Esta foi mais uma daquelas viagens que acontecem de repente, que não envolvem muito planejamento. A ideia de fazer um passeio percorrendo algumas das principais cidades históricas de Minas Gerais já existia, bem como conhecer um pouco do percurso da famosa Estrada Real (Estrada construída no século XVII com a intenção de ligar as minas de ouro e diamantes localizadas no interior do Estado aos portos de Paraty e Rio de Janeiro) que corta a maioria dessas cidades.
Apesar de existir, o projeto não tinha data. Foi então que, aproveitando a folga do final de semana, na sexta-feira, dia 5 de dezembro, resolvi partir para essa aventura.
O primeiro passo foi fazer o contato com o Instituto Estrada Real pelo site e solicitar a emissão do Passaporte da Estrada Real em um dos pontos de retirada credenciados, nesse caso na cidade de Tiradentes.
Moto preparada, manutenção em dia, tudo pronto para pegar a estrada na manhã de sábado. Acordei as 5h da manhã, terminei os últimos preparativos carreguei minha companheira, uma Honda CB500X 2015, abasteci, calibrei os pneus e saí pela estrada. Saí de Bom Despacho (MG) às 06h30 passando pelas BR-262, BR-494, pela cidade de Divinópolis até acessar a BR-381 no município de Oliveira, onde fiz minha parada para o café da manhã às 8h na Lanchonete Curral de Minas (ponto de parada obrigatório quando sigo para aquelas direções).
Saindo da BR-381, acessei a continuação da BR-494, passando agora pelas cidades de São Tiago e Ritápolis até chegar à cidade de São João Del Rey, que seria um de meus destinos. Devido ao horário e ao meu primeiro compromisso, segui direto para a cidade de Tiradentes, passando pela rodovia asfaltada (BR-265) até o trevo da cidade.
Na entrada de Tiradentes passei por uma barreira sanitária, medidas de controles importantes em tempos de pandemia. Depois segui para o centro histórico à procura do SESI/FIEMG, ponto de retirada e carimbo do passaporte. Apesar do calor intenso e das ruas pavimentadas por enormes pedras irregulares, o que tornava complicada a pilotagem da motocicleta, não foi difícil encontrar o local. Ao entrar, fui muito bem recebido pelo funcionário que prontamente me atendeu, emitindo meu passaporte e já carimbando e registrando minha passagem pela cidade.
Cumprida a missão, passei então a visitas rápidas a alguns pontos turísticos, algumas fotos e já me coloquei novamente na estrada. O objetivo agora era voltar a São João Del Rey, para visitar alguns pontos, tirar fotos e carimbar o passaporte, registrando assim, minha passagem pela cidade.
Desta vez optei por um caminho alternativo para regressar a São João, passando pela estrada calçada que faz parte do percurso da Estrada Real. São cerca de 10 km de um calçamento em boas condições, passando pelo marco zero da Estrada Real, um monumento comemorativo à demarcação turística da estrada, construído à margem da mesma entre Tiradentes e São João Del Rey ao lado de uma linda cachoeira. Pausa para foto e segui caminho rumo a São João.
Chegando à cidade, uma pausa para foto em frente a imponente igreja de São Francisco de Assis, cartão postal da cidade. Uma passada na Pousada Magnólia, local onde me hospedei na primeira vez que estive na cidade, para carimbar o passaporte e seguir viagem rumo a Congonhas.
Saindo de São João Del Rey, segui pela rodovia BR-383, passando por interessantes e conhecidas cidades, como Resende Costa famosa pelos seus artesanatos e Lagoa Dourada, famosa pelos seus rocamboles.
Infelizmente, devido ao pouco tempo para completar o percurso e ameaçado por nuvens de chuvas que se formavam à minha frente, não foi possível visitar esses locais. Segui viagem parando em um restaurante próximo ao município de Entre Rio de Minas para almoçar. Restaurante Café com Prosa, comida excelente. No local, encontrei com um grupo de motociclistas que, após terem feito suas refeições, permaneciam no lugar fazendo jus ao nome do estabelecimento, ou seja, prolongando a prosa.
Segui viagem ainda pela BR-383 até acessar a BR-040, já próximo à cidade de Congonhas. Chegando à cidade me coloquei a encontrar o caminho até o Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, onde se encontram as estátuas dos 12 profetas, esculpidas em pedra sabão pelo artista Antônio Lisboa (Aleijadinho). Após subir algumas ladeiras, cheguei ao santuário. Moto estacionada, algumas fotos da igreja e seus profetas, fui em busca do carimbo do passaporte, dessa vez no Centro de Atenção ao Turista.
Saí da cidade de Congonhas às 14h15 rumo ao último destino do dia, a cidade de Ouro Preto. Segui pela BR-040, sentido Rio de Janeiro até o entroncamento com a MG-030. Acessei a MG-030, logo após a MG-443 até a cidade de Ouro Branco. Após atravessar Ouro Branco, segui pela MG-129 até chegar a Ouro Preto.
