Viagem de Ribeirão Preto a Maceió

Entre os dias 12 e 25 de dezembro passado eu e minha esposa Sarah fizemos uma viagem de nossa cidade, Ribeirão Preto, até Maceió em Alagoas. Nessa viagem utilizamos nossa Suzuki Bandit 1250 S modelo 2010. Escrevi um breve relato da viagem e acrescentei algumas dicas para quem pretende fazer uma viagem de moto para o Nordeste do Brasil, principalmente com uma moto como a nossa.

Antes de viajar li na internet alguns relatos de outras pessoas que fizeram essa viagem e encontrei comentários de que as motos com refrigeração liquida com uso de radiador de água poderiam passar por problemas com a lama proveniente das chuvas. Acumula-se muito material jogado pelo pneu dianteiro entre as minúsculas passagens do radiador e acaba gerando aquecimento. Prevendo que também poderia pegar chuva e lama na estrada durante essa viagem, fiz algumas adaptações na minha moto que, apesar de parecerem gambiarra, nos ajudaram muito. A principal foi um “para barro” de polietileno que pode ser retirado a qualquer momento e sem nenhuma modificação na motocicleta (eu mesmo fiz). Outro artefato que criei que também vi na internet, foi um lubrificador de corrente “semiautomático”. Utilizei um reservatório de fluído de fusca, mangueira transparente e um registro de gás, que segue até a corrente preso a um adaptador que também criei (também sem nenhuma modificação na motoca). Nas paradas após o abastecimento era só abrir o registro e percorrer pelo acostamento um a dois quilômetros em baixa velocidade para o óleo pingar sobre a corrente, mantendo-a sempre lubrificada (afinal, a relação desta moto não é barata). Durante a parada para o almoço eu fazia a lubrificação manual um pouco mais detalhada. Nesse processo usei óleo 80.

Utilizei um bauleto de 45 litros Givi com “monorack” e dois alforges laterais, e ainda instalei uma antena corta linha (afinal, nesta época de férias tem pipa para todo lado e linha percorre quilômetros quando arrebenta).

Utilizei também os famosos elásticos (stickers) para ajudar a prender o bauleto e os alforges, para garantir a segurança e apoio contra as vibrações da estrada. Instalei também dois Sliders semi longos na dianteira que permitem apoiar as pernas durante a viagem, mantendo-as esticadas e reduzindo o cansaço. Nesses momentos a garupa consegue esticar as pernas até as pedaleiras do piloto e também reduz o desgaste. Com estes movimentos alternados mantemos as pernas em movimento constante, sem adormecimento.

Agora o mais importante “artefato” que utilizamos nesta viagem e recomendo a todos que quiserem realmente manter o conforto e viajar muitos quilômetros sem ter os glúteos dormentes e travados foi um assento de água que tem pequenas divisões e mantém o fluido (água), estável, retendo todas as vibrações provenientes da moto. Viajamos sem sentir nada, sempre inserindo água fresca que mantinha também a temperatura do assento. Este assento é um modelo especifico, não são todos os modelos que servem.

Levei um Spray reparador emergencial para pneus, um reparo tipo cordinha para pneus, algumas ferramentas além das originais da moto e uma boa corrente para mantê-la segura em paradas onde não se tem acesso visual da motoca.

Um detalhe importante: somando o peso da moto (255 kg com tanque cheio), piloto (100 kg), garupa (65 kg) e bagagem (em torno de 50 Kg), tínhamos um peso total para a Bandit empurrar em torno de 470 kg. E acredite, ela manteve a média de 16 a 17 km por litro em velocidade em torno de 110 a 130 km, alternando às vezes entre 140 e 150 km. A moto tem muita força, são 11,7 kgf.m.

Eu levei apenas roupas básicas: tênis, chinelo, bermudas, camisetas malha fria, kit de primeiros socorros e os materiais básicos de higiene e limpeza. Minha esposa levou os mesmos itens que eu e também dois necessaires, dois sapatos, calça, pijama, etc., etc., etc… kkkk… Mulheres… já sabe né? rsrsrs.

A viagem – ida

Primeiro dia: Saímos de Ribeirão Preto às 05h45 da matina com tempo bom. De Ribeirão Preto seguimos via rodovia Anhanguera, até Uberaba/MG, onde desviamos para passar pelas cidades de Araxá, Patos de Minas e Pirapora, todas ainda em MG. Fizemos nossa primeira parada para pernoite (afinal não viajaria à noite com a esposa) em Montes Claros/MG. Foi uma viagem tranquila e sem imprevistos. Uma dica é ficar sempre em hotéis bons, pois precisamos descansar para seguir viagem com segurança no dia seguinte.

