Depois de um ano e meio em tratamento de saúde, está tudo ótimo! Fiz um implante de prótese de quadril em fevereiro, quando voltei da viagem de moto ao Deserto do Atacama e, após muita fisioterapia, desde junho venho aos poucos rodando de moto. Terminei meu tratamento de cura do segundo câncer de mama, que descobri em 2015, e agora em janeiro de 2017 pude fazer uma viagem ao Uruguai. Alegria pura! E gratidão por continuar fazendo o que tanto gosto: pilotar!
Eu queria fazer um roteiro de viagem pelas serras, passando pelo interior de Minas, Rio, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, evitando as BRs, valorizando as estradas vicinais, menores e, no caminho, parando numa praia por uns 5 dias, incluindo o réveillon.
O objetivo era chegar a Punta del Este, conhecer um pouco do Uruguai e rever a família no Rio Grande do Sul. Assim foi feito! Tiramos a descida de Caxambu até Paraty para reduzir o tempo em dois dias, porque uma parceira precisava voltar a Brasília para um compromisso.
O roteiro foi maravilhoso!
Para esta viagem ganhei uma BMW 1200 Triple Black do maridão que, desta vez, resolveu ir junto na BMW Adventure dele!
Fomos em três: Edilene, (uma parceira da viagem ao Atacama em 2016 e do meu grupo de Harley – Harleyras), Luiz Filipe, meu marido e eu! Celso, um conhecido, foi nos acompanhando de moto de Brasília a Bom Despacho.
Nosso amigo Claudinho ajudou com alguns percursos da rota e foi nos receber em sua casa em Bom Despacho, primeira parada da viagem.
Gostando ou não, Edilene se rendeu à facilidade das BMWs nas ultrapassagens e na manutenção de uma velocidade média mais alta. Sou harleyra de coração, mas gente!… Não dá para comparar o conforto, a segurança, os recursos e a facilidade que é pilotar uma BMW! Com ela, mantivemos uma velocidade mais baixa para que não ficasse tensa ou para trás. Ela foi guerreira, principalmente no paralelepípedo e no rípio! Mas recomendamos que ela tenha também uma BMW! Rs.
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Gostaria de fazer um aparte: não fabricam motos para mulheres!!!!! Na BMW temos que adaptar várias coisas, principalmente a altura do banco!!!! Acho a maior desconsideração com o universo feminino biker! Piloto a GS na pontinha dos dedões. Minha altura é 1,60m. Você enche três alforjes com bagagem feminina, pese a moto e tente pilotar sem apoio! Em velocidade é fácil! Mas manobrar num posto de gasolina com piso molhado; ou entre no ripio e faça uma curva ascendente muito fechada ou pare num acostamento com inclinação um pouco invertida: tombo ou um belo escorregão, na certa. Você não se machuca, mas arranha os protetores da moto cujo preço de reposição na concessionária é vergonhosamente caro! Um emblema dentro de uma pequena placa de plástico, fica em torno de 2 mil reais. Importe de Miami que você vai gastar bem menos, mesmo pagando todos os impostos. Estou fazendo isto, porque para repor uma lanterninha dianteira, o plástico protetor do tanque (pequeninho) e a placa com a logo, me cobraram algo em torno de 7 mil reais. Absurdo!
Voltando à viagem: fomos advertidos que chove muito no sul do país em janeiro, mas minha prima Batika, fazendeira, disse que este ano não seria das chuvas; acreditei e fiz o roteiro passando para visitá-la, claro!
De brasilia a Bom Despacho;
De Caxambu a Bertioga – belas estradas, lindas paisagens.
Passamos o réveillon entre Riviera de São Lourenço e Praia de Iporanga. Nota dez! Que praia maravilhosa, segura, boa temperatura da água, gente educada. A festa de réveillon no condominio fechado de Iporanga foi um lindo inicio de ano!! Felicidade pura!
Seguimos de Bertioga a Morretes, descendo a estradinha mais linda que já conheci: a estrada de paralelepípedos e hortênsias da Serra da Graciosa.
Em Morretes ficamos num hotel histórico à beira do rio, muito agradável e bucólico.
