Domingo, 31 de janeiro, ainda não havia realizado nenhum passeio em 2011 até esta data. Festas de final de ano, outras festas, visitas…. Sempre havia algum compromisso que impedia uma programação de moto.
Naquele dia, motivada pela visita de uma prima, minha esposa, de maneira brilhante, sugeriu que eu aproveitasse a ocasião para um passeio solo, já que eu havia reclamado que não temos mais tempo para curtir o motociclismo.
Ela não precisou falar duas vezes para que eu estivesse em cima da moto com o motor ligado. Preparei capas de chuva, jaqueta e máquina fotográfica. Abasteci, comprei bolachas e fui embora pela BR-282 em direção a Lages.
Imagine aquele dia perfeito, clima não muito quente, estrada com muitas curvas, pista livre em alguns trechos e com filas em subida de morros onde as carretas não passavam dos 40km/h. Todas as situações possíveis, sem hora para chegar e sem destino certo. Moto perfeita: acelerava, ela respondia, freava, e com total segurança fazia o que podia. Curvas de dar inveja em muitas motos street e paisagens maravilhosas.
Cheguei ao trevo de entrada da cidade de Urubici, daquele ponto eu poderia decidir se subiria até a serra do morro da Igreja ( ou Cindacta como é chamado) ou se iria almoçar em Lages, distante 80km daquele ponto. Optei pela primeira e subi o morro.
No centro de Urubici, abasteci a moto, comprei um salgado e uma coca-cola e fui em direção à serra.
Foram longos km de estrada cheia de brita/pedra solta, onde não sabia se acelerava ou mantinha 40km/h. Assim, fui oscilando e levando um susto atrás do outro, se a moto escorregava, o guidão balançava e os batimentos cardíacos disparavam. Até chegar o ponto da subida onde tudo é asfalto/cimento.
O cenário estava perfeito novamente, sol e poucas nuvens, tudo indicava um visão perfeita do alto dos 1.800 m de altitude. Subindo, acelerando, desviando de vacas deitadas no asfalto e curtindo a emoção de estar ali com a Vstrom (foi a primeira vez que a gordinha subiu a serra).
Com o passar do tempo, a temperatura diminuía, a jaqueta molhava e por fim a serração tomou conta de toda a região. Cheguei ao alto dos 1.800 m de altitude sem mal conseguir ver o termômetro que ficava a poucos metros da estrada. Tirei a jaqueta e logo a coloquei de volta. Estava frio e a razão para isto estava estampada no termômetro: 19°C.
Algo muito diferente do esperado, pois nunca tinha visto aquela região com tanta serração. Por alguns minutos parecia que sol estava tomando seu lugar e a melhor visão que tive, esta na foto ao lado.
Enfim, esperei calmamente, fiz meu lanche, tomei minha coca e após uma hora e trinta resolvi partir. Não vi a pedra furada e muito menos o horizonte, ainda mais bonito, quando visto daquele lugar.
Desci a serra e, como antes do morro, o dia estava perfeito, sem serração e muito quente. Parece que o “problema” estava mesmo no topo da montanha.
Paciência! Tive a oportunidade de ver um dos pontos mais altos do Brasil com muita serração, de sentir uma diferença de temperatura incrível (de 34°C para 19°C no alto) e uma sensação especial: a de ter realizado meu passeio da forma que eu gosto, sem grandes novidades, porém observando os pequenos detalhes que a vida nos proporciona.
Antes de sair da cidade de Urubici parei no posto para colocar as luvas e ver o estado que havia ficado a moto, depois de voltar pela estrada de brita/pedra, queria confirmar se estava tudo certo.
Moto na estrada e, para quem conhece a BR-282, muito declive até a região de Santo Amaro da Imperatriz. Sensações diferentes: a moto parecia mais leve e o caminho de volta mais curto.
Cheguei em casa as 16h30. Após um merecido banho e um super café da tarde, passamos horas conversando sobre a sensação de que a vida pode nos proporcionar sempre algo melhor. Não podemos ficar parados, devemos perceber que existe muito mais além do que está ao nosso redor e constatar que o Criador caprichou em cada detalhe, para que possamos aproveitar estes momentos. Foi isso, sem planejamento e sem grandes desafios. Simplesmente diferente e prazeroso para quem realizou.
Total de km rodados: 381km.
Média por km/L : 18,9
Texto gentilmente cedido por Jean Raduenz
Mais relatos das viagens do Jean em seu blog: Viagens, passeios ou simplesmente lugares
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