1º dia – Maringá a Guaraqueçaba
Nesse primeiro dia de viagem, rodei mais ou menos 593 km e cheguei à Reserva de Salto Morato às 19 horas. Eu já nem acreditava que iria atingir meu objetivo do dia. A Guarda Parque ficou assustada ao me ver chegando a essa hora no parque, mas depois de explicar que já estava viajando desde cedo e que já tinha rodado quase 60 km em estrada de terra, já anoitecendo e debaixo de chuva, me deixaram entrar no parque e ir para o camping. Único campista do parque, montei minha barraca e desmaiei dentro dela.
2º dia – Reserva de Salto Morato
No dia seguinte, fui conhecer a reserva. A queda d’água Salto Morato, que dá nome à reserva e outras belezas naturais, é um pedaço muito bem preservado da Mata Atlântica.
3º dia – Guaraqueçaba a Penha-SC
Saí da Reserva de Salto Morato e segui em direção a Morretes. Lá eu fiz a troca de óleo da moto e almocei num restaurante onde encontrei o Wagner, um gaúcho que também estava viajando de moto rumo ao nordeste. Ele me deu uma dica muito boa de um lugar pra conhecer, o cânion do Itaimbezinho, que fica no Parque de Aparados da Serra, divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
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Depois do almoço, segui em direção a Caiobá. Peguei o ferry boat e depois continuei em direção a Garuva pela BR-101 até Penha-SC, onde passei a noite num camping à beira mar. Eu estava tão cansado que nem quis ver a cara do mar.
Jantei e desmaiei na barraca. Nesse dia, rodei menos, foram só 265 km.
4º dia – Penha-SC a Torres-RG
Saí de Penha de manhã, seguindo pela BR-101 rumo a São José, próximo a Florianópolis. A partir daí, saí da BR-101 e entrei na BR-282 em direção a Bom Retiro, pois o objetivo do dia era passar pela Serra no Rio do Rastro. Nesse caminho, passei por belas paisagens da serra catarinense, lugares fantásticos que valem a pena conhecer.
O ponto alto da viagem, sem duvida, foi a Serra do Rio do Rastro entre Bom Jardim da Serra e Orleans. O lugar é tão bonito que não dá pra descrever, só vendo ao vivo mesmo.
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Depois de um dia cheio de paisagens incríveis cheguei a Torres-RS e me hospedei num hotel, muito bom por sinal.
5º dia – Parque de Aparados da Serra a Praia de Torres
Seguindo a dica do Wagner, saí de Torres e fui para Praia Grande, onde comecei a subir a serra. No início foi tudo bem, com a estrada asfaltada, mas depois de certo ponto acabou o asfalto e começou o cascalho, porém era cascalho solto, não estava compactado, o que dificultou um pouco a pilotagem, principalmente nas curvas, mas valeu a pena! Cheguei ao parque e fui logo caminhar pela trilha que leva ao cânion do Itaimbezinho e o lugar é mesmo muito bonito, fantástico!
Depois de ver essas maravilhas, desci a serra pela mesma estrada de terra e voltando a Torres foi conhecer suas praias e falésias. A paisagem é muito bonita, mas também muito fria, não deu coragem de salgar o couro! hehehe…
6º dia – Torres a Cassino
Rodei pouco mais de 450 km através da BR-101, mas foi muito cansativo por conta dos longos trechos de reta que são monótonos. O vento lateral, vez ou outra desestabilizava a moto e a estrada estava muito deserta, com poucos pontos de apoio e descanso. Mas cheguei a São José do Norte, onde fiz a travessia de balsa para Rio Grande. Esse é o ponto onde as águas da Lagoa dos Patos alcança o mar.
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Depois, segui para Cassino, onde fiquei num camping muito bom. Foi um pouco difícil montar o acampamento por conta do vento forte, mas deu tudo certo. Mais uma vez, como eu estava muito cansado, desmaiei na barraca, mas nessa noite, por causa do vento, passei um pouco de frio e no dia seguinte comprei mais um cobertor, hehehe…
7º dia – Praia do Cassino
Fiquei no camping ajeitando umas coisas, fui à praia dar um rolé e passei numa oficina pra ajustar a corrente da moto, que estava com um barulho estranho. Depois, voltei para o camping.
Enquanto eu estava por ali, na minha barraca, aproximou-se um menino que mora no camping e, como estava sem companhia pra brincar, me chamou pra jogar bola. Eu, que sou um perna de pau, fui bater uma bola com o garoto, hehehe…
8º dia – Cassino a Chuí
Desmontei o acampamento e peguei estrada cedo! Enquanto eu pagava o camping, conversei com um casal de mineiros que viajava num motor home. Me deram umas dicas sobre o Uruguai e a Argentina. Toquei minha viagem em frente para Chuí, rodei 240 km pela BR-471, passando pela Estação Ecológica do Taim, lugar muito bonito com muitas planícies alagadas, muitos animais, principalmente capivaras e aves. Fiquei muito chateado ao ver muitas capivaras atropeladas às margens da rodovia.
