Dançando com minha “boneca” Honda Gold Wing no Tail of the Dragon on road US 129, onde o perigo está sempre presente, mas a emoção é forte. Sei tambem que se os limites forem excedidos “ela” pode acabar em dança. Não dá para não se apaixonar!!!
Ainda no Rio de Janeiro:
– Comprei uma Harley Davidson Road King. Trouxe-a para Cabo Frio e após uma semana resolvi vendê-la: cheguei à conclusão que jamais a dominaria. Um amigo, ao saber do motivo da venda, apresentou-me ao Comandante Cyro que se dispôs a ensinar-me a Técnica das Polícias Americana e Canadense. Começamos no mesmo dia e após 3 ou 4 aulas desisti definitivamente de vender a moto e pela primeira vez me senti completamente seguro. Isto é uma coisa que jamais cansarei de falar, se não fosse o aprendizado das técnicas de pilotagem da polícia norte-americana com o Cyro, com toda certeza jamais me atreveria a fazer viagens de motos.
Aproveitando uma das viagens aos USA fiz o curso do Jerry Paladino ex-US COP (Ride Like a Pro) em Los Angeles, e constatei que as aulas do Comandante Cyro eram bem mais completas e didáticas! Assim é que continuo aprendendo, treinando, fazendo cursos, lendo e colocando em prática os conhecimentos que venho adquirindo e, em especial, as aulas do Cyro com quem tive o prazer e o privilégio de formar uma parelha, aqui nos USA, com duas veteranas Gold Wing, e rodamos pela Virginia, North Carolina, Tennessee, New York, Maryland, West Virginia, Ohio, Pennsylvania e Michigan, onde o ponto alto foi uma louca disparada pela famosa “Tail of the Dragon” onde os limites de velocidade foram excedidos, confesso envergonhado.
Num teste drive de uma Electra Touring nos USA, o funcionário pediu–me para dar uma volta ali mesmo no pátio da loja, meio desconfiado. Mas após um pequeno trecho curto, o gerente me parabenizou e apontei para o Comandante Cyro, caprichei na pronúncia e mandei: “- He’s my teacher”. Acho que dealer ficou pensando que faço as mesmas manobras e com a mesma classe que ele viu o Cyro fazer no filme. Hoje já tenho diploma de pós graduação!
Viajem de moto pelos USA
Com duas motos compradas – Gold Wings Aspencade digital, bege nominada de Sabrina Sato, do Cyro e uma preta para mim.
Ao sair de casa, em CVille, pela grama molhada, Virginia USA, casa da filha do Cyro, tombei escorregando. Essa técnica Cyro devia ter comentado, ficou devendo, mas agora já aprendi! Mas Ele já havia me dito que motos são como aviões de caça, você aprende, mas na maioria das vezes voce está por conta própria, improvisando para melhor! Se quizer vencer!
Numa outra viajem aos USA
Ensino quase totalmente completo! Já com a Gold Wing preta vendida, e no lugar uma Road King Police.
Um dia, após um churrasco com o Drew (o cara que me vendeu a moto) resolvemos convidá-lo para o passeio. No melhor da festa descobri que a bateria de minha moto tinha ido para o “vinagre”. A Helô (nome que dei à nova moto) pegou no tranco e consegui chegar até uma cidadezinha próxima e entrar no estacionamento de uma floricultura. O dono ameaçou chamar a polícia quando viu três motoqueiros “malvadões” invadindo seu estacionamento. Após acalmá-lo conseguimos rebocá-la para a concessionária HD na cidade de Orange para trocar o “extator”. Não tive alternativa senão voltar na garupa da Sabrina Sato com o Cyro fazendo um monte de presepadas. Mal sabe ele que um artista não se impressiona com facilidade. Enquanto vínhamos pela estradinha ele levava a pobre da Sabrina a bailar nas curvas apertadas. Ele ainda estava se adaptando à nova configuração da moto, afinal eram mais 90 Kg sobre a roda traseira. Quando encaramos o trânsito da cidade parece que ele finalmente pegou a “mão” e começou o festival de raspadas de pedaleira e de escapamento, para espanto dos motoristas que vinham atrás ou ao nosso lado. Interessante como você não se preocupa ao perceber que o piloto sabe o que está fazendo. Algumas caronas que peguei, a 5 Km/h, me causaram muito mais preocupação do que andar a 90 milhas/h, de carona com o Cyro, tirando meu receio, devolvendo minha confiança quando se percebe que o piloto sabe controlar a máquina. Cyro já fez moto-velocidade e sabe muito, mas muito mesmo, sobre pilotagem e nunca se furtou a ensinar-me o que sabe. Constantemente praticamos juntos e temos oportunidades de trocar idéias, corrigir minhas falhas e refazer curvas buscando o continuo aperfeiçoamento.
Já com a minha “boneca” pronta, Continuamos os passeios.
