Em maio deste ano, eu e o amigo Marcos fizemos uma viagem de moto de Ribeirão Preto (SP) até Maceió (AL). Uma viagem marcada pela chuva na estrada e nos destinos, mas que valeu muito pela experiência adquirida, como você poderá ver a seguir.
As motos utilizadas nesta viagem foram uma Suzuki B King e uma BMW GS 800. Fiz algumas adaptações na moto que andei vendo na internet e que, apesar de parecer gambiarra, nos ajudou muito na estrada.
Li um relato sobre as motos com refrigeração líquida que tiveram problemas com o excesso de lama nos radiadores de água. Acumula-se muito material jogado pelo pneu dianteiro entre as minúsculas passagens do radiador e acaba gerando aquecimento. Para isto, improvisei um “parabarro” de polietileno que eu mesmo confeccionei que poderia ser retirado a qualquer momento e sem nenhuma modificação na motocicleta.
Outro artefato que criei e que também vi na internet foi um lubrificador de corrente “meio automático” (rsrs). Utilizei um reservatório de fluido de fusca, um registro de gás e uma mangueira transparente que segue até a corrente, preso a um adaptador que também criei (também sem nenhuma modificação na motoca). Nas paradas para abastecimento era só abrir o registro e percorrer pelo acostamento um a dois km em baixa velocidade para o óleo pingar sobre a corrente e mantê-la sempre lubrificada (afinal, uma relação desta moto não é barata). Quando na parada do almoço fazia a lubrificação manual um pouco mais detalhada. Usei óleo 80.
Também levei um Spray reparador emergencial para pneus, aquele reparo tipo cordinha para pneus e algumas ferramentas a mais do que as originais da moto e uma boa corrente para mantê-la segura em paradas onde não se tem acesso visual da motoca.
Utilizei bauletos laterais de 23 litros da marca Givi e instalei Sliders semi longos na dianteira, que ajudavam a apoiar as pernas e mantê-las esticadas para reduzir o cansaço. Mas o mais importante “artefato” que utilizamos nesta viagem e recomendo a todos que quiserem realmente manter o conforto e viajar quilômetros e quilômetros sem ter os glúteos adormecidos e travados, foi um assento de água que tem pequenas divisões e mantem o fluido (água) estável, retendo todas as vibrações provenientes da moto. Viajamos sem sentir nada, sempre inserindo água fresca, que mantinha também a temperatura do assento estável e confortável. Este assento é um modelo específico. Alguns vendidos por aí não são tão bons quanto estes que usamos.
Um detalhe importante a frisar: somando peso da moto (215 kg com tanque cheio), piloto (100 kg) e bagagem (em torno de 50 kg), tínhamos um peso total para a B King empurrar em torno de 360 kg. Acredite, ela manteve a média de 18 km por litro numa velocidade em torno de 120 a 135 km/h com alternâncias às vezes entre 140 e 150 km/h. A moto tem muita força, são 14,0 kgF.
Eu e meu amigo levamos apenas roupas básicas: tênis, chinelos, bermudas, camisetas malha fria, alguns itens para primeiros socorros e os materiais básicos de higiene e limpeza.
A viagem
Saímos de Ribeirão Preto no dia 21 de maio às 04h45 da madrugada pela Rodovia Anhanguera com tempo meio suspeito para chuva. Menos de 90 km percorridos e já enfrentamos a primeira chuvinha, fraca, mas constante, até chegarmos ao Posto do Japão em Igarapava (SP), cerca de 140 km de Ribeirão Preto. Em Uberaba (MG) desviamos sentido Araxá, passando por Patos de Minas, Pirapora e Montes Claros, todas elas no estado de Minas Gerais.
Conseguimos chegar a Salinas (MG) para nossa primeira Pernoite. Foram 1.097 km rodados em um único dia, sem imprevistos, em uma viagem relativamente tranquila.
Mais uma dica: ficar sempre em hotéis bons, pois precisamos descansar para seguir viagem.
Saímos cedo de Salinas, pois o tempo estava um pouco embasado e ainda corríamos o risco de pegar mais chuva, mas mantivemos o ritmo. Alguns quilômetros depois de Salinas entramos na BR-116 e, acreditem, com chuva e forte neblina, o que nos fez diminuir a velocidade e aumentar o tempo de viagem. Foram mais ou menos 100 km de chuva e neblina, mas logo em seguida abriu sol e tempo firme.
