5500 km de Pop110i pelo Brasil

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Moro em Manaus (AM), onde são poucas as opções de viagem por terra. Desde 2012 surgiu a vontade de fazer uma longa viagem de moto e visitar meu irmão que mora em São José do Rio Preto (SP). A vontade virou meta.

Aos poucos fui “treinando” passar o dia rodando, das 7h às 16h nos fins de semana. Passeios bate e volta para as cidades próximas, sempre por volta de 500 km no total.

Até que em março de 2017 surgiu a oportunidade de fazer uma viagem de 20 dias durante minhas férias.

A escolha de qual moto comprar foi o mais fácil: Honda POP 110i. Depois da compra as pessoas me perguntavam: “por que a Pop?” eu respondia: “Porque não?”

Comprei os pneus off road para cruzar a BR-319, mas veio a notícia: a rodovia está intransponível e somente 4×4 para cruzá-la. Um amigo foi de Honda CRF, uma moto própria para trilhas, que quebrou na metade do caminho.

Bateu o desânimo. Estava preso, a moto já estava comprada. E agora? A solução então foi colocar numa balsa para Porto Velho (RO) e seguir de avião. Depois de uma espera torturante, peguei a moto na balsa.

No primeiro dia rodei 200 km, mas foi como se tivessem sido 1.000 km. Além de obras na pista, ultrapassei mais de 100 carretas. No nervoso, esqueci de tomar água e comer as barrinhas de cereal. Com a cabeça doendo, cheguei ao hotel e apaguei. Eu não sabia, mas esse foi o pior dia da viagem. De qualquer forma, serviu como alerta. Daquele dia em diante, percebi que tinha que por em prática o treinamento: constantemente alongando e mudando de posição na moto. O resultado foi fantástico.

Como o cronograma já estava traçado detalhadamente em uma planilha no Excel, com distâncias e mapas detalhados, resolvi que ia apenas relaxar e cumprir o plano. Paradas a cada 100 km para abastecimento e alongamento. No quinto dia de viagem já estava com a rotina bem definida.

Aprendi que colocar como objetivo a cidade seguinte, ao invés da última, trazia uma gostosa sensação de alívio e liberava uma energia bem legal. Afinal, era mais uma etapa cumprida.

Depois de chegar a São Paulo, no sexto dia, hora de revisão da moto. Preventivamente eu troquei o pneu traseiro (mas não precisava, descobri no final). Um dia pra descansar em São José do Rio Preto e estava na hora de voltar.

Depois de 14 dias, cheguei a Belém (PA). Coloquei a moto na balsa para Manaus e rumei para o aeroporto.

Durante essa viagem eu passei pelo Amazonas, Rondônia, Mato Grosso (que passaram voando), Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goias, Brasília, Tocantins, Maranhão e Pará. Pelas lindas paisagens da Chapada dos Veadeiros. Um país continental, com muita riqueza e muita pobreza.

Conclusão:
Eu não fiz nada demais. Todos nós estamos aptos a fazer essa viagem, e até mais longe. Mas, ao conversar com as pessoas por onde passei, percebi o quanto estamos “presos no sofá”. Corajoso, valente, cabra macho, doido, foram os adjetivos mais comuns que escutei.

Pare de inventar desculpas. “Ah… quando eu tiver uma big trail de 80 mil…” NÃO! Apenas suba na sua moto, seja ela qual for E VÁ.


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