Cristina da Cunha Francisco Faé — uma mulher de 1,54m de altura, apaixonada por motos — ia a pé para o trabalho em um dia chuvoso de junho de 2011, quando um carro passou por uma poça ao seu lado, deixando-a ensopada. Foi uma espécie de gota d’água para a baixinha, como ela mesma se chama. Então ela decidiu realizar um sonho: comprar uma Honda Biz 125cc. Como bônus, desde então, está vivendo um romance-aventura com seu veículo. Mulher de um dono de uma Shadow 750, Cristina desistiu de ir na garupa. Resolveu que iria pegar a estrada pilotando.
— Nunca me peça pra escolher entre você e a moto mandou o companheiro — pouco antes de eles se casarem — E você não espere que eu vá na garupa. Viajo com a minha própria moto devolveu.
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Ela começou por perto. Saiu de Florianópolis e foi a Rancho Queimado, Angelina. Depois mais longe, a Garopaba. Foi então a Bento Gonçalves (RS). Até que fez a viagem mais distante: chegou a Montevidéu, no Uruguai, distante 1,3 mil quilômetros. Antes, chegou a andar com a Shadow 750 do marido. Mas o excesso de conforto a incomodou.
— Falei para meu marido que eu iria de Biz para o Uruguai. Eu queria um desafio — disse Cristina.
Aventura inclui chuva de pedra e problemas na moto
Mesmo com o descrédito de vários colegas de motoclube, o casal partiu de Floripa três dias antes dos outros motociclistas — a Biz poderia atrasar a viagem — com a cara e a coragem. Com uma garrafa de cinco litros de gasolina extra embaixo do banco, Cristina encarou chuva de pedra, falta de combustível e problemas na corrente, que precisava ser apertada a cada 100 km para não arrebentar a coroa.
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Eles quase se acidentaram por conta de um problema da estrada, em um ponto que um amigo do casal havia quebrado o braço. O casal ainda pegou enchente na cidade de Jaguarão(RS). Mas o ar puro subindo pelo capacete enquanto a moto corria, fazia Baixinha esquecer os problemas e dificuldades.
Por que essa moto?
Cristina tem tatuada uma CBR 1100xx Super Blackbird, a moto que despertou sua paixão pelas duas rodas. Já andou de custom, esportiva, roadster e off-road. Casou sobre uma Lambretta 1972 em um salão decorado com pneus. Tem na ponta da língua vários modelos, sabe de mecânica e deixa muito marmanjo de boca aberta com seus conhecimentos sobre moto. Ainda assim, seu sonho era ter uma Biz.
— Sou pequena, meu apelido é Baixinha. É complicado para mim ter uma moto grande. Além disso, a primeira moto que andei foi uma scooter Krypton, com a qual caí meu primeiro tombo. A Biz é do meu tamanho. Dizem que é moto de mulherzinha, mas para mim me dá vida, faz parte de mim.
Pequena, mas perigosa, a Biz de Cristina foi batizada de Mamba-Negra, uma cobra pequena e extremamente venenosa.
Veio do Brasil com isso?
Na rodovia Ruta 8 uma das principais ligações norte-sul do Uruguai, o casal foi abastecer. Uma senhora olhou para a Biz e não conteve o espanto:
— Ela veio do Brasil com isso? Que loucura! — disse a desconhecida
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A mesma situação se repetiu nas cidades de Aiguá (sudeste do país) e em Punta del Este, onde uma mulher chegou a parar o grupo de motociclistas na avenida para tirar foto da Biz entre a Shadow e duas Harley Davidson.
Cristina reconhece que há muito preconceito contra a Biz, mas ressalta que é preciso conhecer o veículo para tirar o melhor proveito dele. Na viagem ao Uruguai, ela chegou a marca de 130 km/h em uma reta (o velocímetro marca até 140 km/h).
— Sou diabética e antes da viagem conversei com minha moto e fiz um acordo: se ela aguentasse, eu também aguentaria o tranco — conta a motociclista.
Fonte: Diário Catarinense, com adaptação do ViagemdeMoto.com
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