria das pessoas no local era de motociclistas e ciclistas. Notava-se emoção e alegria em alcançar aquele ponto. Era como vencer os grandes picos em suas escaladas. Ao meu lado, estacionadas, duas KTMs com um casal de austríacos, com quem conversei um pouco e trocamos cartões. Logo depois, um grupo de motos gran turismo (Gold Wing 1800cc, Kawazakis 1600 e outras), chegavam pilotados por homens e mulheres, onde se via o sorriso estampado em seus rostos. Existia no local um êxtase coletivo, uma satisfação pessoal de alcançar aquela vitória.

Porém, Stelvio às vezes cobra também seu preço. Nelson chegou logo depois e estava completamente “travado”. Sentou-se no chão agarrado à uma garrafa d’água, ficou um bom tempo com um boné enfiado na cabeça e com o olhar distante, infectado pelo que batizamos de “Mal de Stelvio”, recuperando a confiança, para depois descermos em direção à Bormio. Chegaram Cláudio, Nelson e logo, Vitor, relatando que escapou de uma avalanche de gelo. Outro motociclista, que vinha atrás dele, não teve a mesma sorte.

A pista ficou fechada para limpeza e após uns 40 minutos chegaram os nossos companheiros (Wulf, Alberto, Imbiriba e Joemir). Um grupo de ciclistas belgas, que acabara de chegar, comemorava com grandes rodadas de chopp e, ao fincar nossa bandeira, começaram a cantar “Aquarela Brasileira”, uma grande festa de confraternização entre os países.

Continuamos nosso caminho para Bormio e as curvas eram menos acentuadas, porém com mais gelo.

Bormio é um pequeno vilarejo italiano, num vale cercado pelos Alpes e vive exclusivamente do turismo, principalmente àqueles que desejam atravessar o Passo dello Stelvio. Nestes dias, encontrava-se totalmente lotado, pois na manhã seguinte estava marcada prova ciclística nos Alpes. Tivemos grande dificuldade para encontrar restaurantes livres, já que muitos ciclistas ali se encontravam hospedados.

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