Rastro da Serpente e Serra da Graciosa

Amigos bikers, bom dia. Quero fazer um relato atualizado sobre a situação da estrada conhecida como Rastro da Serpente. Não vou fazer o relato da nossa viagem, quero só atualizar a situação da estrada, deixar um comentário a respeito da Rastro e mais algumas dicas.

Eu e a minha esposa pegamos a Rastro da Serpente com a nossa Honda Transalp em Capão Bonito no dia 5 agosto e descemos até Morretes, ao pé da Serra da Graciosa e voltamos no dia seguinte.

Pessoal, ouvi muito falar a respeito dessa estrada e, mesmo que alguém possa ficar chateado ou irritado comigo, vou dizer que, na minha opinião, os comentários que falam de “estrada para homens”, “chão certo”, etc. são – no mínimo – um grande exagero… ou talvez falta de prática dos pilotos (talvez acostumados a viajar só em rodovias retas) que se assustaram a ponto de fazer este tipo de “terrorismo psicológico”. Não se assustem, podem ir na boa, não tem nada de terrível ou complicado. E olhe bem, eu não sou piloto experiente!

Só “piloto de rodovia” pode talvez estranhar um pouco no começo, mas é só não correr e ter um pouco de paciência, que qualquer um pode subir e descer pela Rastro da Serpente sem medo e sem perigo. É uma serra qualquer, não tem uma dificuldade maior que outras serras existentes no Brasil afora. Por exemplo, achei muito mais técnica a Serra da Graciosa, já que a pavimentação é de blocos de pedra, como pode ser visto na primeira foto acima, que podem ficar escorregadias quando molhadas. Claro que não pode andar acima do seu limite e do limite da sua moto, mas isso vale para qualquer estrada. Mas a Serra da Graciosa não precisa de comentários. É a serra mais bonita que já vi no Brasil, linda mesmo.

O único cuidado é com as curvas. Como algumas fecham depois da metade, se for entrar no limite, joelho apoiado no chão, etc., pode cair, mas este não é um problema da estrada e sim do piloto, e vale para qualquer curva em qualquer lugar do mundo.

Concordo porém com quem falou que não é bom pegar esta estrada quando estiver molhada ou sob chuva. Tem muitos lugares onde pode desmoronar e inundar o asfalto com lama.

Situação do asfalto:

Tem uns trechos ruins, basicamente os primeiros 40 km, de Capão Bonito até Guapiara, por causa dos caminhões que saem da Minercal. E os últimos 20 km até Apiaí tem muitos remendos, embora quase não achei buracos. Dá pra passar numa boa. O importante é não ter pressa. Talvez esportiva, HD, custom, etc. possam sofrer um pouco mais, mas dá para ir até de Biz. Infelizmente os remendos podem soltar por causa dos caminhões que passam e a situação poderia piorar na primeira chuva. Mas é só este trecho que precisaria de um recapeamento urgente. O restante está ótimo.

Os únicos dois radares ficam no começo, depois de Capão Bonito, mas estão bem sinalizados com a placa de “Fiscalização Eletrônica”, então olho nas placas. O resto da estrada é “Far West”, terra de ninguém, kkkk.

Depois de Apiaí o asfalto é um tapete até Bocaiuva do Sul. Acredito que seja assim até Curitiba, mas nós pegamos o trecho de terra que vai de Bocaiuva do Sul até Campina Grande (não aconselho este trecho para moto esportiva, etc., porque tem muito cascalho e a moto escorrega muito. Mesmo a Transalp sofreu um pouco e tivemos que andar no máximo a 30 km/h).

Nós fomos em dias úteis (quarta e quinta) e encontramos pouco trânsito. Acho que passamos por uns 10 ou 15 caminhões e alguns carros até Apiaí, bem menos que de Apiaí até Bocaiuva do Sul. A maioria dos caminhões param em Apiaí.

A placa do Rastro Da Serpente em Apiaí foi mudada de lugar. Agora está na entrada da cidade para quem chega de Capão Bonito. Não fica mais na praça em frente ao posto BR, como antigamente. Foi até bom, dá para parar melhor: tem espaço, um parque, uma lanchonete (que estava fechada no horário de almoço…), uma fonte com água boa pra beber, banheiros, etc.

Dica para almoçar:

Concordo com a opinião do amigo motociclista que deixou o seu comentário aqui no site, no artigo sobre o Rastro da Serpente: o restaurante TUK’s em Apiaí é ótimo. Fica na estrada principal, depois do posto BR, saindo da cidade. Não fica na beira da estrada, mas à esquerda. Tem um estacionamento e o restaurante é um pouco interno, embaixo, então fique de olho na placa.

Depois de Apiaí não tem nada, só cidades. O termo “vilarejos” seria o mais correto, talvez. Elas me deram tristeza e nenhuma vontade de parar, mesmo estando com sede… a pior de todas, eu acho, é Adrianópolis.

Dica para dormir:

Alguns quilômetros depois do fim da Serra da Graciosa, sentido Morretes, cerca 8 km antes da cidade, no fim de uma reta, à esquerda, tem a Pousada Graciosa, do casal Kurt e Mirian: É LINDA, mas LINDA mesmo. Não tem quartos, só chalés. Se for com a esposa ou a namorada, vale a pena ;-. Atendimento cinco estrelas, jantar com pizza caseira, cerveja caseira produzida pelo dono da pousada, café da manhã com cinco variedades de pão caseiro e outros produtos artesanais (bolo, iogurte, geleia, etc.).

Depois do café da manhã nem precisamos parar para almoçar, a quantidade de carboidratos foi bastante para a viagem toda, kkkkkk

Tempo de viagem:

Vou relatar aqui quanto demoramos nos vários trechos. Saibam que não sou piloto que põe joelho no chão, que faz aquela ultrapassagem besta ou que torce o cabo nas retas para alicatar o disco antes da curva. Gosto de curtir a paisagem também.

Demoramos menos de 5 horas de Capão Bonito até Bocaiuva do Sul. Saímos de Capão Bonito às 10 horas, chegamos a Apiaí às 11h30, paramos uma hora para abastecer e almoçar, paramos mais uns 20 minutos para descansar no caminho e chegamos a Bocaiuva do Sul às 14h45.

Na volta não paramos para almoçar. Saímos às 9h30 da pousada em Morretes e chegamos a Bocaiuva do Sul às 11 hora. Passamos por Apiai às 13 horas e em Capão Bonito por volta das 15 horas (na volta não abasteci em Capão, então não tenho o comprovante do cartão para confirmar o horário). Na volta paramos no total só meia hora para os abastecimentos, tomar uma água e usar o banheiro.

Infelizmente o Porthal Rastro da Serpente, em Capão Bonito (onde fica a placa) estava fechado: tinha uma baita vontade de parar a moto, tomar uma gelada e bater um papo com o Levi e a Michelle, mas tive que aguentar a sede, o cansaço e a dor no pescoço e continuar reto até chegar em casa.

Espero que este relatório possa ajudar outros pilotos para planejar a viagem e que a situação da estrada permaneça, pelo menos, como está, ou seja, não piore. Na verdade um recapeamento seria muito bem vindo no trecho entre Capão Bonito e Apiaí!

Giovanni

p.s. desculpem o meu portuliano. Sou italiano legítimo e velho demais para aprender a falar e escrever português do jeito certo, kkkkkkk


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