Passamos pelas cidades de Vitória da Conquista, Milagres e Feira de Santana na Bahia, e com muitos pedágios de R$ 2,25 por moto. Neste caso, o bom era ter o serviço de guincho à disposição, caso precisasse. Em Feira de Santana descemos sentido salvador para pegarmos a BR-101 sentido norte.
Neste dia dormimos em uma cidadezinha chamada Esplanada, na Bahia.
No terceiro dia, saímos de Esplanada às 04h30 da manhã, afinal, na Bahia, amanhece bem cedo e anoitece mais cedo ainda, então, pé na tabua, pois nosso destino agora seria direto até Aracaju (SE) ou Maceió (AL). Este foi o pior trecho de toda a viagem, tendo em vista que cerca de 40 km após nossa saída, começou a chover forte com neblina e muita chuva, em uma estrada com pista simples e muitos caminhões. Foi um “teste de ferro”. Tocamos até o trevo de entrada de Aracaju com chuva. Acredito que rodamos em torno de uns 190 km debaixo de chuva.
Mas não entramos em Aracaju. Existe um trevo bem antes da cidade que permite seguir para Alagoas, então, continuamos viagem direto até Maceió (AL). Após passarmos pelo trevo de Aracaju, sentido Alagoas, tivemos mais alguns imprevistos com obras na BR-101, o que nos atrasou mais ainda.
Depois de mais alguns quilômetros, entramos no Estado de Alagoas, quando a chuva deu uma trégua. Conseguimos chegar a Maceió por volta do meio dia, sem chuva, com muito sol e fomos direto para o Hotel onde nos hospedamos.
Deixamos as coisas no quarto e pé na praia, afinal, este era o nosso objetivo. Infelizmente tivemos apenas 2 horas de alegria, pois logo após a chuva desabou em Maceió novamente, e foi sem parar até por volta das 19h.
Saímos para jantar e combinamos que, se o tempo não melhorasse, iríamos descer sentido Aracaju e demais cidades da Bahia.
No dia seguinte tivemos um pouco mais de sorte e o tempo amanheceu melhor, com sol e tempo limpo, o que nos permitiu uma caminhada na praia até o limite da orla com o pé na agua.
Mas como alegria de pobre dura pouco (kkkk), na hora do almoço desabou o tempo novamente. Bom, ai já bateu o desânimo e concordamos que no dia seguinte iriamos embora, mas ainda com uma ressalva: caso o tempo amanhecesse melhor, iriamos para a Praia do Francês para o Marcos conhecer. Eu já conhecia Maceió, mas ele ainda não.
O dia amanheceu bom. Alugamos um carro e descemos para a praia do Francês. Massss… mais uma decepção: por volta do almoço, olha ela novamente, Chuvaaaa.
Decidimos ir embora de Alagoas, pois tínhamos também visto na TV que os estados de Alagoas e Pernambuco enfrentavam fortes chuvas.
Descemos para Aracaju, onde encontramos tempo melhor. Ficamos por lá 3 dias e depois pegamos a linha verde até Salvador, onde paramos apenas para fotos. Atravessamos para Vera Cruz na ilha de Itaparica de Ferry Boat (Balsa) e descemos até Valença, onde dormimos, para continuar viagem no dia seguinte.
Saímos de Valença e seguimos pela estrada litorânea até o trevo de Itacaré, mas o Marcos achou melhor irmos para Ilhéus (BA). Deixei que ele decidisse onde gostaria de ir, pois eu já conhecia toda região.
Nos hospedamos em um hotel muito bom em Ilhéus, diria até a nível de resort. Pé na praia como dizem, pois o hotel tem acesso direto para a praia. Ficamos em Ilhéus apenas dois dias, pois, infelizmente, a época escolhida para o passeio não foi das melhores: dá-lhe tempo fechando novamente.
Decidimos então abortar o passeio e retornar para Ribeirão Preto.
O resto da viagem foi tranquilo. Percorremos os mesmos caminhos de ida, com mais agilidade, alternando algumas paradas, sendo a primeira em Salinas. Depois seguimos direto para Ribeirão Preto.
Esta viagem, apesar da chuva, valeu como experiência, principalmente para o Marcos, que ainda não tinha feito uma viagem longa de moto e também por não ter ocorrido nenhum imprevisto na estrada, nem com as motocas. Estamos programando uma próxima para Natal RN.
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