Do Rio a Montevideo

O desejo de viajar de moto era antigo e já havia feito muitos planos de para onde, quando e como ir. Apenas eu e minha Suzuki GS500. Mas faltava a coragem. Então decidi: vou para o Uruguai e conhecer tudo que puder!

Primeiro queria ir sozinho. Mas minha mulher fez questão de ir junto, mesmo sabendo de tudo que poderia acontecer: chuva, frio, dor, cansaço, quedas etc. Mas viajamos cientes e tudo foi avaliado com muita cautela.

Saímos de férias no dia 17 de dezembro de 2011 e com muitos conselhos na bagagem sobre velocidade, cautela e tudo mais aquilo que precisamos ter além da jaqueta, luva e bota para nos proteger. Afinal, devo muito a meu pai, pois grande parte de minha infância e adolescência viajei com ele de carro, sempre apredendo como comportar nas estradas.

Mas agora era diferente. Eu estava sozinho, com minha esposa e numa moto!

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Saímos do Rio no dia 17 de dezembro às 5 da manhã e sem saber direito ainda onde iríamos parar no primeiro dia. Tinha um pequeno planejamento em mãos que havia feito no google maps, mas era apena um plano. Rodamos no primeiro dia 600km e cheguei completamente moído e com muitas dores. Najla também! Acho que nem tanto pela viajem; mas ainda sentia um ano inteiro de trabalho e ainda não tinha entrado direito no “rítmo” das férias. Não sabia se aguentaria realmente concluir bem essa viajem. E assim foi por uns dois dias. Mas passamos por Aparecida e São Paulo.

Seguindo para Santa Catarina ainda tivemos tempo para entrar em Curitiba e conhecer um pouco da cidade.

Rota viagem de moto uruguai

Ao chegar no Rio Grande do Sul e visitar as ruínas jesuítas em São Miguel das Missões, as coisas começaram a melhorar e entrei no clima da viajem e a sentir realmente as estradas! Não sentia mas as dores e a cabeça estava limpa para absorver tudo que veria pela frente.

No quarto dia rumamos para a fronteira, numa cidade chamada Santana do Livramento (RS). No outro lado da divisa é cheio de free shops e cassinos e tudo funciona como se fosse uma cidade só dividida por uma praça. Para entrar no Uruguai, o governo deles exige um seguro, chamado carta verde e que é facilmente vendido por seguradoras em Livramento; basta perguntar na recepção de qualquer hotel ou pousada. E claro, a permissão de entrada no país que é dado na aduana uruguaia já dentro de Riviera. Fácil!

Feito os trâmites, partimos em direção a Colonia del Sacramento. Charmosa cidade banhada pelo oceano e pelo Rio da Prata e de frente para Buenos Aires. Travessia, alias, facilmente feita por um ferry boat ou catamarã. A noite é bem movimentada com muitos restaurantes, bares e pubs tocando de diversos tipos com música ao vivo. Basta escolher: bossa nova, música argentina, música mexicana etc. Não faltam opções também na culinária, sem mencionar a famosa Parrillada, mix de carnes que para muitos pode parecer um nojo! Mas vale tentar com uma boa garrafa de vinho.

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Após dois dias fomos a Montevideo. Chegamos com um pouco de chuva e muito frio. Até esse momento havíamos pegado apenas muito sol e calor. Inclusive, quando chegamos a colônia, o termômetro marcava incríveis 42 graus!

Montevideo é a típica cidade grande. Mas muito bela pela sua arquitetura. Um pequeno problema que passamos: se quiser pegar um taxi, esqueça. É impossível chamar um e vimos alguns turistas na mesma situação. Primeiro que quase não se vê taxis e quando algum passa, está cheio ou não para. Não entendi o motivo. Por isso, mapa na mão e perna pra quê te quero!

