No mês de fevereiro passado tirei alguns dias de férias no meu serviço. Estava decidido que iria realizar uma viagem de moto e, à princípio, estava certo ir para a Serra do Rio do Rastro (SC), porém, por falta de companhia para viajar, não quis me arriscar em realizar esta viagem sozinho. Por isso resolvi ir a um lugar mais perto e que também queria muito conhecer, a famosa Serra da Canastra (MG).
Depois de tudo planejado, roteiro traçado, lugares que iria conhecer e gastos com a viagem estimados, coloquei toda a minha tralha na moto e sai às 5h do dia 21 de fevereiro com destino a São Roque de Minas. Só eu e a moto.
A cada posto que eu parava para tomar um café e dar uma esticada nas pernas sempre vinha alguém perguntando para onde eu estava indo. Uns até chutavam já perguntando se eu estava indo para o Chile. É legal ver a curiosidade das pessoas e o fascínio que a moto cheia de bagagem causa.
Até a cidade de Bambuí foi tudo normal, visto que o GPS mostrou certinho o caminho. O problema começou quando peguei a saída da cidade para chegar ao trevo que dava acesso à estrada de terra para se chegar até São Roque. No caminho não existem placas indicando, e adivinhem… passei direto e fui parar em uma cidadezinha chamada Medeiros. Fui me informando e não deu outra, errei o caminho por só 40 km, sendo 20 km até Medeiros e mais 20 de volta até a estrada de terra. Dali foram mais 50 km por uma estrada de terra péssima e com muita, mas muita poeira na cara.
Eram 10h30 da manhã quando cheguei a São Roque. Fui direto para o local do acampamento que eu havia pesquisado na net, acampamento do Picareta. Esse local fica a 4 km da cidade, bem no pé da Serra. É a fazenda do senhor Chico Chagas, onde quem cuida do local são seus filhos. No total de Patos de Minas ao acampamento foram 300 km rodados.
Depois do acampamento montado, voltei para a cidade e procurei um restaurante onde almocei um bom rango caseiro tipico de Minas Gerais.
Olhando no horizonte notei que iria cair um temporal. Mais que depressa voltei ao acampamento e, assim que entrei na barraca o céu caiu.
Enquanto a chuva caia com vontade, comecei a ler um bom livro e sem perceber adormeci, acordando por volta das 16h30. Mais que depressa peguei a moto, um mapa com os pontos turísticos que é disponibilizado pelo acampamento e fui conhecer já no restinho do dia a cachoeira mais próxima do acampamento, a “Cachoeira do Capão Forro”.
No meio do caminho me deparei com os criadores do Portal Big Trail passando sufoco no barro. Fiz amizade com todos e segui meu destino até a belíssima cachoeira.
Não sei se foi por causa da chuva que caiu, mas a água dava pra fazer suco, de tão gelada que estava, mas como a beleza da cachoeira enchia meus olhos, eu não podia deixar de entrar na água… Mas que tava gelada demais, isso tava.
Um fato que eu não sabia sobre a Canastra é que tudo que se faz lá é pago: paguei R$ 10,00 para ter acesso à cachoeira do Capão Forro. Uma dica: levem dinheiro, kkkk.
Fiquei na cachoeira até a tarde cair, e de lá voltei ao acampamento, visto que não conseguiria fazer mais nada naquele dia, deixando para conhecer os outros pontos turísticos no outro dia bem cedo.
Acordei cedo, por volta das 6h, dei um pulo na cidade para tomar café e de lá segui sentido do portal da canastra. Na entrada do portal comprei meu ingresso, paguei R$ 9,00, e percebi que o atendente estava tendo dificuldades de entendimento com um casal de ingleses que também estavam conhecendo a serra da canastra. Cumprimentei os ingleses e trocamos um bocado de informações, mesmo com certa dificuldade, visto que o inglês falado na Inglaterra é um pouco diferente do inglês americano que somos acostumados e logo percebi a cara de satisfação deles em poder se expressar sem ter que ficar fazendo gestos de mimica.
Dei inicio à minha jornada pelo portal da canastra. Logo de inicio, a aproximadamente uns 5 km, cheguei à nascente do rio São Francisco. Lá possui uma estátua de São Francisco com sua oração escrita e mais adiante uns 50 metros está a nascente. Fiquei por um tempo contemplando a beleza do local e de lá segui para conhecer a cachoeira de Rolinhos.
