Trilhas e caminhos inéditos no Nordeste

Prefiro viajar sem destino, sem pressa e usando apenas uma bússola (e raramente um mapa). Clotilde, minha companheira, é uma Falcon 2004 com pneus de cross, já que meu terreno favorito é fora do asfalto. Essa viagem fiz com meu amigo Camachinho e eu não vou dizer que moto ele usa, senão não vão acreditar no que fizemos. Olhem as fotos…

Adoro o Sertão, com suas variações de terrenos, cores, cheiros e temperaturas e já rodei milhares de quilômetros em lugares inacreditáveis.

Desta vez não foi diferente: Saímos em janeiro de 2021 e rodamos 5 mil km em 16 dias.

Até Picos no Piauí rodamos em estradas laterais sem passar dos 60 km/h, sempre curtindo a maravilhosa paisagem.

A primeira grande atração foi a Cachoeira Santa Bárbara, com 76 metros de altura e ninguém por perto. Simplesmente FANTÁSTICA e junto ainda tem o Poço Azul, com suas águas azuladas. Seguimos para Carolina, onde tem muitas opções de lazer e bons hotéis.

Uma das nossas surpresas foi a mudança de clima. Saímos em pleno verão de Natal, até preocupados com o calor do Sertão, porém chegando no Maranhão chovia e as temperaturas caíam. Interrogando os locais fomos informados que para eles, janeiro é inverno!

Entrando no Tocantins, além do ambiente amazônico, percebemos que o Google Maps pouco servia. Andamos por lugares inexistentes no mapa, inclusive em uma reserva indígena dos Xerente. Muito deserto e emocionante andar em estradas de barro no meio da mata, quase sem conexão com a civilização. Depois de muitas horas, interpelei um índio da tribo que nos informou que estávamos perto de Rio Sono, mas ele não tinha certeza se a balsa estava funcionando.

Em seguida entramos no Jalapão. Amei a variação de terrenos, para Camachinho nem sempre foi fácil com sua moto, como podem perceber na foto. Nessa queda, como em todas, nada aconteceu, já que andamos devagar, mas rimos muito, já que na placa que ele acertou, tinha escrito ‘Cherin’ e concluímos que ele queria dar um ‘Cheirinho’!

Nuvens carregadas e chuvas intensas nos obrigaram a montar uma barraquinha no meio do caminho até que percebemos que era exatamente nesse lugar que chovia mais. Então enfrentamos a chuva e, de fato, pouco depois parou e podíamos olhar as nuvens pesadas atrás de nós.

No meio de uma estrada de barro conhecemos um Senhor que nos deu uma dica maravilhosa: os Cânions do Viana. Não é fácil chegar lá, porém vale muito a pena. Tem que chegar, olhem este nome, em Morro Cabeça no Tempo. Depois segue-se, sempre no barro, por trilhas apertadas e confusas nos cânions que são simplesmente espetaculares, com suas falésias verticais, riachos e flora. Dormimos em Bom Jesus e seguimos para Bahia pela Serra das Confusões. Outro terreno difícil, caminhos estreitos de areia fofa, visitamos uma gruta imensa e fomos agraciados com uma vista maravilhosa em cima da Serra.

Um lugar que sempre quis conhecer era a Serra da Capivara, onde tem o museu antropológico fundado por Niède Guidon, mesmo estando fechado no momento. De lá seguimos até o Rio São Francisco e voltamos para Natal.


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