No inicio de 2015 fui convidado por alguns amigos para participar de uma aventura: cruzar a Transamazônica de moto. Já era um sonho antigo meu, só faltava uma oportunidade, então o convite foi juntar a fome com a vontade de comer.
Com o desenrolar do projeto, tivemos uma visão do JAQUES!
“Já que estaremos por ali”, aumentamos o desafio! Além da BR-230 (Transamazônica), incluímos a BR-319, que liga Porto Velho a Manaus, uma rodovia abandonada e vandalizada, que a floresta tomou de volta, e a BR-163, que liga Santarém a Cuiabá. As três piores rodovias do Brasil, o “trio parada dura”, com milhares de quilômetros de terra, pista simples, caminhões, um pouco de selva e lama.
Depois de traçado o percurso, chegamos à distância total de 9040 km a serem percorridos, sendo 4000 km por estradas asfaltadas, 4300 km por terra e 740 km pelo Rio Amazonas.
Infelizmente, após a coleta de informações, definição da rota e vários detalhes acertados, um a um dos que me convidaram foram desistindo por razões de trabalho. Ir sozinho? BR-230 é possível. BR-319 não é recomendável. BR-163 é bem difícil, mas também é possível.
E a moto que eu escolhi pra fazer a rota, a Royal Enfield Classic 500, estava empacada na oficina, por causa de um engasgamento crônico na alimentação de combustível. Creio que foi resultado da gasolina adulterada de Pirapora e João Pinheiro, na volta da viagem à Bahia, em junho de 2014. Claro que fizemos todo o processo de limpeza várias vezes, com retorno do problema. Acabei desconfiando das gasolinas do centro-oeste também, mas testando com outras motos, não dava problema no mesmo posto de gasolina.
Em fevereiro, depois de mais uma limpeza geral e um passeio pela terra (para treinar), voltou engasgando novamente. Encostei a moto, para uma “autópsia” completa, tipo “entrar pelo escape e sair pela mangueira do freio dianteiro”…
Nesse processo de teste-reteste, pede-espera-troca peça, já estava convencido que ia sozinho, e com outra moto.
Perdi o primeiro semestre todo, que ia utilizar para colocar a moto na lama da chuvarada de Brasília (verificar o comportamento dela no barro), descobrir os pontos críticos a serem modificados como a altura do paralamas e do escape e proteções, praticar mais na manutenção da moto – eu mesmo fazer ajustes, regulagens, trocar pneus, etc -, e fabricar os suportes/bagageiros necessários. Nada disso foi feito ainda.
Nos últimos 15 dias é que comecei a ter notícia boa! Contatos feitos na viagem a Marabá e Belém permitiram encontrar integrantes do Os Papas MC, de Belém, que estão indo na mesma época pela BR-230. Já estamos juntos na empreitada!
E hoje a moto saiu da oficina, finalmente. Vamos testar a bruta pra ter certeza que tá respirando sem aparelhos! Espero não ter mais problemas, mas vou ficar preparado para o pior (como sempre).
A viagem começará no dia 24 de setembro. No dia 26 chego a Paragominas (PA), onde vou encontrar os parceiros do Os Papas MC, justamente na festa de aniversário deles. Dia 28 iniciaremos a ida para Marabá (PA) para iniciar a BR-230. O projeto deles é coincidente com o meu nesta BR. Depois eles vão para o Peru.
Reservei os 30 dias das minhas férias para realizar essa viagem, sendo 20 de estrada, 2 de barco, 3 de city-tour em Manaus, Santarém e na Chapada dos Guimarães e 5 de folga para imprevistos.
Em relação à saúde, já me vacinei contra febre-amarela, e estou pesquisando sobre repelentes (os pescadores têm boas dicas). A questão física, embora eu esteja acima do peso, como estou sempre na estrada, considero a musculatura já preparada e adaptada à posição de pilotagem. Fiz viagens longas com a Royal em 2013 e 2014 e pude encontrar os limites de tempo, posição e “ergonomia” na pilotagem da moto.
A maior preocupação é com relação à pilotagem na terra. Perdi o primeiro semestre todo sem praticar, devido à moto ter ficado na oficina este tempo todo. No fundo, tudo isso começa agora! Mas vou iniciar a viagem com pneus para asfalto e levarei pneus para terra na bagagem.
É isso… quem quiser acompanhar essa maluquice, criei uma página no Facebook chamada Transamazonica 2015. Para quem não tem nem quer ter Facebook, alguma coisa será colocada no site do El Bando MC.
Veja no vídeo abaixo a moto que vou realizar a viagem.
Bressan
El Bando Moto Grupo / Coord. Estadual Brazil Riders – DF
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