Meu objetivo era conhecer dois destinos muito conhecidos do Estado do Rio de Janeiro com a minha “Grampola”, uma Yamaha Fazer 250cc: Ilha Grande e Paraty. Meu percurso era simples: Belo Horizonte, Santos Dumont, Angra dos Reis (Ilha Grande), Paraty, Trindade e depois retornar para Santos Dumont e finalizar em Belo Horizonte.
Uma viagem é sempre uma aventura, mas uma viagem de moto é sem dúvida uma aventura que nos exige bem mais preparo e disposição. Sobre duas rodas a exposição a riscos é contínua, mas em contrapartida somos contemplados com belas paisagens e uma sensação de liberdade sem igual.
Chegou o grande dia: no dia 08 de janeiro saí de Belo Horizonte por volta de 10 horas rumo a Santos Dumont. Um percurso de 217 km pela BR 040 com a qual já estou acostumado, pois sempre vou para a casa dos meus pais de moto. De 08 a 14 foi o período de ajustes finais para a segunda etapa da viagem, pois realizei a troca do pneu traseiro da moto, instalação de um carregador de bateria USB para o celular e mais alguns ajustes finais que garantiram uma viagem tranquila. Feito isto, a minha “Grampola”, uma Yamaha Fazer 250cc ano 11/12, estava pronta pra enfrentar o asfalto.
No dia 14, dando prosseguimento ao trajeto, saí de Santos Dumont por volta das 06h15 rumo a Angra dos Reis. Como era um percurso de aproximadamente 330 km eu não me preocupei em sair tão cedo, afinal de contas eu estava de férias e pressa era a última coisa que eu tinha.
Moto na rodovia BR 040 novamente e por volta das 07h20 eu cheguei à divisa de Minas com o Rio, na altura da cidade de Comendador Levy Gasparian.
Logo à frente eu saí da BR 040 e entrei na BR 393 na cidade de Três Rios. Uma rodovia que até então era desconhecida por mim, mas pude verificar que está muito bem conservada. Daí pra frente passei por algumas cidades como Paraíba do Sul, Vassouras (onde fiz uma pausa para o café e dar uma esticada nas pernas) e Barra do Piraí. Depois da BR 393, hora de pegar a RJ 145 passando por Santanésia e Piraí até Passa Três, onde o trajeto era continuado pela RJ 139 até o trevo que dá acesso a Volta Redonda/Barra Mansa ou Angra dos Reis/Rio Claro pela BR 494 já por volta das 11 horas.
Seguindo viagem passei por Rio Claro e logo após pelo distrito de Lídice onde fiz uma breve parada para o almoço. Dali pra frente seria uma das partes mais esperadas da rodovia que é o trecho da belíssima Serra D’água com cerca de 27 km até a BR 101. Do alto da serra dá para avistar a baía de Angra dos Reis, contudo o tempo estava nublado e eu não pude contemplar tal visão. Em contrapartida passei por três túneis escavados na pedra nas décadas de 20 e 30, calçados por paralelepípedos, sendo que no último há duas quedas d’água em sua entrada (sentido Angra dos Reis) o que faz ele se destacar dos demais. Uma atração à parte da Serra D’água que merece ser prestigiada por um bom motociclista a bordo de sua máquina.
Chegando a Angra fui logo procurar um estacionamento que me passasse confiança, afinal de contas minha Grampola ficaria ali por 5 dias… Depois de algumas voltas pela cidade procurando, achei um na Rua Prof. Lima, na altura do nº 115, ao custo de R$20,00 a diária, e foi lá mesmo que deixei, pois a moto ficaria bem protegida. Indico a todos que um dia por acaso precisem. Dali pra frente seria de barca para Ilha Grande onde não é permitida a entrada de veículos particulares
Depois de 5 dias em Ilha Grande aproveitando as belas praias, caminhadas por trilhas na mata, passeios de lancha, aprendendo um pouco sobre a história e cultura do local e o que de melhor a natureza pode nos oferecer, hora de voltar para Angra dos Reis e dar continuidade na viagem.
