Giro pelas Geraes

Sexta-feira, saímos de casa às 07h10 com destino a Belo Horizonte. Zeramos o hodômetro da moto à beira da Fernão Dias, em Guarulhos. Viajar sós nunca foi nossa preferência. Sempre que saímos assim lamentamos que os amigos não estejam conosco na estrada, pelo prazer da companhia e também pela segurança que adicionam à viagem. Mas, queríamos muito, há muito, fazer este giro pelas Geraes, então fomos lá.

O deslocamento entre São Paulo e Belo Horizonte foi tranquilo. Cerca de 50 km trafegando em corredor, com um trecho contínuo de 34 km. Tenso, mas com cautela, superado. Depois, velocidade média de 110 Km/h e paradas a intervalos de cerca de 150 Km. O único susto foi o estouro do pneu de um caminhão bem à nossa frente. Estávamos a uns 100 metros dele e realmente, o barulho e os pedaços de borracha voando pra todo lado tiram qualquer motociclista do transe. Felizmente sem danos, exceto para o dono do caminhão.

Na chegada a Betim, chuvisco. Não paramos para colocar capas. O vento secou as pernas das calças antes de chegarmos ao Ibis Afonso Pena, que foi localizado sem dificuldades. Fizemos contato por telefone com os amigos Rômulo Provetti e Jorge Canellas. Combinamos passeio com o primeiro e jantar com o segundo. Saímos para jantar no Maria das Tranças (dica do Rômulo), mas estava fechado. Aliás, Sexta-feira Santa, quase tudo fechado em BH.

Caminhamos até o shopping Pátio Savassi, jantamos na praça de alimentação e fomos dormir.

No sábado às 08h15, o Rômulo chega ao hotel. Seguimos direto para Ouro Preto. Uma boa caminhada, uma visita (paga!) a uma bela igreja, algumas fotos e um bom café. A cidade estava confusa, lotada de turistas, com montagem de palco, luzes e som para um evento, trânsito nervoso. É uma bela cidade, que eu e Solange não conhecíamos, mas penso que deve ser visitada fora de feriados prolongados.

Seguimos para Mariana, pensando em visitar a Mina da Passagem. Antes, um delicioso almoço em um restaurante que, se não tivéssemos sido guiados pelo Mineiro, jamais conheceríamos. Casa de família, com serviço atencioso e comida farta que saciou a vontade da Solange de comer Tutu à Mineira. Ao sair, fomos à Mina, mas a bilheteira nos desanimou, informando haver uma espera de duas horas para o passeio. Repito: penso que deve ser visitada fora de feriados prolongados.

Há males que vem para o mal, mas este veio para o bem, pois não tendo feito o passeio pela Mina – que pretendemos fazer na próxima visita a Mariana – seguimos para Catas Altas, contornando a Serra do Caraça. É fácil gostar das estradas mineiras. Curvas, muitas curvas, subidas, descidas e uma paisagem que desperta os sentidos a cada curva. Mas o caminho de Mariana a Catas Altas foi uma surpresa fantástica. Contornar o Caraça foi inesquecível e a bucólica Catas Altas nos surpreendeu com uma cervejaria que, por si só, vale uma visita à cidade. Em tempo: em 3 de maio haverá um festival de cervejas artesanais no local. Fico imaginando aquilo à noite, ao som de um bom Blues, com uma boa cerveja… Queremos voltar a Ouro Preto, mas também temos certeza de querer voltar a Catas Altas.

Voltamos a BH pelo “lado de lá” da Fernão Dias, que lá não se chama Fernão Dias, mas apenas BR-381, conhecida neste trecho como “rodovia da morte”. Mas, capitaneados pelo experiente Rômulo, chegamos rápido a BH. E, de novo, secos.

Por falar em Rômulo, quando conversamos na sexta à noite ele sugeriu passeios pelos “locais menos turísticos”. Agradeci, mas disse-lhe que “a primeira vez em New York exige visita ao Empire State, à Estátua da Liberdade e a Manhatan”. Devia tê-lo ouvido, pois o único lugar “fora do eixo” foi o mais agradável, do ponto de vista do passeio de moto. Sempre aprendemos.