De Morretes a Blumenau, passamos por Pomerode. Bem, aqui não foi legal. Era para termos ido por cima, mas o GPS (que pagamos alguém para programar) nos levou pelo litoral. Um caos. A única parte boa foi a balsa. Depois, rodovia lotada, engarrafada. Tivemos que atuar de motoboy e percorrer quilômetros pelo acostamento ou em fila dupla com os carros. Arriscado, mas emocionante! Acho que os moto boys se sentem no centro de um vídeo game! Tive pena dos carros que não têm a versatilidade das motos e ficaram assando naquelas rodovias!
Chegando a Pomerode, cansados de tantas emoções de “moto boys e moto girls”, decidimos parar para almoçar antes de conhecer a Rota do Enxaimel. Aí um aparte para criticar o prefeito de Pomerode! Ele criou uma ciclovia da largura de uma faixa de automóvel, separando-a das demais faixas de carro com uma faixa branca bem larga, pintada no chão. Ele teve a infeliz ideia de intercalar espaços livres com meio fios em cima desta faixa branca. Ou seja, confunde muito a visão, sendo uma arapuca para quem entra na cidade pela primeira vez. E acabei tendo meu acidente desta viagem: meus companheiros entraram à direita bem à minha frente para alcançar um estacionamento, cruzando a ciclovia e fiz o mesmo logo atrás deles, só que ao meu lado estava o meio fio bem pintadinho de branco, como a faixa. Bati de lado, voei e caí de ombro na ciclovia. Tô xingando o prefeito até hoje! Esta foi a causa da conta de 7.300 reais para a troca das três peças da minha moto.
Piloto vestida com um robocop completo, capacete e luvas, então não quebrei nada.
Almoçamos e seguimos de moto para a Rota do Enxaimel. Linda! Estradinha de terra com um pouco de rípio, mas fizemos com tranquilidade.
Tomamos rumo de Blumenau, onde curtimos um pub bem legal ao lado do hotel.
Em Blumenau, chamo a atenção para a loja mais legal de motos que vi no Brasil até hoje. Oficina, loja, boutique e café: chama-se Moto Café! Artigos de primeira linha da Givi e outros. Arrumaram um emblema da HD da Edi e cobraram bem baratinho.
De Blumenau seguimos para Urubici por outra estrada linda!
Erramos ao prever somente um dia em Urubici: merece dois ou três, porque tem fazenda de criação de trutas, cachoeiras, Serra do Corvo Branco e Morro da Igreja, que são imperdíveis! Chegamos à tarde, jantamos e no dia seguinte fomos ao Morro da Igreja e à Serra do Corvo Branco: 6 km de rípio até chegar a um asfalto de base antes do início das curvas que deixam a Serra do Rio do Rastro no chinelo. Só caveira para chegar e descer! Somos caveiras!!!!! Rsrs
Mais uma vez revi o ensinamento que, em estrada de rípio, mantenha distancia do motociclista da frente, porque se ele frear e você estiver perto, terá que frear também e provavelmente cairá. Caí numa curva ascendente bem fechada, porque meu parceiro teve que parar no meio da curva. Foi um tombo parada, não machucou. Seguimos adiante rumo à Serra do Rio do Rastro!
Não demos sorte. O tempo fechou pouco antes de alcançarmos o topo. Esperamos algum tempo, tiramos algumas fotos no mirante, mas vimos que não adiantaria. Talvez voltar na manhã seguinte fosse o melhor. Partimos rumo a Lauro Müller. Um temporal nos pegou a poucos quilômetros da base da Serra. Não se via nada, só a lanterna do carro ou moto à frente. Entrou água por tudo que é canto e vi que, mesmo de boa marca, capa de chuva, luvas e botas não resistem a temporal. Paramos sob a marquise de um posto de gasolina em Lauro Müller, junto com mais uns 20 motociclistas. Ali ficamos sem luz, aguardando passar o temporal.
Mas tudo certo. Assim que melhorou decidimos procurar um hotel nas redondezas que tivesse luz para um banho quente. Foi a única chuva de toda a viagem, uns 10 minutos, mas encharcou tudo. Ruas, bueiros, roupas e alma.
