Arica – Camana – 8º dia

América do Sul, Perú

Arica – Camana (Parcial = 590 Km / Total = 4.953 Km)

Lição recordada, partimos de Arica com o tanque cheio. Infelizmente, um pouco tarde porque perdemos tempo demais.

Saímos do hotel, seguimos pela via Costaneira até chegarmos a Carretera Pan-americana Norte. Após percorrermos 23 km, chegamos a aduana chilena, onde o desembaraço aduaneiro foi exemplar.

Seguindo mais a frente, chegamos ao Complejo Fronterizo Santa Rosa Tacna – Perú, onde vivenciamos a típica maratona aduaneira dos países subdesenvolvidos, caracterizada pela arrogância das pequenas autoridades e a excessiva e inócua burocracia. Após preencher a Relação de Passageiros (4 vias) e receber os três carimbos previstos, fomos providenciar a emissão do CIT’s para poder atravessar todo o Peru, de Tacna até Tumbes.

Impressora quebrada, e lá perdemos umas horas a mais. Às 12:00 h, seguindo o Edinho, que já estivera no Peru, concluímos a burocracia na aduana e migração peruanas, e entramos nas terras peruanas.

A uns bons quilômetros adiante, o Edinho emparelha com a minha moto e diz que esquecemos de fazer o câmbio para obter a moeda local. Propus voltarmos, mas concordamos em fazer o câmbio de moedas em Tacna.

Na rodoviária, enquanto eles foram comprar Soles, fiquei tomando conta das motos e conheci vários meninos que trabalhavam no local e se acercaram das motos. Uns trabalhavam como carregadores de malas e outros, vendedores de chicletes etc. Todos menores de 12 anos. Na conversa, dentre os vários assuntos, achei interessante falarem sobre o último presidente do Peru e comentarem que ainda não tinham uma opinião sobre o novo, que assumiu a presidência, recentemente. Perguntaram o nome do presidente do Brasil e foi uma pena não poder estender a conversa. Se esse tema for comum na juventude peruana, há chances de soprarem melhores ventos para o Peru, no futuro.

Resolvido o problema do câmbio, parcialmente, seguimos para o norte, por estradas que pareciam não ter fim, mergulhadas em uma paisagem monótona e lunar. Na Cordilheira dos Andes, as motos percorriam a estrada que nos levavam pelas laterais da cordilheira, pelo topo e as vezes passando pela base dela, como em uma montanha russa colossal, possibilitando perspectivas da paisagem que nos atraiam pela extrema beleza, nos furtando a atenção na estrada. Nos altiplanos, cadeias de montanhas altivas nos observavam ao longe, enquanto uma visão da planície descomunal de cascalho erodido, associada a teoria da origem das Linhas de Nasca, me traziam a lembrança Erich Von Dainiken e o seu livro “Eram os Deuses Astronautas?“ Então me veio a mente uma possibilidade que mesmo absurda, poderia justificava aquela visão bela, hostil e desoladora, que nos acompanhava, indefinidamente: aqueles restos de rocha e montanhas de pó, que caracterizam aquelas paisagens, por onde temos passado, bem poderiam terem sido formados pelos dejetos do que teria sido imensos campos de mineração dos citados seres espaciais. A impressão que se tem é que dessas regiões foram extraídas todas as possibilidades de vida e abandonadas essas montanhas descomunais de restos de rocha, que se elevam aos céus. Entre as suas bases, correm leitos imensos de rios, sobre e sob a terra, provenientes das chuvas e degelo, no verão. Em alguns desses leitos, há muito tempo, o homem vem conseguindo fazer aflorar a agricultura, transformando essas áreas em um oásis de vegetação para sua subsistência.

Em uma das muitas descidas da cordilheira que fizemos, paramos no acostamento para fazer umas fotos e percebemos três BMW, que vinham em direção contrária, pararem, no outro lado da pista, próximo a nós. Os pilotos, todos bem aparamentados, eram um argentino e dois peruanos, que estavam voltando, por desistirem da viagem, porque estavam com medo de atravessar a América Central. O argentino estava indo para os EUA e voltava porque também temia a crise provocada pelo narcotráfico na fronteira do EUA e México. Expliquei para ele a minha estratégia de travessia da fronteira mexicana e ainda bem que não vieram atrás de nós, pois seis motos chamariam bem mais a atenção.

Chegamos mais uma vez ao topo de cordilheira, o Sol ainda estava alto quando de repente, uma extensa camada de nuvem se postou no horizonte. Quando nos aproximamos e entramos na nuvem, repentinamente, ela apagou o Sol; e a temperatura baixou drasticamente. O Robertinho estava bem equipado e o Edinho, também. Desprevenido, sem a segunda pele e as demais proteções contra o frio, enroquei o acelerador, a fim de diminuir o tempo de tortura.

Após muitas curvas fechadas e vários caminhões ultrapassados, a estrada começou a descer ao nível do mar, diminuindo o frio.

Cheguei a Camana e a pobreza era evidente. Entrei no posto de gasolina e em poucos minutos chegavam também os meus companheiros. Todos estamos nos sentindo bem e unidos. As motos estão excelentes, com exceção do consumo do Evolution do Edinho. Amanhã, partiremos para Ica, uma outra cidade do Peru.

PHD Artur Albuquerque
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