No sábado à noite fomos tomar um chope com petiscos na Choperia Albanos, o “mais tradicional chope de BH, premiado 13 vezes pela Vejinha e…”. Prêmios merecidos! Foi muito bom encontrar o Jorge Canellas e conhecer a Renata, a Catharina e o doce João. Bom papo, ambiente familiar, tudo de bom. Pena que não voltamos a nos ver, pois…
…como o Rômulo não poderia nos acompanhar no passeio de domingo a Congonhas, São João Del Rei e Tiradentes, decidimos deixar BH e pernoitar mais perto de São Thomé das Letras, destino de segunda-feira. A ideia era evitar a volta de Tiradentes a BH para, no dia seguinte, retornar a São Paulo. Uma economia de aproximadamente 240 km e dois ou três discos intervertebrais.

Escolhemos Lavras apenas pela localização. Saímos do hotel às 8 horas e seguimos direto para Congonhas. Conhecemos os Profetas de Aleijadinho e comemos um pão de queijo que deve ter sido feito em Teresina (argh!). Saímos de Congonhas com destino a Tiradentes. Paramos em uma vendinha para uma água e conhecemos o Sr. Zé Raimundo, que nos presenteou com o CD de Rock da banda do seu filho. Ainda não ouvimos, mas no meio das Geraes, conhecemos o pai de um roqueiro. É mole? Não, é Rock!

Tiradentes é muito lindinha, nos lembrou Penedo. Mesma pegada charmosa, com muitas lojinhas e restaurantes descolados. Tomamos um café no Marcas Mineiras e recomendamos tudo por lá. Do atendimento da gentil Michele à comida, da decoração à música ambiente de ótima qualidade, das peças exclusivas em vidro e maravilhosos enxovais ao local em si, algo distante do agito de Tiradentes. É um lugar do qual não se quer sair.

De Tiradentes seguimos para São João Del Rei. Não sei se estávamos no lugar certo, mas tudo parece girar em torno da estação de trem, pois a Maria Fumaça que liga a cidade a Tiradentes é a grande atração. Havia uma tenda enorme ao lado da tal estação, na qual ocorria a inevitável Feira de Industrianato. Por cerca de 30 minutos, parecia que estávamos na Galeria Pajé.

Saímos de São João Del Rei direto para Lavras, mas demoramos um pouco para acessar o hotel, pois no caminho havia uma procissão, com padre, fiéis e banda da PM. Nada que nos irritasse, pois chegamos ao hotel às 18h00. Aliás, uma coincidência a comentar. No sábado, chegamos do passeio às 18h00, no domingo, chegamos do passeio às 18h00 e hoje, chegamos de viagem às 18h00. Sem que isso fosse planejado, ficamos sempre das 08h15/08h20 às 18h00 passeando. Perfeito!

Bem, por fim, São Thomé das Letras. Um lugar tido como místico, tem no seu horizonte o significado da palavra “infinito”. É fato que não fomos conhecer as atrações em volta da cidade, que são o atrativo do local. Merece uma visita com hospedagem para passeios às diversas cachoeiras, mirantes e nascentes. Nos lembrou Maringá (de Mauá) e Monte Verde, mas muito mais bichogrilado. Quem habitou Saquarema ou Trancoso deve viver hoje em São Thomé. Queremos voltar, com calma e tempo.

Bem, é isso. A viagem de volta foi surpreendentemente tranquila. Ao contrário do que prevíamos, corredores em poucos trechos, apenas entre Bragança e Mairiporã. Mais de 1.700 Km percorridos em 4 dias, pela belíssima e acolhedora Geraes, visitando Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana, Catas Altas, Congonhas, Tiradentes, São João Del Rei, Lavras e São Thomé das Letras. Não tem preço!

Agradecemos ao Rômulo pela sempre inestimável companhia e segura condução. Congratulamos Jorge e Renata pelos lindos filhos. Uma bela família, que cativa quem os conhece. E convidamos a todos a programarmos o próximo roteiro, afinal, o feriado de 1º de maio tá chegando…


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