Tuxplan – Ciudad Victoria – 28º dia

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América do Norte, México

Tuxplan – Ciudad Victoria (Parcial = 450 Km / Total = 13.225 Km)

 

A noite passada foi a pior de todas, porque estávamos preocupados sobre como seria o amanhã: iríamos passar por parte da rota principal do atrito, entre Tampico e Matamoros.

 

Até então, eu, particularmente, estava meio cético creditando o excesso de boatos a lenda urbana. Infelizmente, o repórter Alexandre Meneghini me deu toda certeza que eu tentava ignorar. Ele comentou sobre o desaparecimento dos passageiros de um ônibus, há 15 dias; invasão de restaurante e prática de estupro coletivo; sequestro da filha de um casal, que está a 4 meses desaparecida, porque um dos chefetes gostou dela etc.

 

Na televisão mexicana há muitas discussões e exigências de entidades sobre o desaparecimentos rotineiro de pessoas. Segundo o Alexandre, os narcos andam em comboio de camionetes e fardados à semelhança do Exército. Fazem blitz na rodovia para ver se encontram algo interessante; param em qualquer lugar da cidade, descem dos carros empunhando suas armas, invadem os locais públicos, roubam, sequestram, estupram e matam como se no país não houvesse lei e polícia. Segundo ele, a força de confiança é a dos Fuzileiros Navais, porque o Exército e as Policias Civil e Federal tem muita gente envolvida, assim como políticos.

 

Depois de tantas provas sobre a realidade do caos no México, e sabendo que estávamos em um dos centros principais da disputa entre os cartéis da droga, não havia como não ficar preocupado. A fim de nos ajudar, o Alexandre pediu para entrarmos em contato com ele, em dois dias. Caso não ocorra o contato e o Blog não seja atualizado, ele irá disparar um informe na imprensa internacional a fim de que possam nos ajudar.

 

Então, depois de toda essa craca, dormimos mal e acordamos muito cedo. Partimos de Tuxplan com o nascer do sol. A estrada estava muito ruim e a chuva piorava tudo. Mesmo assim, era muito bem vinda, porque com a chuva e a temperatura amena, “os animais” devem acordar mais tarde.

 

Mesmo a estrada com buracos, degraus, falhas, alagamento, caminhões e tudo, comecei a aumentar o ritmo e o Roberto aproximou a sua moto umas duas vezes da minha para lembrar que a estrada estava muito ruim; e eu fazia sinal de ok e pensava que a hipótese Zetas – cartel dominante, originário de militares – seria muito pior e a única condição de defesa que tínhamos era o acelerador, pois tínhamos que sair rapidamente dali.

 

Uma parte do horizonte estava negra, sinalizando o centro da tempestade. Em El Alazán, a estrada melhorou e em uma das curvas, apontou para o centro do Rock’n Roll e seguimos diretamente para lá. Tudo ficou mais escuro. A chuva contínua e em abundância e o asfalto bom e áspero era tudo que a gente precisava. Sexta marcha e regime do motor oscilando acima dos 3.000 giros; iria ser difícil ao menos nos alcançar.

 

Na estrada, muitos grandes caminhões levantando nuvens d’água, ultrapassando pela contramão, poucos carros e zero policiamento.

 

Paramos em uma gasolineira para abastecer e quando estávamos pagando, chega uma patrulha do Exército com um caminhão e uma camionete cheia de soldados armados com caras de mau. Mas, como ter certeza de quem eram, realmente? Agimos com simpatia, naturalidade e pé na tábua.

 

Passamos Tampico e mais algum tempo estávamos na bifurcação Ciudad Vitoria e Monterey. “Roberto! São 12:30h. Monterey está a 310 km. Vamos direto para lá?” – Falei pronto para seguir em frente. “Não, Vamos fazer o combinado e ficar em Ciudad Vitoria. A estrada pode estar ruim e a gente pode chegar muito tarde” – Falou com sabedoria.

 

Fizemos o retorno e chegamos ao hotel Best Western. Ufa! Etapa mais crítica vencida.

 

Mas, o perigo latente somente vai acabar depois que avançarmos para dentro dos EUA. Em função do sucesso da estratégia de hoje, para amanhã contamos com a continuidade da cobertura da tempestade para a gente poder avançar. Vamos tentar passar de Monterey, chegar a fronteira, em Laredo e pernoitar em San Antonio, nos EUA. Então, creio que poderemos relaxar.

PHD Artur Albuquerque
Fonte: http://phdalaska.hwbrasil.com/site/ e http://www.phd-br.com.br/


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