Estendemos tudo no quarto do hotel, mas não secaram até o dia seguinte. De bota, fazendo tchaco, tchaco, voltamos à Serra do Rio do Rastro. Subimos com tempo limpo, mas o topo estava novamente encoberto. Nem chegamos a ir até lá. Fizemos a estrada, que era o mais importante, e seguimos rumo a Cambará da Serra e Gramado. Outra estrada lindinha!
Em Gramado fomos direto ao Lago Negro, meu ponto turístico predileto, para mostrar à amiga Edi. À noite, um maravilhoso fondue de queijo, carne e chocolate para repor as energias!
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De Gramado a Pelotas, parando em Porto Alegre para deixar Edilene, que embarcaria a moto e voltaria de avião para Brasília.
Filipe e eu seguiríamos para o Uruguai.
A partir daqui imprimimos um ritmo um pouco mais rápido à viagem, pois agora estávamos os dois de BMW.
Pernoitamos em Pelotas. Grata surpresa! Lá morei quando criança e não lembrava dos lindos casarões que foram preservados, das charqueadas e do Mercado das Flores, onde ouvimos um samba da melhor qualidade.
Na manhã seguinte, seguimos para Punta del Este, passando pela reserva do Taim, linda, com gado bebendo água à beira da estrada.
O Chuí é um caos e só paramos lá porque precisávamos fazer câmbio. Outra vez pegamos estradas vicinais e aproveitamos lindas paisagens e cidades à beira mar.
Chegando a Punta, entramos na cidade antes de La Barra, passamos por imponentes condomínios até chegar ao centro e estacionar no Conrad.
Foram cinco lindos dias de sol, lugares charmosos, arquitetura excêntrica, bons restaurantes e belos passeios de bicicleta por La Mano, Serenas e da Casa Pueblo, apreciando a arte de Vilaró, atravessando até José Ignácio, charmosíssima com seu farol e restaurantes à beira mar.
Saímos cedo rumo a Colônia del Sacramento, onde chegamos pela maior avenida ladeada por coqueiros que já vi na vida! Muito lindo. Nosso hotel ficava à beira do Rio da Prata com belíssima vista para o pôr do sol. A cidade é pitoresca e de cores fantásticas. Muitos casarões antigos, igrejas, ruas de paralelepípedos, praças, restaurantes gostosos e muito criativos em suas decorações. Tiramos muitas fotos nesta que foi a cidade mais bonita da viagem.
De buquebus, atravessamos para Buenos Aires para matar a saudade, mas foi bobagem, melhor teria sido ficar curtindo Colônia del Sacramento, pois pouco se pode fazer em Buenos Aires num dia.
Voltamos por Colônia, mas teria sido mais interessante voltar direto de buquebus por Montevideo, nossa próxima parada.
Montevideo é uma cidade grande. Se quer mesmo conhecê-la, reserve dois ou três dias. Caminhamos pelo centro, cheio de charme, história, edificações bonitas e preservadas. Os grafites contrastavam com antigos muros e casarões.
Na manhã seguinte partimos para Rivera, pequena cidade da fronteira, de comércio ultrapassado e pouco a se fazer. Foi mais uma escala para chegar cedo a São Gabriel, onde teríamos muitos parentes para encontrar. E assim foi. Dois dias de intensa programação familiar dos Assis Brasil. Visita a fazenda, muitas rodadas de chimarrão e lembranças.
Objetivos todos cumpridos, com a visita ao túmulo do meu pai, tio e avós no Cemitério da Colina. Reverência e orgulho dos meus ancestrais. No dia seguinte fomos para Porto Alegre cruzando a Rota dos Pampas para encerrar uma viagem maravilhosa!
Filipe e eu chegamos a Porto Alegre à tarde. Esvaziamos os alforjes e preparamos as motos para serem embarcadas na manhã seguinte para Brasília, de caminhão. Assim decidimos e não nos arrependemos: voltar de avião, pois o caminho de volta já era bastante conhecido, rota de muitas voltas à cidade onde moramos. Preferimos otimizar nosso tempo viajando por estradas novas e retornando a tempo de compromissos em Brasília.
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A viagem foi de 26 de dezembro a 20 de janeiro.
Finalizamos, animados para uma próxima viagem pela América Latina, no inicio do ano que vem.
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