O objetivo desta viagem de moto era, saindo de São Paulo, Capital, ir até o Rio Grande do Norte pelo litoral e retornar pelo Sertão, passando pelos Estados do Pará e Mato Grosso, percorrendo em 12 dias um total de 8.000 km de estradas de 16 estados, sendo 550 km de estrada de terra. A motocicleta utilizada, uma Honda CBR 250 Twister.
A viagem começou dia 31 de maio, após 3 anos de espera e planejamento. Como sou muito detalhista, tratei de planejar tudo com muito cuidado para evitar o maior numero de surpresas pelo caminho.
Saí de casa as 07h00 com a intenção de cumprir a primeira meta: chegar em Natal, o primeiro eixo da viagem, em 4 dias. Esta meta foi cumprida com paradas para pernoite no Rio de Janeiro, Sul da Bahia e Sergipe. Percorri os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santos, Bahia, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Neste primeiro trecho eu não tive grandes surpresas a não ser as belas paisagens. A estrada não estava uma “Bandeirantes” mas consegui chegar ao destino com segurança e dentro do prazo planejado.
Em Natal fui recebido pela Graça, que me levou para fazer um tour pela cidade. Embora fosse a minha quarta visita a Natal, esta era especial, pois era a primeira vez que chegava nela de moto.
Já na reunião do Motoclube da Graça, tive a informação que, devido às fortes chuvas que caíam na região, as estradas que me levariam até Fortaleza estavam intransitáveis. Com a ajuda dela mudei o roteiro rumo ao Pará, o segundo eixo da viagem. Ao invés de passar pelo litoral, iria pelo Sertão, o que no final valeu muito a pena, pois eu não conhecia o Sertão Nordestino e fiquei muito surpreso com as belas paisagens que vi.
Assim, passei pelo interior do Ceará com direito a uma parada em Juazeiro do Norte para conhecer o Padre Cícero e depois segui para o Maranhão, Piauí e Tocantins, chegando ao meu destino, o Pará. A partir daí comecei a escutar relatos sobre latrocínios e acidentes nas rodovias, o que me fez redobrar minha atenção, mas no final cumpri meu roteiro sem nenhum incidente e não vi nada de diferente. Vale ressaltar que até este momento nada de chuva.
Saindo do Pará entrei no Mato Grosso, a melhor parte da viagem. Logo que saí do Pará, bem na divisa, o asfalto acabou, dando lugar a 550 km seguidos de estrada de chão, sem nenhum posto de gasolina ou qualquer tipo de estrutura pelo caminho.
Já sabendo o que me esperava, me preparei antes de pegar este trecho. Enchi o tanque com a gasolina comum mais cara que já paguei, R$ 3,05 o litro, e mais 3 garrafas pet, que pela minhas contas seriam o suficiente. Levei bolachas e água e fiz o ultimo contato com a família informando que ia dormir na mata mesmo.
Senti muita dificuldade no começo, pois a moto estava muita pesada por conta do baú e alforjes carregados e mais a gasolina, além da estrada ser de areia fofa repleta de buracos. Tudo isto tornou a pilotagem muito difícil. Ainda por cima, com o pneu liso eu me sentia “correndo em uma cozinha ensaboada em volta de uma mesa”. Estava pronto pra cair a qualquer momento, era somente uma questão de tempo e de que jeito.
Mas para minha grande satisfação e sorte, consegui vencer os 550 km de estrada de chão sem cair. Logo ao anoitecer achei uma vila fora da estrada, onde pernoitei. Tinha uma pequena sobra de gasolina no tanque, já tendo utilizado a gasolina extra das garrafas.
Este estado de fato me marcou, não só pelo grau de dificuldade na estrada mas também pela incrível diversidade da fauna e flora, pois vi muitas riquezas em paisagens e animais que passavam na minha frente, que eu só tinha visto no zoológico.
Depois deste belo estado passei por Goiás e Mato Grosso do Sul. Dei uma parada em Jales onde fui muito bem recebido por amigos com um churrasco. De lá segui para minha casa.
Essa viagem foi uma prova de que com planejamento e força de vontade você pode fazer uma longa viagem com uma moto pequena, pois a maior cilindrada tem que estar dentro de você.
Leandro Bogzevicius – Leko
www.lekorider.com.br
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