Fomos, então, conhecer o carro chefe da cidade, o Mercado del Puerto. Um paraíso dos vinhos e churrascos. Cansados da tal Parrillada (já havíamos comido em Riviera e em Colônia), pedimos algo diferente: Um tripa de porco de entrada com limão (agua na boca só de escrever isso!), uma carne de cordeiro e um pernil de porco fabuloso. Não poderia ser melhor e para ter noção da qualidade só indo lá. Valeu a pena também uma caminhada pelo centro histórico com casas de artesanato e prédios antigos.

viagem de moto uruguai 7

Punta del Este. Queria ser rico! A cidade é linda, com muitos iates espalhados pelo litoral, carrões e cassinos. Resumindo, é um lugar pra rico. Não pernoitamos lá, apenas demos uma volta, batemos umas fotos, comemos alfajor e só. Quando eu tiver um tempo ($$$) melhor, passo lá com mais calma.

Resumo do Uruguai: fantástico lugar para se conhecer. Boas estradas, cidades limpas e bonitas, rezoalvemente barato, vasta culinária, cervejas e vinhos. Em alguns lugares é comum encontrar pessoas que arranham o português, facilitando nossa comunicação. Mas, melhor ainda, se você arranhar no espanhol. Recomendo a todos!

E depois de muito rodar, comer e bebericar pelo Uruguai, partimos para a segunda etapa da nossa jornada: Serra Gaúcha. Subimos para Bento Gonçalves onde ficamos por dois dias a rodar pelo vales dos vinhedos visitando algumas vinícolas e passeios como o da maria fumaça que liga Bento a Garibaldi. Depois fomos conhecer o tão famoso Natal luz de Gramado.

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Apesar de já ter passado o natal, a decoração e os desfiles continuam até meados de janeiro. Ficamos hospedados numa cidade a 35km de Gramado chamada Nova Friburgo. Valeu até mais a pena. Pousada muito mais barata (pagamos 120 reais na diária), mas aconhegante. Fazendinha com animais e um excelente café da manhã. Acho até que quem pagou diárias de 300/400 reais não teve o mesmo conforto que tivemos lá!

viagem de moto uruguai 10

Em canela rodamos pontos como a Cachoeira do Caracol, Parque da Ferradura, Museu do Automóvel, Museu de Cera e o Super Carros, onde é possível alugar carros dos sonhos para dar um “rolé”.

Depois de 4 dias entre Bento, Gramado e Canela fomos conhecer os Canions do Itaimbezinho. Fica entre as cidades de Cambará do Sul e Praia Grande, pela RS-427 e é preciso pegar uma estrada de 40km de terra e com muita pedra! Mas a entrada do cânio fica no meio do caminho. Lá é possível realizar algumas pequenas trilhas de menos de 1 hora e tirar fotos. Vale muito a visita! Depois, é só seguir para Praia Grande e sair na BR-101.

viagem de moto uruguai 12

Ainda no mesmo dia seguimos em direção a famosa Serra do Rio do Rastro (SRR). Mas como havíamos passado a manhã nos cânios, dormimos numa cidade próxima a Lauro Muller (portal da SRR) chamada Nova Veneza, tambem conhecida como a capital da comida italiana. Fez jus, pois ficamos numa simpática pousada que serviu um excelente jantar que ficou entre os top 10 da viagem, com direito a lasanha, costela de carneiro, ravioli e vinho!

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Na manhã seguinte arrumamos a moto mais uma vez e começamos a subir a serra. Muita neblina e um frio que aumentava a cada metro que subíamos. Muito movimentada, a estrada é um parque para qualquer motociclista com curvas que não deixam passar da segunda marcha. Há também muito água que escorre dos paredões, deixando a pista escorregadia e perigosa. Nossa sorte foi que tiramos fotos durante toda subida. No principal mirante no final da serra, não era possível ver mais do que uns 20 metros a frente. Ainda ficamos parados umas 2 horas com um grupo de motociclistas que tinham o mesmo desejo: que a neblina passasse para bater uma boa foto. Mas em vão. A neblina não possou e nós fomos embora sem a foto; assim pelo menos terei umaa desculpa para voltar lá!

