Depois de uma programação e ajustes, no dia 12 de setembro, meu sobrinho Victor, o amigo Wilson e eu saímos de Pará de Minas, região centro-oeste de Minas Gerais, em uma viagem de moto com destino à Serra da Canastra! Nós três em motos Honda – Bros 150cc.
Já havia lido e visto vários relatos, mas nada com o que havia imaginado. Eu queria “atravessar a Serra” do noroeste a Sudeste – saindo de Sacramento a 852 m de altitude até São Roque de Minas a 819 m de altitude.
Pois bem, saímos de nossa cidade às 7h com destino a Araxá. Após subir a serra (de Luz sentido Araxá), parada estratégica para um lanche na Lanchonete Parada da Serra, seguimos viagem; chegamos a Araxá por volta das 12h. Foram 285 km. Abastecemos as motos e constatamos ótima média de 40 km/l. Seguimos mais 74 km e chegamos à Pastelaria Canastra onde fizemos um lanche de primeira qualidade. A pastelaria está situada no entroncamento do início da MG-464, a 11 km de Sacramento.
Sugiro nesta parada abastecer as motos novamente. Não passamos aperto, mas não dá para ir em todos os pontos (cachoeiras), pensando que o combustível pode acabar! Outro detalhe é levar água… muita água!!! Nós três; pelo menos devido à seca e poeira, consumimos bastante.
A partir deste ponto é que começa realmente uma “aventura”. Aqui começa uma parte das rodovias MG-464 e MG-341; rodovia NÃO pavimenta, terra e poeira sem medidas! Estrada que dá acesso à Portaria 3 do Parque Nacional da Serra da Canastra. Estrada boa com 63 km até a Portaria 3, mas com muito trânsito de carretas, caminhões pesados e carros. Passamos na entrada do distrito de Desemboque, porém não paramos para conhecer o local!
O parque abre às 8h da manhã e fecha ás 16h. O detalhe: chegando a qualquer das 3 portarias, seus dados pessoais e do veículo são coletados (e repassados via rádio às outras portarias) e tem até as 16h para sair em umas das 3 portarias! Não perguntei a penalidade para quem fica depois do horário, porque não pretendíamos rodar após às 18h.
Nesta parte do trajeto encontramos com um casal de argentinos que estão viajando de van para conhecer o Brasil e suas belezas. Página no Instagram: @nuestrosuenoesinfinito.
Chegamos à Portaria 3 faltando poucos minutos para o fechamento. Depois de dialogar com o responsável e termos autorização de seguir direto para a Portaria 2 no distrito de São João da Canastra (daria tempo antes de escurecer), seguimos viagem por mais 32 km. Distrito bem estruturado, com vários campings, pousadas, mercearia, bares! Coisa simples, mas encontra de tudo. Combustível ??? Não perguntei se alguém teria; e/ou venderia em caso de emergência.
Dia amanhecendo, leite; café com pão fresquinho, queijo (claro, da Canastra), pão de queijo. Abastecidos de água, seguimos novamente para a Portaria 2 e entramos novamente no parque! Nosso destino: cachoeira do Fundão (o nome é realmente apropriado). Mais 18 km a partir da Portaria 2. Quem se dispõe a ir nesta cachoeira, prepare-se: até certo ponto a estrada é ótima, depois de uma placa de alerta:
Atenção: Acesso permitido somente de veículos 4×4 com Redução.
Acredite, a estrada é extremamente perigosa. Eu particularmente, com menos experiência em terra, tive vontade de voltar em alguns momentos… mas não tinha como. Estava no meio de um morro íngreme. Foi o famoso: vai ou racha!! Deste ponto péssimo à cachoeira são cerca de 3 km e ainda tivemos que atravessar um córrego com as motos ou acabar de chegar à pé. Depois de deixar as motos, ainda subimos uma ladeira de pedras, com escadas, cordas já colocadas e chegamos à queda d`água. Sem palavras para tentar descrever tanta Beleza e Paz.
Para sair daquele local foi um pouco mais fácil. Eu ainda consegui cair em uma vala e depender da força braçal dos companheiros para vencer uma ladeira. Mas para subir, todo Santo ajuda!