Às tantas, num trecho em obras, vejo lá na frente o Cyro, e atrás dele uma pick-up branca com um monte de lâmpadas piscando. “Vão passar a pulseira nele e não vou perder isso por nada desse mundo!”, pensei. Ví eles entrando num “outlook”, acelerei e entrei também e ví o “cop” já fora da viatura, com a mão direita próxima à arma, mantendo uma distância razoável daquele motoqueiro louco que tentava tirar o capacete. Só quando viu que se tratava de um senhor com cabelos brancos foi que o “cop” relaxou. Relaxou tanto que permitiu-me fotografar o Cyro recebendo um “ticket” por excesso de velocidade na Blue Ridge Parkway. Heading to the tail of the Dragon, US 129 NC / Tenesse, a velocidade limite na maior parte é de 45 mi/h. Pego a 90 mi caindo para 60 mi/h, arrastando as saias da “boneca” na curva que o Policial estava parado e observando, aquele lindo asfalto, dos gringos, sendo riscado pelos footpegs de uma moto. Cyro viu no retrovisor um carro, virar uma verdadeira árvore natalina e sonora. Resumindo, um belo e big ticket dos Cops! para pagar ou ser procurado pelo FBI como – most wanted!! Depois da cena, presenciada por um monte de turistas, pensei que o Cyro ia sossegar o facho. Ledo engano. Quando pedi a ele para maneirar na pilotagem ele respondeu: “Calma, não fica nervoso, um avião não cai duas vezes no mesmo lugar, vou sentar a botina para tirar a diferença ! E foi assim que a viagem prosseguiu até Robbinsville onde chegamos debaixo da maior “pauleira”: chuva, vento e anoitecendo. Foi um alívio quando encontramos o hotel com o estacionamento lotado de motos, embora a possibilidade de rodar no Rabo do Dragão com aquele tempo fosse remotíssima.!
Helio R Silva – Já Pós graduado!
Em uma dessas paradas saí bem na frente do Cyro. Ao fazer uma curva deparei-me com o asfalto tomado por grama recém-cortada e molhada. Os gringos aparam a grama do acostamento com uns carrinhos que recolhem a grama cortada num saco acoplado, mas neste caso ele não tinha o sacana do saco e coalhou a curva de grama verde. Havia, ainda, um trilho no meio daquele tapete de grama, fechei o punho e consegui colocar a moto no trilho salvador ao mesmo tempo em que pensava: “- O Cyro vem abrindo o gás para me alcançar e talvez não tenha tempo de ver o tapete de grama escorregadio”. Reduzi a velocidade e fiquei de olho no retrovisor, ele realmente veio “quente”, as duas rodas pisaram na grama e lá foi ele escorregando com as duas para o acostamento onde conseguiu que a moto ganhasse tração a um palmo da “terra de ninguém”. Foi sorte ? Claro que você tem que contar com ela, mas foi uma demonstração de como jamais você deve desistir de uma manobra e tratar de fazer a sua parte para sair do problema. Sem dúvida foi uma linda demonstração de controle!
Paramos num overlook para raciocinar por onde deixaríamos a reserva para almoçar. Então perguntamos a um casal, beirando uns 80 anos, cada qual em sua speed. Mandaram a gente segui-los que nos indicariam uma saída para comermos. Ai houve um comentário: – Hélio teremos que maneirar ao acompanhá-los. Mas a ” velha é o bicho chupando manga e o Cyro saiu atrás, abrindo todo o gás e arrastando as saias da “boneca” no asfalto de novo, mas ele se lembrou de mim. O Cyro, não sei se pensou o mesmo ou ficou preocupado comigo, voltou ao ritmo de espera, também já havia levado um ticket por alta velocidade, momento em que eu inclusive brinquei pedindo ao policial para ele por a pulseira nele logo, para uma foto de lembrança do dia que tinha ido conhecer a cadeia dos gringos. Entendam que o ritmo normal não é daqueles que ficam murrinhando, andamos numa velocidade acima da média da maioria, principalmente nas curvas, mas a velha era o bicho. Mais à frente, voltamos a encontra-los e ela falou para o Cyro que sua vida, ultimamante era em cima de uma moto viajando. Despedimo-nos e tomamos nosso rumo com auto-estima um pouco avariada, mas fazer o que? O raio da velha pilota pra cacete e não posso fazer nada a respeito disso, apenas reconhecer e reverenciar uma verdadeira virtuosidade
Quando chegamos no trecho onde termina o Dragão, lembrei-me de todos os ensinamentos: respiração, olhar, rotação, peso na pedaleira, foco e, principalmente, caprichar no contra-esterço. Apos a primeira curva tudo ficou mais fácil, respiração compassada, olhar no ponto em que quero que a moto vá, rotação no mínimo a 4.500 RPMS, peso na pedaleira interna da curva, olhar no alvo adiante, atenção total no trabalho e contra-esterçar com decisão, para que a moto mantenha a inclinação que a curva requeira, próximo à velocidade máxima que cada curva exija. Então recebi um parabéns de pós graduação em técnicas de manobras em curvas fechadas com motos pesadas. Pós graduado com louvor! Fazendo jus agora a uma porcentagem de apenas 2% dos motociclistas com ampla capacidade de habilidade e conhecimentos técnicos.
Aos senhores amantes do motociclismo, acompanhem minhas aventuras em um passeio nas estradas famosas dos USA, como as da Blue Ridge Pakrway saindo de Cville – VA para o Gatlinburg – Tennessee onde iniciamos e terminamos com com sucesso abssoluto o circuito da US 129 do Tail of the Dragon, com 2 overnights no Deals Gap, que é o ponto central dos circuitos da área em viagemdemoto.com/aventuras-geriatricas.
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