Por todos os caminhos da Estrada Real

O paulistano Saulo realizou o que muitos brasileiros sonham fazer, mas sempre adiam por diversos motivos: ele percorreu os quatro caminhos da Estrada Real pilotando uma moto. Procurando ser o mais fiel possível aos roteiros originais, 85% do percurso realizado foi em estradas de terra.

Segundo Saulo, a viagem foi feita sem GPS, sem roteiro detalhado, sem grandes equipamentos… Somente uma muda de roupas, algumas ferramentas, uns trocados e sua Yamaha XTZ 250 Lander com a qual foi à busca dos marcos da histórica estrada.

Caminho Velho

Ele começou sua aventura pelo Caminho Velho, que tem 710 km e liga Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, a Ouro Preto, nas Minas Gerais, passando por Traituba, Carrancas, São Sebastião da Vitória, São João Del Rei, Tiradentes, Prados e Lagoa Dourada.

Com muitas histórias para contar, o Caminho Velho foi a primeira via aberta oficialmente pela Coroa Portuguesa para o tráfego entre o litoral fluminense e a região mineradora. São localidades que aliam a cultura típica de Minas Gerais, um combinado entre as raízes indígenas, africanas e europeias. Essa riqueza é responsável por atrativos como a arquitetura única de Ouro Preto, a gastronomia reconhecida internacionalmente de Tiradentes, as grandes estâncias hidrominerais do Circuito das Águas e a cultura latente de Paraty.

Caminho dos Diamantes

Em seguida ele percorreu o Caminho dos Diamantes. Com 395 km, liga Ouro Preto a Diamantina, também nas Minas Gerais, passando por Bento Rodrigues, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Morro do Pilar, Serra do Cipó, Conceição do Mato Dentro, Serro, Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras.

O Caminho dos Diamantes passou a ter grande importância a partir de 1729, quando as pedras preciosas de Diamantina ganharam destaque nas economias brasileira e portuguesa. Além da história de seus municípios, da cultura latente e da gastronomia típica, o Caminho dos Diamantes destaca-se pela beleza natural. Atrativos que somam aventura, natureza, história e cultura dão o tom das viagens pelo Caminho dos Diamantes da Estrada Real.

Caminho do Sabarabuçu

O terceiro trecho foi o Caminho do Sabarabuçu. Com 160 km, Liga Catas Altas a Glaura (distrito de Ouro Preto). Esse caminho, identificado recentemente, constituir-se-ia numa extensão do Caminho Velho, que assim atingia as vilas de Sabará e Caeté, passando por Cocais, Rio Acima e Acuruí. Esta variante tinha como referência o rio das Velhas e a serra da Piedade, no alto de Caeté.

Há cerca de trezentos anos, as serras íngremes do trecho, cortadas por cursos d’água como o rio das Velhas, eram vistas como verdadeiros tesouros, onde seria possível achar ouro e outras pedras preciosas. Essa crença se devia ao brilho que a atual Serra da Piedade (antigo Pico de Sabarabuçu) tem. O que os bandeirantes imaginavam ser ouro era, na verdade, o minério de ferro do topo da montanha, que reflete a luz do sol.

Para chegar até a serra que reluzia, esses viajantes buscaram uma rota alternativa entre Ouro Preto, no Caminho Velho, e Barão de Cocais, no Caminho dos Diamantes. Foi aí que surgiu o Caminho de Sabarabuçu. O caminho segue margeando o rio das Velhas e tem a Serra da Piedade, do alto dos seus 1.762 metros, como um dos atrativos. Além da mítica história da serra que reluz, ela servia também como referência de localização para a chegada às minas a partir de Raposos, Sabará e Caeté.

Caminho Novo

O quarto e último caminho percorrido por Saulo foi o Caminho Novo. Com 515 km, liga o porto e cidade do Rio de Janeiro a Ouro Preto, passando pela região das atuais Petrópolis, Juiz de Fora e Barbacena.

O Caminho Novo é o mais jovem da Estrada Real. Sua criação começou a ser definida em 1698, mas foi entre 1722 e 1725 que a rota estava finalmente definida. Repleto de atrativos turísticos, ele guarda dezenas de vestígios da época mineradora, um verdadeiro convite para o viajante.

Aberto para ser alternativa mais rápida e fácil ao Caminho Velho, o Caminho Novo guarda para os turistas uma série de elementos da época das bandeiras e das primeiras explorações do território. São túneis, chafarizes e fazendas, hoje transformadas em confortáveis meios de hospedagem, que resgatam construções e costumes dos séculos XVIII e XIX.

Com um relato rico e ilustrados por mutas fotografias, Saulo registrou sua viagem em seu blog Moto e Rutas Uma Paixão.


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