Segundo dia: Iniciamos a viagem um pouco mais tarde e logo na saída de Montes Claros tem um trecho (o único da viagem) um pouco ruim, não em termos de buracos, mas sim de ondulações no asfato, que fizeram com que uma mochila que levávamos presa sobre o bauleto caísse ao chão. Por sorte eu consegui perceber o problema à tempo, fiz um retorno rápido e consegui achar a mochila, que tinha rolado até o acostamento durante o tombo. Também por sorte, dentro dela não tinha nada que quebrasse, mas tive que parar em Salinas/MG, onde comprei mais stickers em uma loja e com eles consegui fazer a carga ficar mais segura. Ufaaa…

O trecho do dia, tirando a parte da queda da mochila, também foi feito sem mais complicações. Depois de alguns quilômetros de Salinas, entramos na BR-116, na qual seguimos até a cidade de Jequié, BA, onde pernoitamos. Esta rodovia tem para cada carro circulando uns 50 caminhões (rsrs). Detalhe: consegui hotel bom na beira (próximo) da rodovia, o que facilitou a partida do dia seguinte.

Terceiro dia: Saímos de Jequié às 05h15 da manhã. Na Bahia amanhece as 04h30, porém anoitece mais cedo, então pé na tabua porque nossa viagem nesse dia seria direto até Maceió.

Neste trecho passamos pelas cidades de Vitória da Conquista, Milagres e Feira de Santana, todas na Bahia, e com muitos pedágios, de R$ 1,70 para moto. Neste caso o bom é ter o serviço de guincho, caso precise.

Depois de Feira de Santana tivemos alguns imprevistos que nos atrasaram um pouco. Por exemplo, no trevo de Feira de Santana, tivemos que passar dentro da cidade, porque havia um desvio para obras na estrada. Após atravessar a cidade (queimando embaixo das roupas e do sol escaldante) chegamos à BR-101 e depois de mais alguns quilômetros, entramos no Estado de Sergipe sentido Aracaju (mas não entramos em Aracaju, existe um trevo antes que contorna a cidade e leva para Alagoas).

Após passarmos pelo trevo de Aracaju, tivemos mais alguns imprevistos com obras na BR-101, o que nos atrasou mais ainda. Como resultado desses atrasos, nossa previsão de chegada a Maceió, que era entre 16h30 e 17 horas, acabou ocorrendo às 19 horas, que no caso de lá já era noite.

Nesta chegada tivemos um acontecimento muito interessante, com certo risco, mas que graças a Deus, Nossa Senhora de Aparecida, de quem sou devoto, e à irmandade de nós motociclistas, não teve consequências. Entrei errado em uma avenida que me levou a uma verdadeira biboca, quebrada mesmo, como dizem na gíria, rsrs, mas no momento que eu achei que estava ferrado, encostou ao meu lado um mototaxista, que disse: “Amigo, esta procurando a orla??”; respondi: “Sim, me perdi !!!”. Ele continuou ao meu lado, sem descer da moto e sem parar… “Me siga”. Não vendo outra opção, comecei a segui-lo. O cara ainda pegou um passageiro (kkkk) e no fim me deixou exatamente na Orla. Ufaaa, estávamos em casa, pois nossa recepção seria feita pela madrinha de minha esposa, que mora a 40 metros da orla. Paramos a moto, ligamos para ela e em minutos e sem mais dificuldades chegamos ao nosso destino, onde fomos muito bem recebidos.

No decorrer de nossa estadia em Maceió tivemos a oportunidade de encontrar com os familiares da mãe de minha esposa, fizemos muitos passeios e visitamos várias praias, como a do Francês, Ipioca, Gunga, 9 ilhas, passeios de Barco e muito mais diversão.

A viagem – retorno

Fizemos um retorno tranquilo, pelos mesmos caminhos da ida, mas com mais agilidade. Saímos no dia 25 após a ceia com a família de minha esposa e trocamos as paradas, sendo a primeira em Jequié, a segunda em Patos de Minas (quando viajamos uns 130 km à noite), e por fim chegamos a Ribeirão Preto, totalmente satisfeitos com a viagem e pelas belas paisagens de Maceió e deste nosso Brasil afora).

Esta viagem era um sonho de muitos anos, que realizei com muito êxito e com muito apoio da minha esposa, que além de ótima companhia, ótima garupa, também foi a cinegrafista e fotógrafa da viagem (por sinal muito boa rsrs).

Obs: na ida pegamos apenas uma pequena chuva fraca por uns 5 km e na volta pegamos uma chuva forte entre Pirapora e Patos de Minas, que nos acompanhou por uns 30 Km, mas que não foi problema por estarmos bem preparados com nossas roupas à prova d’água.


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