Lá estava eu novamente após alguns anos, na histórica Ouro Preto. Apesar de já conhecer a cidade, desta vez o meio de transporte escolhido foi a novidade. Era minha primeira vez de moto em Ouro Preto. Dirigi-me, então, à bela Praça Tiradentes, onde assim que parei, fui recebido pelo Sr. Pedro, uma pessoa muito prestativa que já me auxiliou na escolha de uma boa pousada. E assim escolhi e me dirigi à Pousada Bandeirante, que se localiza em uma das muitas ladeiras de pedra da cidade. Check in realizado, alguns minutos de descanso, um banho para aliviar o calor e pronto… Era hora de caminhar um pouco pelas ladeiras.
Estar em Ouro Preto é sempre uma nova emoção. O clima da cidade, a riqueza cultural, sua arquitetura, as igrejas no estilo barroco… A cidade exala história por todos os cantos. Após uma caminhada pelas ladeiras, escolhi uma mesa na choperia Chopp Real, onde degustei um delicioso chope artesanal da cervejaria Ouropretana, ao som de um artista que tocava violão entoava ao vivo algumas canções de MPB. E foi nesse clima que a tarde se foi e a noite caiu sobre a antiga capital de MG. Recolhi-me então à pousada e iniciei os preparativos para o próximo dia.
Acordei às 06h30. A intenção era tomar o café da manhã na pousada e pegar estrada. Mas as condições do tempo mudaram meus planos. O dia amanheceu chuvoso. A íngreme ladeira de calçamento em pedra, onde se localiza a pousada, estava molhada e escorregadia, tornando perigoso sair com a moto. Sem mais opções, recolhi-me ao meu quarto e passei a esperar por melhores condições, sempre atento à previsão do tempo que prometia estiagem às onze horas da manhã.
Conforme previsto, a chuva deu uma trégua por volta das onze horas. Hora de aproveitar e pegar estrada. Mas antes fui em busca da Pousada Solar de Maria, ponto de carimbo de passaporte. Não podia deixar de registrar minha passagem por Ouro Preto. Passaporte carimbado, saí rumo à cidade de Mariana, que até então não conhecia.
Chegando a Marina, fiquei impressionado com a riqueza histórica da cidade. Dirigi-me à Praça Minas Gerais onde ficam as igrejas de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Carmo. Infelizmente uma delas se encontrava em reforma no dia.
Foto registrada, fui à procura da pousada Contos de Minas para mais um carimbo no meu passaporte.
Saindo de Mariana, peguei a rodovia MG-129 com destino à cidade de Catas Altas. Mal acessei a estrada e começou uma chuva bem levinha, mas que molhava bem o asfalto, exigindo uma pilotagem mais cautelosa. No trajeto entre as duas cidades, passei próximo ao distrito de Bento Rodrigues, local que foi palco do rompimento da barragem de Fundão em 2015, causando um enorme desastre ambiental. Era a primeira vez que passava por essa estrada e fiquei maravilhado com a vista das grandes montanhas de pedra às margens da mesma. Até a chuva que parecia atrapalhar contribuiu para formar uma linda paisagem com nuvens baixas no entorno das montanhas.
Cheguei a Catas Altas por volta das 12h30. Como era bom estar de volta nesta charmosa cidade. Estacionei a moto na Praça Monsenhor Mendes para algumas fotos. As montanhas da Serra do Caraça conferem um visual incrível ao fundo da pequena cidade.
Fotos garantidas, fui carimbar meu passaporte no restaurante La Violla. Devido ao meu atraso por causa da chuva optei por não almoçar, porque o restaurante servia apenas pratos à la carte. Preferi voltar para a estrada e procurar um Self Service para ganhar tempo.
Segui pela rodovia MG-129 passando por Santa Bárbara e Barão de Cocais, onde acessei a MG-436 e segui até o entroncamento com a BR-381, que peguei sentido capital Belo Horizonte.
O projeto inicial contemplava uma visita ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade, na cidade de Caeté, mas devido ao atraso e à instabilidade do tempo, achei prudente cancelar essa etapa. Parei no restaurante Campolar, próximo ao trevo para Itabira, para almoçar. Um ótimo almoço com comida de excelente qualidade e prestigiando ainda um show ao vivo de uma dupla de músicos.
Finalizava ali então, minhas visitas às cidades históricas e à Estrada Real. Terminado o almoço, coloquei-me no caminho de volta para casa. Segui pela BR-381 até Belo Horizonte e logo após peguei a BR-262 para percorrer os últimos quilômetros até minha cidade.
Cheguei a Bom Despacho às 18h30, muito feliz por ter voltado a essas cidades que sempre me encantaram por sua beleza e riqueza histórica e cultural.
Ficou agora um desejo de voltar, completar a etapa que não consegui fazer por causa da chuva e uma vontade enorme de me aventurar mais pela Estrada Real, conhecendo novos caminhos e lugares.
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