Ao voltarmos para a estrada principal do Parque nosso destino era obviamente a Nascente Histórica do Rio São Francisco (aproximadamente 1.200 m de altitude – mas na Serra tem locais com altitude mais elevada); destino, creio eu; de todos que vão à Serra da Canastra.
Mas 13 km antes tem a Garagem de Pedra e um belíssimo visual do maciço de serras ao fundo. Rodando mais 28 km (saindo 7 km da principal), fomos conhecer a parte alta da Cachoeira Casca D´Anta, lugar também maravilhoso de bonito. Nascentes cristalinas do meio das pedras. Fácil acesso, estradas boas, tem no local banheiros limpos e novos e tem como se banhar nas águas frias. Tem que conhecer, vale a pena!
Saindo da cachoeira, mais 5 km em direção à nascente, ainda tem o Curral de Pedra com um mirante. Mirante que lá de cima tem como realmente saber o porquê do nome: Curral de Pedra (os muros de pedra “dobradas” construídos sem argamassa).
Depois de mais 5 km, chegamos ao local, que é simples, mas como o silêncio na Serra é marcante, a sensação de Paz é muito grande. Ao menos me senti assim: realizei um sonhe e estou aqui escrevendo esta experiência! Dispensa maiores comentários!
Nesta última etapa (na Serra) de mais 6 km, chegamos ao Centro de Visitantes, local para informações, banheiros, água e rotas. Visualiza-se o parque todo através de mapas e fotos. E mais 1,2 km chega-se à Portaria 1. Desta portaria a São Roque de Minas são mais 8 km de estrada péssima. Muita poeira e somente descidas íngremes ao extremo.
Chegamos à cidade de São Roque, onde almoçamos. Um pouco de descanso e seguimos para Vargem Bonita. Foram 14,6 km de estrada de terra. Tem acesso por asfalto, porem são 27 km. Como já estávamos só rodando em terra e a proposta era esta, fomos.
De Vargem Bonita seguimos para São José do Barreiro. Foram mais 14,2 km de terra. O destino era a parte baixa da cachoeira Casca D`Anta. De São José até a cachoeira são mais 8 km de terra. Tem que pagar uma taxa de R$ 10,00 por pessoa. Nesta parte do parque o acesso de veículos tem restrições. No nosso caso, as motos ficaram do lado de fora. Faz-se uma caminhada de 1,6 km e chega-se à exuberante queda d´água de 185 m de altura! Coisa muito bonito de ver. A água é gelada! Caso necessite e queira ficar, a cerca de 500 m da entrada do Parque tem área de camping, restaurante, banheiros.
Detalhe desta entrada, através de uma trilha de 3 km serra acima chega-se à parte alta da cachoeira.
Pessoal lá disse que é em torno de 4 horas de caminhada, ou seja, para querer fazer este passeio, tem que começar de manhã para poder voltar, ou ter alguém na parte alta para você voltar por outros pontos turísticos. Ou ainda, fazer o inverso, começar por cima e chegar na parte baixa!
Depois desta visita, resolvemos voltar para casa. Fizemos o trajeto de volta por estrada de terra até Vargem Bonita e depois viajamos, já em asfalto, durante o pôr do sol, até a cidade de Pimenta, onde ficamos em um hotel. Foram 90 km. Na manhã seguinte, com mais 198 km chegamos à nossa casa com a alma lavada de tantas visões bonitas!!
Passeio impar com amigos também impares.
Sugestões: levem água, repito; estejam dispostos a se sujar, literalmente, seja de moto, carro ou bike. Creio que de moto, se não for no estilo Traill (as Bros deram show) seria difícil rodar por lá. Carro, sem ser 4×4, só nas principais estradas da Serra. Bikes, bom; estas vão no ombro se precisar! Na Serra, nada é fácil nem perto.
Período: 12 a 14 de setembro de 2019
Moto: Bros 150 ano 2013/14
Total geral: 904 km no meu marcador, sendo 320 km por estradas de terra
Média de 40,51 km/l
José Pereira
Lobo Solitário Moto Grupo
Pará de Minas – MG
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