No dia 19 de janeiro acordei cedo e às às 10 horas embarquei para Angra dos Reis. Busquei a moto no estacionamento, dei aquela conferida em tudo, amarrei toda a bagagem, jaqueta, colete, luvas, capacete e “pé na estrada”. Um belo trecho de 96 km da Rodovia BR 101 passando pela Usina Nuclear de Angra 1 até Paraty onde fiquei por mais 6 dias.
Vale ressaltar que Paraty é uma cidade de belezas e valores históricos inimagináveis. Suas ruas de pedras irregulares, casarões e igrejas juntas ao mar dão à cidade um toque especial. E eu como bom mineiro e amante da história do período colonial, fiquei vislumbrado com tamanha riqueza. Recomendo a todos conhecerem a belíssima Paraty.
No penúltimo dia da estadia fui conhecer o tão famoso vilarejo de Trindade. Peguei a moto no estacionamento do hostel por volta de 11 horas e depois de uns 45 minutos pela BR 101 sentido Ubatuba cheguei ao trevo que dá acesso ao vilarejo de Trindade.
Passei o dia pelas belas praias de Trindade e pude ver de perto o porquê de muitos amigos me indicarem o vilarejo como destino, pois de fato é um belo lugar que merece ser visitado várias vezes, pois inúmeras são suas atrações entre praias, cachoeiras e trilhas. Impossível conhecer tudo em apenas um dia.
De volta a Paraty, descansei para no dia seguinte enfrentar os 447 km que me levariam de volta até a cidade de Santos Dumont. Chegou a hora “mais triste” da Lost Island Expedition, hora de ir embora. Digo triste porque viajar é sempre bom e eu queria ter mais tempo para esticar a viagem por outros cantos do estado de São Paulo, como Ubatuba, por exemplo, mas fica para uma próxima trip.
Tudo conforme planejado, só faltava chegar a Santos Dumont para cumprir a primeira etapa do retorno e aproveitar para matar a saudade da família. Saí de Paraty às 10h30 e peguei a RJ 165, a famosa estrada Paraty-Cunha que transpõe o Parque Estadual da Serra da Bocaina, situado na Serra do Mar. Uma bela serra que merece ser apreciada. A estrada que a atravessa tem aproximadamente 23km de extensão até a divisa dos estados do Rio de Janeiro com São Paulo.
Daqui em diante a viagem foi tranquila e eu não parei em muitos lugares para fotografar. Saí da RJ 165 e entrei na SP 171 passando por Cunha e logo após cheguei à BR 116 (Rodovia Presidente Dutra), na cidade de Guaratinguetá. Daqui pra frente passei por Cruzeiro, já na SP 052 e na divisa de São Paulo com Minas Gerais
Entrei na MG 158 passando por Pinheirinhos, Passa Quatro – onde parei para almoçar em um restaurante às margens da rodovia – logo após Pé do Morro e Itanhandu na Serra da Mantiqueira. BR 354 em Pouso Alto e Caxambu, BR 383 na altura de Baependi, BR 267 por Bom Jardim de Minas, Lima Duarte, Orvalho, Valadares, Penido e finalmente chegando à BR 040 em Juiz de Fora. Daí pra frente o caminho é bem conhecido e por volta das 18 horas, após passar por Ewbank da Câmara, cheguei a Santos Dumont.
O corpo pedia descanso, mas a mente exalava paz, relaxamento e uma sensação inexplicável de leveza… Tudo que umas férias tem que proporcionar para que possamos voltar “à ativa” com as baterias recarregadas!
Depois de dois dias de descanso na casa de meus pais era hora de voltar para Belo Horizonte e retomar a vida real. Foram mais 217 km pela BR 040 onde finalizei a Lost Island Expedition no dia 26 de janeiro com 1.213 km percorridos em 19 dias de viagem.
Foi a primeira viagem de moto que fiz sozinho. Claro, que no início bateu aquela dúvida quanto à necessidade de uma companhia, afinal de contas eu estava indo para lugares totalmente desconhecidos por estradas ainda não percorridas. Mas no final deu tudo certo e eu só tenho uma coisa a dizer: valeu a pena e eu faria (farei) tudo de novo!
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