Viagem de XT 600 – de BH à Tríplice Fronteira

Foi assim meu planejamento de viagem, me aventurar sozinho em uma moto com 16 anos de uso. Precisava passar além dos meus limites e me fortalecer mentalmente. Não foi fácil deixar minhas filhas e esposa por 8 dias e sair explorando as estradas do Brasil. Enfim, vamos à história da viagem e às dicas para quem quer sair explorando o Brasil.

Como diz nosso grande poeta, Fernando Pessoa:
“quem quer passar além do bojador
tem que passar além da dor”.

Preparativos:

O principal preparativo é arrumar a mecânica e os acessórios da moto. Se você conhece sua moto, sabe o que ela precisa para fazer uma longa viagem. A minha precisava de tudo, pois, a XT 600, vulgo trator, não é uma moto estradeira. Seu banco é ruim, não tem bolha, guidom baixo, e precisava de um equipamento para arrumar a bagagem. Mas em compensação, na velocidade de cruzeiro ela é um espetáculo. Como precisei dela nas ultrapassagens nas estradas do paraná. No que tange aos equipamentos, vamos lá: além dos pneus novos, com câmera de ar e vacina, bateria nova e uma revisão geral, os equipamentos foram, uma bolha, um baú, afastador de alforje e os alforjes, confort gel para o banco, um piloto automático, tomada 12 v e suporte para GPS e celular, esse item é indispensável. Esses foram os equipamentos da moto. Os de uso pessoal já os possuía. (jaqueta e calça de gordura, luvas, botas, e segunda pele)

1º dia – Belo Horizonte – Marília

Às 6h30 liguei o motor da moto em direção a Marília (SP). Nesse dia eu iria andar 800 km até o hotel já reservado pelo aplicativo conhecido. O dia estava lindo. Pegando a rodovia BR-381, encontrei com vários irmãos da estrada indo para o famoso encontro em Passos. Segui pela 381 e depois peguei a MG-50 sentido Passos. Nessa estrada, a cada 60 km, tem uma praça de pedágio. Gostaria muito que moto não pagasse ou então usar o sem parar. Enfim, esses pedágios são desgastantes.

A autonomia da moto é de no máximo de 200 km, então a cada 180 km parava para abastecer, tomar uma água e comer a salvadora barrinha de cereais, indispensável em viagens. Não pesa na bagagem e ainda alimenta. Não correria o risco de passar mal comendo frituras.

Minas gerais é um espetáculo! Parei em capitólio, tirei fotos do lago de Furnas e dos cânions, uma paisagem de tirar o folego.

Deixei Passos para trás e logo entrei no estado de São Paulo. Obrigado governo de São Paulo, moto não paga pedágio e as estradas desse estado são um espetáculo. Chegando a Ribeirão Preto me surpreendi com o tamanho da cidade e o calor que estava fazendo. Além do motor sem refrigeração liquida, o asfalto estava pegando fogo.

Comecei a ver as placas de Marília que indicavam 230 km. Abasteci a moto em Ribeirão e fui pegar a SP-333. Fiquei surpreso: 230 km e poucas ou quase nenhuma curva e, com pista dupla, travei o acelerador em uma velocidade de cruzeiro e gastei 2 horas para rodar essa distância. Passei por apenas 2 postos de gasolina no percurso. Passei apertado, andei 130 km sem ver nenhum posto de gasolina. Enfim, cheguei a Marília às 16h e ainda deu tempo de conhecer a cidade, que por sinal, parabéns aos moradores, cidade lindíssima.

Gastos:
Pedágio 21,00 reais
Gasolina: 196,00
Lanche 20,00 reais
799 km rodados
Tempo de viagem: 9h35

2° dia – Marília a Foz do Iguaçu

Acordei cedo e tomei aquele café espetacular do hotel. Arrumei as bagagens, abasteci a moto e sai rumo ao destino.

O dia estava lindo e a viagem rendeu muito no começo, até chegar ao Paraná. Para minha surpresa, o preço do pedágio é um assalto e a pista simples.

Logo depois do pedágio veio uma paisagem tão linda que fiquei até emocionado: o rio Paranapanema. Demorei 5 minutos para atravessar a ponte e não enxerguei a outra margem, lindíssimo.

Seguir rumo a Maringá e depois Cascavel, sem problemas. Passando por Cascavel começaram as placas indicando os destinos. Comecei a ficar emocionado. Logo passaria minha primeira fronteira de moto. Engraçado isso, no dia anterior estava no Brasil e apenas algumas horas depois estaria em outro país. Somente a motocicleta nos proporciona essa aventura.

Não foi difícil chegar ao hotel em Foz. Alegria de ter chegado e alívio por ligar para a família e dizer que correu tudo bem.

Gastos:
Pedágios 52,20
Combustível: 174,19
Lanche 20,00
Tempo de viagem: 8h46.

3º ao 6º dias – Tríplice Fronteira

Foi de descanso e para conhecer as atrações turísticas de Puerto Iguazu na Argentina, Cidade del Leste no Paraguai e as Cataratas do Iguaçu em Foz do Iguaçu. Lugares incríveis. Tirando o frio e o vento com sensação térmica de 0 graus, as paisagens são de tirar o fôlego.

Voltei pelo mesmo caminho e, chegando a São Paulo, tive um problema na relação da moto: o parafuso do pinhão e a presilha que o segura ficaram bambas e soltaram, fazendo a corrente soltar. Foi resolvido em Marília, na PH motos, pessoal nota 1000. Alô XTzeiros antes de sair em uma viagem, apertem e verifiquem todos os parafusos, principalmente os da relação, rolamento e bucha da roda traseira.

No mais a viagem com a XTzona foi o máximo.

Obrigado a todos que leram esse relato e até a próxima viagem, mas da próxima vez com minha esposa na garupa.

 


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Para adquirir os livros abaixo, acesse o site do autor: romuloprovetti.com

Livro A caminho do céu - uma viagem de moto pelo Altiplano Andino
A caminho do Atacama
Livro sobre viagem de moto pelo Himalaia
Livro sobre viagem de moto até Ushuaia
Um brasileiro e uma moto no Himalaia indiano