Passando pelo chamado snow valley em São Joaquim, fomos para Lages para domir e tentar um bom reveillon – isso foi dia 30 de dezembro. Mas a cidade estava mais deserta que cidade de faroeste: tudo fechado! Dormimos lá e de manhã cedo fomos para Floripa. Sorte nossa. Conseguimos facilmente uma vaga no Ibis. Mas estava chovendo muito e a gente cansado demais para ir para a praia. O jeito foi comprar um vinho, queijo e curtir o reveillon no quarto do hotel, vendo a chuva cair. Melhor impossível!

Mas Florianópolis é maravilhosa. Passamos dois dias comendo as famosas sequências de camarão e as ostras que são cutivadas na região. Qualquer um que for a Floripa e não comer isso não esteve lá! Sem falar das belas praias.

Mas as férias estavam acabando e nós precisavamos continuar subindo. Passamos por Balneário Camboriú onde conhecemos o teleférico, pernoitamos e fomos para uma cidade encantadora chamada Morretes, no Paraná. Conhecida pelo prato típo Barreado, a cidade é portal da Estrada da Graciosa.

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Ao chegar no litoral de São Paulo, a sensação de estar chegando em casa já pulava no coração. Mesmo querendo voltar e começar tudo de novo, estava louco para poder chegar em casa e contar para todos os detalhes da viagem.

O litoral do Rio de Janeiro é bonito, mas o litoral de SP tambem não deixa nada a desejar. Passamos ainda por Cananéia, Peruíbe, Santos, Guarujá, Caraguatatuba e Ubatuba. Acho que vou ter que tirar outras férias só pra curtir essas cidades. Tinha vontade de tirar a roupa e mergulhar por cada praia que passava.

viagem de moto uruguai 18

Mas depois de 21 dias de muita estrada eu estava precisando descançar das férias. Nos últimos 2 dias que me restavam, fomos para Paraty para tomar um bom banho de cachoeira e beber uma cachaça típica. Pra fechar com chave de ouro, ainda assistimos um show de mpb fantástico, o qual me levou a tomar incríveis 4 garrafas de vinho em uma noite e batendo papo com um casal de ingleses que conhecemos. Nada a reclamar! Dia 8 de janeiro chegamos em casa são e salvos!

Pontos da viagem

Quedas: duas! Uma parado, entrando num posto de gasolina no Chuí. Na hora de parar a moto, quando fui colocar o pé no chão sem o descanço, desequilibrei e bum! Devia ter um pouco de óleo no chão. E com a moto pesada então…!

A segunda foi chegando nos Cânions do Itaimbezinho. Uma ponte com madeiras totalmente desniveladas, aos passar super devagar, a uns 10km/h, o pneu escorregou e fomos ao chão! Derramou um pouco de gasolina pela tampa, mas nada grave.

Segunda pele: Achava que esse negócio de usar segunda pele era frescura e não levei. Mas subindo as serras gaúcha e catarinense sofri com temperaturas perto dos 10 graus. O corpo inteiro tremia e em alguns momentos tive que parar porque perdi a sensibilidade das mãos. Na próxima viagem vou comprar uma e das boas!

Luvas: comprei um par de luvas “boas”, baratas e impermeáveis. Piada! Nas poucas chuvas que peguei entrou água por todos os lados deixando a pilotagem insuportável. Mãos geladas e enrrugadas. Na próxima não vou economizar em uma boa luva tambem!

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Botas: Estava usando botas de cano curto, o que deixou que a água tambem entrasse. Cheguei a procurar em alguns lugares um bom para de botas pra comprar mas não rolou.

A moto: Nada a reclamar. Apenas calibrava os pneus todos os dias, lubrificava a corrente e completava o óleo quando necessário. Quando cheguei em Montevideo, percebi que o consumo havia aumentado um pouco. Troquei as velas e tudo voltou ao normal. Aliás, média de consumo entre 20 e 21km/L. Pretty good!

Para ver o álbum de fotos completo clique aqui. Tem umas 700 fotos.

Alberto Ferreira Filho é autor do blog Projeto Montevideo – clique no nome do blog para acessá-lo.

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