Um anjo na estrada rumo ao Surubim Moto Rock

Nossa viagem de Natal (RN) até a cidade de Surubim (PE), para participar do primeiro Surubim Moto Rock, teve inicio, como na maioria das vezes, não quando colocamos nossas motos na estrada efetivamente, mas no decorrer da semana, quando formamos nosso grupo de viagem através das redes sociais.

Na manhã de sábado, dia 18 de abril, exatamente às 05h30, cheguei ao posto de gasolina do Emaús, ponto de encontro e de partida da maioria dos grupos de motociclistas que deixam a cidade, para curtirem sobre duas rodas o final de semana.

Alguns amigos já estavam lá. Parei próximo a uma bomba de gasolina e, enquanto completava o tanque da minha Yamaha Fazer 250, a “Tremenda Guerreira”, observei a uma distância de uns 50 metros o grupo que já se formava. Reconheci a Flor, uma garota super envolvida no motociclismo, na companhia de Charles, esse ao lado da sua Ténéré 250, aparentemente ajustando o GPS. Vi também Ricardo, Jack, Ítalo, outros motociclistas que ainda não conhecia e alguns que conheço apenas de vista de outros eventos, mas que ainda não estivemos juntos na estrada.

O relógio marcava 05h50. Faltavam 10 minutos para o horário combinado para a saída. Tempo suficiente para calibrar os pneus e me unir ao restante do grupo.

Parei minha moto ao lado das que já estavam alinhadas e logo iniciei uma sessão de fotos. Iniciou imediatamente uma algazarra, muitos abraços, beijos e cumprimentos, sem contar as apresentações. Fizemos uma rápida avaliação da situação. Faltavam chegar mais algumas pessoas, que fizeram contato telefônico e  informaram que estavam a caminho. Em poucos minutos e o grupo estava completo. Mais fotos e os últimos ajustes para colocarmos nossas motos na estrada.

Fizemos uma rápida reunião, durante a qual falamos sobre velocidade, ponteiro, ferrolho e quantas motos estavam fazendo parte do comboio, além de alguns detalhes a serem levados em consideração por todos durante o deslocamento. Detalhes importantes para a nossa segurança, para que a viagem ocorresse da melhor maneira possível.

Uma rápida oração em agradecimento à proteção Divina pela nossa viagem, que já estava dando certo, a foto oficial do grupo e fizemos roncar os motores.

Apolônio e esposa de Bros 150 saíram à frente, puxando o comboio, seguidos de Júnior Tribal em uma XTZ-X Motard 125cc Yamaha turbinadíssima, Charles e Flor na Ténéré 250, Ítalo e Juliany de CB 300, Ricado & Jack de XRE 300, Marcos e Nana na Harley-Davidson, Marcelo e Suzana também de XRE 300 e eu, Robson, de Fazer 250. Oito motos no total.

O comboio seguiu em formação de duas filas até a subida do viaduto que dá acesso a Parnamirim. Cruzamos essa cidade e logo estávamos dentro da nossa velocidade de cruzeiro, 100 km/h. A formação em fila dupla alternando as motos dava um visual bem legal, além do aspecto de organização, que chamava a atenção dos que passavam de carro. Alguns motoristas diminuiam a velocidade ao nosso lado, para apreciar o deslocamento das motos. Para mim era uma sensação muito gostosa saber que estávamos sendo observados com atenção e admiração pelos ocupantes dos carros. Mas o trânsito era intenso e logo eles precisavam aumentar sua velocidade para não provocar retenções.

Chegamos a São José de Mipibu, onde reduzimos a velocidade para 60 km/h. Perímetro urbano precisa ser respeitado. Na saída dessa cidade tem uma curva longa que eu particularmente adoro. Dali voltamos à nossa velocidade de cruzeiro.

O grupo, a essa altura, apesar de pouco tempo na pista e nem todos se conhecerem, apresentava um ótimo entrosamento. Assim, fomos deixando para trás municípios, lavouras, e paisagens. O clima de viagem nos envolvia por completo. As cidades foram ficando mais distantes umas das outras e fomos totalmente envolvidos pela adrenalina causada pela visão, pela velocidade, pelos roncos dos motores, pela ação do companheiro da frente quando visualizava algum obstáculo, passando imediatamente essa informação ao restante do grupo através de sinais.

Outro momento que requer atenção e foi para mim muito empolgante foram os das ultrapassagens. Quando o grupo chegava na retaguarda do veículo que seria ultrapassado, todos ligavam as suas setas, o ferrolho fechava a retaguarda, todos aumentavam a velocidade e iniciavam, a uma só vez, a ultrapassagem, rigorosamente dentro das suas posições, com segurança e sem causar dúvida ao companheiro da frente ou da retaguarda. Algumas vezes conseguimos todos ultrapassarmos de uma vez só, em outras o comboio foi quebrado pela aparição de um veículo que vinha em sentido contrário, mas a emoção não foi perdida, isso só fez aumentar o clima de adrenalina, até que todo o grupo estivesse novamente unido, quilômetros mais à frente e de volta à velocidade de cruzeiro.

Todo motociclista sabe que depois dos 120 km percorridos o bumbum começa a dar sinais de dormência. Isso queria dizer que já estava na hora da primeira parada. Alguns já faziam os primeiros sinais sugerindo isso.

A placa à nossa frente nos mostrou que estávamos cruzando a divisa dos estados do Rio Grande do Norte com a Paraíba. Mais alguns quilômetros e deparamos com uma acentuada bifurcação, onde deveríamos tomar a direção direita, pois a esquerda nos levaria para João Pessoa.

A BR-101 continuava linda, o sol intenso sobre nossas cabeças e a organização do grupo fez com que a visão do comboio fosse mais bonita. Como estávamos em um trecho sem automóveis, fizemos fotos e reforçamos com sinais a intenção de fazer a primeira parada.

Nossa primeira parada aconteceu depois de 145 km. Tomamos café, abastecemos e fizemos muitas fotos, como é de lei. Depois de 25 minutos de muita descontração ocupando algumas mesas do restaurante no maior clima, parecia que todos já se conheciam há tempos. Hora de preparar para seguir viagem. Mas não sem antes fazermos mais algumas fotos.

Cruzamos então a divisa dos estados da Paraíba com Pernambuco e percorremos mais cento e poucos quilômetros até a cidade de Surubim, onde nos esperava o evento motociclístico Moto Rock Surubim 2015, razão da nossa viagem.

Seguimos para a área reservada ao camping, onde armamos as nossas barracas, reencontramos amigos da nossa cidade que chegaram primeiro que nós e amigos de outros estados e cidades que não víamos há algum tempo. Esse é um momento super legal das viagens de moto. Todo motociclista sabe do que estou falando.

Em seguida seguimos para o local do almoço/feijoada e área de shows. Divertimento puro na companhia desses, que com o tempo passaram a fazer parte do meu círculo de amigos de estrada, amigos sobre duas rodas.

Este relato é dedicado a todos os motoclubes, motogrupos e motociclistas independentes potiguares.

Por Robson Robert
(Anjo da Estrada MG – RN)


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