Dias depois de ter chegado em casa, recebi três “presentinhos” vindos dessa rodovia, três multas por excesso de velocidade. Sem comentários!
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Nesse trecho da viagem, houve um fato inusitado, já era hora do almoço e eu parei em um restaurante de beira de estrada. Perguntei à garçonete se elas faziam lanches, ela respondeu que fazia ‘misto’, (misto pra mim são duas fatias de pão, queijo, presunto e tomate). Então eu pedi um ‘misto’ e um salgado que estava na estufa do balcão, comi o salgado e esperei o ‘misto’! Eis que chega o ‘misto’… que nada mais era que um lanche de mais ou menos 25 cm de diâmetro e uns 10 cm de altura. Não precisa nem dizer que não dei conta, hehehehe, e com a barriga quase estourando, segui viagem.
Em Chuí, fui conhecer o famoso Arroio Chuí. Enfim, cheguei ao final do Brasil ou ao começo, depende do ponto de vista, hehehe… Na verdade, só tem a praia de bonita e fria, e o farol da praia. De resto, não tem nada de muito bonito pra se ver.
Hospedei-me num hotel e, no dia seguinte, atravessei a fronteira.
9º dia – Chuí a Montevidéu
Ajeitei a bagagem na moto e os documentos no bolso, sai do hotel e fui direto para a aduana uruguaia, onde apresentei os documentos e fui liberado para seguir viagem.
Rodei 330 km pela Ruta 9 até Montevidéu, passando por paisagens não muito diferentes das do Rio Grande do Sul, terrenos muito planos com pastagens e criação de gado, chegava a ser um pouco monótono.
Parei em Rocha para fazer câmbio, acabei tendo uma conversa com um comerciante que me deu algumas dicas de lugares para conhecer como Punta del Este, Punta Balena e Colônia del Sacramento.
Continuei a viagem direto para Montevidéu.
Chegando à capital, logo percebi que o trânsito é um pouco confuso e os motoristas adoram usar a buzina para tudo e para todos. De início, achei que buzinavam para mim por eu estar fazendo alguma besteira no trânsito, mas depois percebi que fazem isso para todos.
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Como não conhecia a cidade e com receio de me perder, não rodei muito atrás de um hotel, então me hospedei no primeiro que tinha uma aparência razoável. Acabei me dando mal, paguei caro por um hotelzinho que não oferecia nem café da manhã e o banheiro inundava porque o chuveiro espirrava água para todos os lados.
Saí para dar uma volta pela cidade e reparei o quanto aquele povo gosta de mate. No Brasil chamam de chimarrão, eles saem às compras abraçados à garrafa térmica e com uma cuia de mate na mão. Trabalham quase o tempo todo bebendo mate e enquanto esperam o ônibus, lá estão abraçados à garrafa térmica e à cuia. Acho que gostam dessa bebida mais até que o gaúcho!
A cidade de Montevidéu é muito bonita, com seus prédios antigos mesclados com outros de arquitetura moderna, praças muito bonitas e arborizadas com monumentos históricos bem preservados e, no trânsito confuso, como já disse, há muitos veículos velhos, alguns caindo aos pedaços ou cheios de remendos. Há muitos carros novos também. Me chamou a atenção uma moto Norton da década de 1950, imagino, toda cheia de gambiarras e ainda rodando pela cidade. Quanto ao povo, achei que são muito educados e até bem prestativos, porém tive a sensação de que não fazem muita questão de se fazer entender quando ia pedir alguma informação, se entendeu bem se não amém. Percebi que não é necessário saber muito o castelhano, dá pra se virar bem com o português por lá, porém quando eles resolvem falar rápido, aí fica difícil, e se você diz que não entendeu, eles fazem uma cara de ‘putz como você é burro…’ mas, acabam repetindo mais devagar e aí, da pra entender.
Apesar de ter achado a cidade interessante e ter muitas coisas para conhecer, o sentimento de solidão não me deixou ficar mais tempo naquele país. Cheguei à conclusão que viagens internacionais são boas de fazer acompanhado. No Brasil, em alguns momentos, tive essa sensação de solidão, porém não era tão grande quanto lá no Uruguai. Por aqui, sempre encontramos alguém com quem bater um papo no camping, numa praia etc, mas lá… tive dificuldade com isso, por isso voltei logo para o Brasil.
10º dia – Montevidéu a Rio Grande
Parti bem cedo da capital uruguaia e parei num posto de combustíveis para abastecer e comer algo, já que o hotel não oferecia café da manhã.
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Como estava mais frio que no dia anterior, tive que vestir mais blusa. Viajei numa época boa quanto ao clima, nem muito quente e nem muito frio, poucas chuvas, mas nesse dia o frio estava mais intenso.
