De Patos de Minas a Montevidéu sobre duas rodas

O objetivo do ser humano deve ser sempre procurar a sua felicidade. Seja no trabalho, na família, no lazer e outras áreas de sua vida. Para atingir esse objetivo, ele usa os recursos do fundo de sua alma, como o instinto, a intuição, a vontade de fazer a sua felicidade e não esperar que os outros a façam por ele.

Sempre tive um espírito aventureiro e, dentro dele, a paixão e admiração pelas motos. Desde criança, sonhei em ter uma, que só vim a adquirir após alguns anos de trabalho. Comecei com as trilhas, enduros e rallies, o que me trouxe muita alegria e satisfação, e algumas cicatrizes também.

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Com o passar do tempo, fui acomodando, mas o espírito aventureiro sempre falou mais alto. A uns dois anos atrás, pesquisando na internet, vi as fotos da Serra do Rio do Rastro e achei maravilhosa. Pensei na hora “quero ir lá de moto”. Olhando mais detalhadamente no mapa, vi que não ficava muito longe do Rio Grande do Sul e do Uruguai e sua Capital Montevidéu. Decidi estender a viagem até lá.

Daí por diante começou o planejamento. Primeiro precisava de um companheiro. Já tinha feito uma viagem sozinho de moto até Palmas – TO. Foi uma ótima viagem, mas às vezes faltava um companheiro para dividir as histórias, os comentários e até tirar fotos. Dessa vez o trecho era bem maior, com mais dificuldades e perigos. Não era conveniente ir sozinho, mesmo por questão de segurança ou suporte no caso de problemas com a moto.

Montevideu 03

O primeiro que pensei foi no meu irmão Rogério. Ele sempre compartilhou comigo o amor pela natureza, pela aventura e pelas motos. Ele aceitou prontamente.

Planejamos a compra das motos, a data da viagem, a poupança, a coincidência das férias, reserva de hotel no destino final e a compra das passagenspara as esposas, que foram de avião.

Tudo planejado, a data da partida chegou rapidamente. Saímos nós dia 02/03/2013, debaixo de chuva, mas muito felizes e entusiasmados, rumo ao nosso destino. A chuva logo passou, mas depois de Uberaba, meu Deus do céu. Que pé d’água violento! Os carros estavam parando à beira da estrada e nós quase tivemos que parar também.

Adentramos São Paulo e seus imensos canaviais. Parecia que não ia parar mais tanta lavoura de cana. Só parou após atravessar a fronteira com o Paraná. Lá, o relevo já é bem mais acidentado e as lavouras são diversificadas e apareceram as primeiras florestas de araucária. Em Santa Catarina, aumentou a expectativa pela chegada à Serra do Rio do Rastro, assim como a apreensão pelo clima. A chuva estava nos acompanhando sempre.

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Almoçamos em São Joaquim, a dita cidade mais fria do Brasil, com altitude por volta dos 1.300 metros, marcados no GPS. Chamou-nos a atenção, as maravilhosas lavouras de maçãs. Eu nunca havia visto um pé de maçã carregado. Estavam em plena colheita. Quando chegamos ao mirante da Serra do Rio do Rastro, ficamos tristes. A neblina tampava tudo e não tivemos a vista maravilhosa das fotos que vimos antes. Ficamos um pouco lá e descemos para Lauro Muller, a uns 20 km dali. Olhando no GPS, a altitude despencou de 1400m para 200m em 7 km de descida. Daí até Montevidéu, a altitude não passou disso mais nenhuma vez.

Montevideu

Tínhamos a intenção de voltar ao mirante no dia seguinte, se o tempo estivesse bom. Infelizmente não teve jeito, e saímos cedo, debaixo de muita chuva, que só foi passar umas 3 horas de viagem depois, já no Rio Grande do Sul. Lá a BR-101 é fantástica. De um lado, a baixada dos grandes lagos, que abriga o vento oceânico e as imensas torres de usinas eólicas. Do outro lado, uma cadeia de montanhas que se estendem por umas duas horas de viagem ou mais, quase toda plantada com bananeiras. Deixamos a BR-101 e fomos em direção a Porto Alegre, onde fizemos o anel viário e vimos uma parte dos grandes lagos. Seguimos em direção a Pelotas e Jaguarão, onde entramos no Uruguai. Ali a nossa expectativa aumentou, por ser a primeira vez que entrávamos em terras estrangeiras. Fizemos os trâmites legais, abastecemos as motos em Rio Branco e fomos ver como que era isso.

Foi muito bom. Estradas de pista simples, mas muito bem conservadas. Asfalto liso e o país muito plano. Como disse antes, a altitude nunca passava de 200 m.

Fomos almoçar em uma cidade de nome Minas, a 90 km da capital. Lá conhecemos um povo receptivo, amigo e acolhedor, o que nos encantou durante toda nossa estadia.