No portal fui orientado pelo atendente a não ir sozinho na cachoeira de rolinhos, visto que por ela ser muito longe e afastada das demais cachoeiras, se me acontecesse qualquer coisa, lá provavelmente eu estaria sozinho. Mas como a curiosidade é demais e ainda mais quando o atendente me falou que a cachoeira de rolinhos era uma das mais bonitas, eu não tive duvidas e fui até lá. O atendente não mentiu ao dizer que ela era longe e afastada de tudo e muito menos ao dizer que era a mais linda. Nossa que espetáculo! Uma pena que peguei uma estrada que sai na parte alta da cachoeira e para se ver a queda de água eu teria que entrar nela e atravessar as pedras, daí me veio aquela voz para não ir até lá, devido à chuva que caiu durante a noite tinha muita água e é a única cachoeira que eu não tirei fotos da queda de água.
Peguei minha valente Ténéré e segui para a parte alta da cachoeira Casca Danta. No meio do caminho me deparei com um casal de veados campestre que por incrível que pareça não se assustaram com a minha presença.
Na cachoeira Casca Danta pude observar as três quedas que vão descendo até a queda maior, mas que para ver a queda que faz jus ao nome eu teria que dar a volta e rodar uns 50 km pelo outro lado do portal da canastra. Fiquei lá por aproximadamente 1 hora e o tempo já começava a fechar anunciando que viria mais chuva. Peguei a moto e iria seguir até um restaurante que fica no meio da serra, porém achei por bem voltar à cidade para almoçar e de lá, caso não chovesse, iria na parte baixa da cachoeira Casca Danta.
Como eu previa, a tempestade caiu. Como eu já estava no restaurante em São Roque, fiquei lá por um bom tempo até a chuva passar. De lá fui até um posto de combustíveis que dá acesso à saída para a estrada da parte baixa da Casca Danta, porém fui informado por um morador local que devido à chuva forte eu teria muita dificuldade de chegar até lá, que era melhor eu deixar para uma outra oportunidade.
Voltei para o acampamento, tomei um bom banho e à tarde fui novamente para a cidade de São Roque para conhecer as praças e bares. É uma cidade bem pequena, mas muito bonita e limpa. Uma pena mesmo foi eu ter ido conhecer a cidade na época de chuvas. Lá chove o tempo todo e dá muito barro. A chuva caiu novamente e tive dificuldades de voltar para o acampamento à noite.
No outro dia acordei cedo como de costume e fui conhecer melhor a cidade e comprar coisas típicas da região. Comprei doces e lembranças e fiquei por conta de ir ao banco retirar dinheiro para abastecer a moto para, no outro dia, continuar minha trip. Pra minha surpresa, na cidade não tem bancos, somente tem uma lotérica onde se realiza saques, ainda bem senão eu estaria perdido.
Acordei bem cedinho e adivinhem… chuva novamente, fui até a casa do dono da fazenda e ele me informou que a previsão era de mais chuva por aqueles dias. Fiquei um pouco desanimado, visto que na noite anterior, para eu conseguir chegar ao acampamento, tive que tirar o para lamas dianteiro da moto para poder andar, de tanto barro que juntou. A moto não ia nem pra frente, nem pra trás. Decidi então esperar a chuva passar e comecei a juntar meus equipamentos e voltar uma outra oportunidade para conhecer a parte baixa da Casca Danta e também os cânions em Capitólio.
Desmontei toda a tralha e coloquei tudo na moto. Como choveu a noite toda eu já imaginava que teria muita dificuldade com o barro, ainda mais que a moto agora estaria carregada. A moto deslisava e rebolava feito uma cobra no barro, sendo que ao sair da cidade sentido Bambuí eu teria que enfrentar 50 km de barro grudento e escorregadio. No caminho passei por vários caminhões leiteiros com as rodas afundadas no barro, ônibus escolares também atolados. Eu com minha valente Ténéré cortando todo aquele barro, a moto rebolava e por inúmeras vezes eu achei que iria provar literalmente o gosto do barro, mas como eu estava sem pressa e fui bem cauteloso, depois de 2 horas eu venci os 50 km de barro, chegando ao asfalto que dava para Bambuí.
No total fiquei lá três dias e gastei aproximadamente R$ 200,00 reais com todos os custos da viagem como alimentação, combustível, pontos turísticos visitados e compra das lembranças.
Rodei no total 787 km ida e volta contando tudo que visitei e fiz em São Roque de Minas. Ficar acampado é muito legal, tem que se ter alguns cuidados, mas o mais importante é ficar a sós consigo mesmo para se conhecer melhor.
Até a próxima.
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