O caminho de volta foi tranquilo como no dia anterior. Passei por Chuí e toquei direto para Rio Grande. Foram aproximadamente 600 km rodados nesse dia, com um pouco de chuva no caminho. Cheguei num hotelzinho de beira de estrada, exausto e desmaiei na cama. Conversando com o dono do hotel, ele me falou (como eu já imaginava) que é possível ir de Cassino a Chuí pela areia da praia, são aproximadamente 230 km de praia e é a maior do mundo. Eu pensei em percorrer esse trajeto, mas acabei não fazendo e fui pela rodovia mesmo, o que foi muito bom, pois o dono do hotel disse que, apesar de ser possível percorrer a praia de moto, é muito perigoso ir sozinho, pois é muito deserto e existem longos trechos de areia com camadas espessas de conchas o que torna o terreno muito fofo e difícil de pilotar, ainda mais com pneus mistos e carga na garupa. É uma aventura que pode ser realizada, porém é necessário ter um apoio.
11º dia – Rio Grande a Gramado
Saí de Rio Grande bem cedo. Nesse dia, rodei 430 km pela BR-116. Haviam vários trechos com obras na pista, mas correu tudo bem. Cheguei a Gramado com chuva fina e, quando estava a procura de um hotel, vi numa placa a indicação do camping da AABB. É um excelente camping, não precisei nem montar a barraca porque lá existem cabanas de madeira muito boas e bem mais barato que uma diária de hotel. A cidade é muito bonita com praças floridas e casas em estilo germânico. Canela também segue esse mesmo estilo.
12º dia – Gramado e Canela
Saí para dar uma volta pela cidade e comprar alguns vinhos, já que a região é famosa pela produção vinícola, e fui também ao Parque do Caracol em Canela. Existe lá uma cachoeira muito bonita, a Cachoeira do Caracol. O parque todo é muito bonito, vale a pena conhecer.
13º dia – Gramado a Lages
Nesse dia, rodei 287 km pela BR-116 passando por trechos de serra muito bonitos entre Gramado e Vacaria. Uma pena que a estrada é de pista simples e sem acostamento. Então, não tive muitos pontos de parada para tirar fotos, mas as paisagens nesse trecho são muito bonitas. Nesse mesmo trecho de serra, tive um susto, um motorista muito imprudente que dirigia uma camionete Saveiro, resolveu ultrapassar um caminhão e a fila de carros que vinha atrás dele subindo a serra numa curva muito fechada, no que eu terminei de fazer a curva dei de cara com a camionete, desviei pela minha direita passando entre esse ‘louco’ e o paredão de rocha a margem da rodovia, bambeei as pernas e só fui me acalmar uns 10 km mais para frente.
Em Vacaria, dei uma parada para visitar uma fábrica de triciclos a pedido do meu pai. Ele queria que eu fotografasse alguns pra ele ver depois. Realmente, nessa pequena fábrica são construídos os triciclos mais bem elaborados que eu já vi, muito bem acabados, com carenagem de chapa de metal e motores potentes, são muito bonitos! Depois toquei para Lages.
14º dia – Lages a Curitiba
Saí bem sedo do hotel onde havia me hospedado e parti rumo a Curitiba, mas antes, tive que fazer uma troca de óleo da moto para, daí sim, seguir viagem. Nesse dia, rodei 360 km e, mais uma vez, correu todo bem. Cheguei a Curitiba e fiquei cinco dias na casa de uma tia para visitar os parentes.
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19º dia – Curitiba a Maringá
Foram 425 km de muito calor, acho que foi o dia que mais passei calor, mas foi tudo bem na estrada.
Chegando em casa, depois de abraçar mãe, pai e irmã, olhei o hodômetro da moto que marcava 5208,1 km. Foi a viagem mais longa que já fiz na minha vida. Ela serviu de aprendizado. Aprendi que posso superar desafios, a me virar sozinho e me conheci um pouco mais, meus limites físicos e principalmente psicológicos.
Viajar de moto, além de uma diversão, é um exercício de auto-conhecimento. É muito importante sairmos de nossa zona de conforto, crescemos muito com isso.
Comentários sobre a Ténéré 250 (La Poderosa)
Dos poucos modelos de motos que já pilotei em minha vida, a Ténéré 250 é sem dúvida alguma a melhor de todas. Não só pelo fato de ser nova, com pouco tempo se uso, mas por ser um modelo muito versátil. Ela ‘topa qualquer parada’. Boa no perímetro urbano, nas rodovias, em estradas de terra, areia ou cascalho, terrenos planos ou acidentados.
Nos trechos de serra com estrada de cascalho, por onde passei nessa viagem, ela não me deixou na mão, e olhe que eu ‘usei sem dó nem piedade’. Nos trechos de praia, encarei areia fofa e ela não atolava, é claro que tinha alguma dificuldade, mas superava facilmente. Nas rodovias, desenvolvia boa velocidade sem forçar demais o motor e mantendo sempre a média de 26 km/l. As 250 cc são o ponto de equilíbrio prefeito entre potência e economia. Outra grande vantagem é que ela proporciona uma posição de pilotagem muito confortável. Assim, é possível rodar mais de 500 km por dia, em longas viagens.
O único detalhe é o que um motociclista que conheci na viagem, me falou e eu concordei com ele, essa moto merecia um câmbio de seis marchas. Excetuando-se esse detalhe, não tenho do que reclamar da moto.
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