Montevideu

Até aí, foram quase 3.000 km. Não tem como descrever a alegria de levantar a cada dia e pensar “hoje vou passear de moto o dia todo”. Chegamos a Montevidéu por volta de 16:00h.

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No dia seguinte, fomos ao aeroporto receber nossas esposas e planejar alguns passeios. A cidade tem muitas construções antigas, mas tudo muito limpo e bem cuidado. A segurança pública e a educação no trânsito chamam a atenção. Tem uma parte nova com muitas mansões e uma avenida a beira mar com um calçadão de quase 18 km. A cidade é muito bonita, com seus quase 300 monumentos, bairros elegantes, a orla, o mercado do porto, os parques, a praça central e o Teatro Solis, que é um caso a parte. Um dia, fomos ao distrito de Maldonado, a aproximadamente 140 km de distância, onde fica Punta Del Este e vimos alguns cassinos enormes. É uma região turística muito bonita e próspera.

Montevideu

Ficamos seis dias no Uruguai. A volta foi uma ótima viagem também. Viemos por outro trajeto. O trecho no Uruguai foi plano como sempre e muito pouco povoado. Passamos por muitas cidades, mas todas muito pequenas. Já no Brasil, atravessamos muita lavoura de soja do Rio Grande do Sul até o Paraná. Em São Paulo, a mesma paisagem de canaviais intermináveis. Pegamos um pouco de tempo chuvoso, mas com menor intensidade. Nós não viajamos nenhum dia durante a noite, mas na volta andamos até mais tarde. Não tivemos nenhum problema com as motos, nem pneu furou.

Montevideu

Chegamos em 17/03, em menor tempo que na ida, felizes pela aventura maravilhosa e por tantas coisas que conhecemos e vivemos, pela descoberta de uma parte fantástica do Brasil e de um país amigo e acolhedor.

Já estamos com saudades da viagem de moto e começamos a planejar outra, para daqui a uns três anos. Pretendemos conhecer a Cordilheira dos Andes, o deserto do Atacama e o Lago de Sal, no Chile. Vamos trabalhar e ver se vai dar tudo certo.

Roteiro Montevideu

Abaixo, o roteiro da viagem de aproximadamente 6.500 km.

Rota de ida   Rota de volta
Patos de Minas – MG   Montevidéu – URU
Uberaba – MG   San jacinto – URU
Ribeirão Preto – SP   Tala – URU
Araraquara – SP   Fray Marcos – URU
Jaú – SP   Casupá – URU
Barra Bonita – SP   Reboledo – URU
Pratânia – SP   Cerro Colorado – URU
Avaré – SP   Illescas – URU
Itaí – SP   José Batle Y Ordóñez – URU
Taquarituba – SP   Cerro Chato – URU
Itaberá – SP   Santa Clara de Olimar – URU
Itararé – SP   Tupambae – URU
Semgés – SP   Fraile Muerto – URU
Jaguarialva – PR   Melo – URU
Pirai do Sul – PR   Isidoro Noblia – URU
Castro – PR   Acegua – URU
Ponta Grossa – PR   Acegua – RS
Palmeira – PR   Bagé – RS
Porto Amazonas – PR   Santa Maria – RS
Lapa – PR   Cruz Alta – RS
Rio Negro – PR   Ibiruba – RS
Mafra – SC   Tapera – RS
Papanduva – SC   Ernestina – RS
Monte Castelo – SC   Passo Fundo – RS
Santa Cecília – SC   Getúlio Vargas – RS
Ponte Alta do Norte – SC   Erechin – RS
São Cristóvão do Sul – SC   Catanduvas – SC
Ponte Alta – SC   General Carneiro – SC
Correia Pinto – SC   União da Vitória – PR
Lages – SC   São Mateus do Sul – PR
Painel – SC   São João do Triunfo – PR
São Joaquim – SC   Palmeira – PR
Bom Jardim da Serra – SC   Ponta Grossa – PR
lauro Muller – SC   Castro – PR
Crisciúma – SC   Piraí do Sul – PR
BR-101 – SC   Jaguariaiva – PR
Porto Alegre – RS   Arapoti – PR
Guaíba – RS   Venceslau Braz – PR
Camacuã – RS   Santo Antônio da Platina – PR
Pelotas – RS   Ourinhos – SP
Jaguarão -RS   Marilia – SP
Rio Branco – URU   Lins – SP
Placido Rosas – URU   Ubarana – SP
Vergara – URU   São José do Rio Preto – SP
Treinta y tres – URU   Barretos – SP
Jose Pedro Varela – URU   Miguelopolis – SP
Pirajá – URU   Uberaba – MG
Mariscala – URU   Nova Ponte – MG
Minas – URU   Patrocínio – MG
Solis de Mataojo – URU   Patos – MG
Piedra del Toro – URU    
Empalme de Olmos – URU    
Pando – URU    
Montevideo – URU    

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