Viagem de moto de 1800km em três dias

Havia mais ou menos um ano que não fazia uma viagem longa. A última foi para Nova Viçosa (BA), que fiz com minha noiva, quando rodamos 1853 km. Desta vez o passeio também ficou na casa dos 1800 km, porém o tempo de viagem foi bem mais curto: apenas 3 dias passando por Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. A missão era levar para casa a Yamaha Ténéré 660 de um companheiro do Highlanders MC de Goiás.

Acompanhado do meu amigo, Eduardo Dias, que pilotava sua Yamaha Ténéré 250, fui em busca de mais uma aventura. Desta vez, mas somente desta vez, com a 660 que, diga-se de passagem, é uma moto sensacional para estrada.

Felizmente, mesmo tendo um tempo curto para fazer essa viagem, foi impossível deixar de curtir a estrada e as paisagens que os três estados nos ofereceram, até mesmo a vastidão das plantações que somem no horizonte. É impressionante.

A viagem

1º dia
Saída – foi por Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, por volta das 5h30min.
Trajeto – BR-262 e BR-452, em Minas Gerais e BR-153 já no estado de Goiás.
Tempo de viagem: 11h
Paradas: duas paradas para abastecer e uma delas mais longa para lanche.

Condições na viagem – Saímos de Ribeirão das Neves com um clima muito agradável e sem chuva. Chegamos até a acreditar que teríamos um dia totalmente de sol, porém, com cerca de uma hora na estrada, o tempo mudou e a chuva caiu. Foi assim até a cidade de Araxá (MG), quando pegamos a BR-452 em direção à Uberlândia.

A partir dali as longas retas ditaram o ritmo. Dizem que são tão grandes que cansam, mas minha opinião é totalmente contrária. As retas me deram conforto e ainda mais tranquilidade para observar a paisagem, e claro, mais segurança para uma tocada mais forte na moto.

Passamos por 6 pedágios até que chegássemos a Goiânia e o que posso dizer sobre o assunto é que vale, sim, muito a pena pagar os pedágios. A estrada é simplesmente impecável, um tapete. Só não queira fazer loucuras. É só acelerar, frear e chegar com sorriso de orelha a orelha.

Situação crítica – A situação mais complicada neste percurso foi o trecho entre Bom Despacho (MG) e Araxá (MG). Além da chuva, pegamos uma neblina densa que não nos permitia enxergar mais que 5 metros à nossa frente. Naquele trecho tivemos que reduzir a 80 km/h o ritmo de viagem, além de redobrar nossa atenção, já que estávamos presenciando as imprudências de caminhoneiros durante ultrapassagens perigosas (mesmo com tão pouca visibilidade).

2º dia

O dia da entrega da Ténéré 660 ao Grilo, dos Highlanders MC. Foi também dia de confraternização da turma, quando reunimos também com companheiros de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

Sobre esse dia, o que tenho a dizer é que as trocas de experiência pagaram toda a viagem. Nada mais que isso. A recepção pelo pessoal de Goiânia foi ótima. Deu ânimo para o dia seguinte, quando retornaríamos para casa em uma única moto.

Então, vamos embora!

3º dia
Saída – Saímos de Goiânia às 5h15min em ponto.
Trajeto – BR-153 e GO-060, em Goiás, DF-290 no Distrito Federal e BR-040 Goiás e Minas Gerais.
Tempo de viagem: 12h
Paradas: 2 paradas para abastecer, uma para lanche e um incidente, que fez a viagem acabar mais cedo.

Condições na viagem – A missão neste dia era voltar para casa em uma moto só. A Ténéré 250 do Eduardo teria que se superar e, nós como pilotos, conseguir manter um bom ritmo de viagem.

E conseguimos manter uma boa tocada até o primeiro incidente na BR-040. A estrada estava ótima, assim como no caminho de ida. Conseguiríamos fazer todo o trajeto em 9 horas, porém a surpresa: ficamos sem gasolina. O que ocorreu é que em um posto de gasolina que paramos já não chega combustível há pelo menos 4 meses e a moto já havia andado 100 km na reserva.

Aí começou a tensão.

Na impossibilidade de abastecer, fomos informados que o próximo posto estaria a 30km de lá. Os mais longos 30km de nossas vidas (rsrs). Durante esse percurso o velocímetro que, horas atrás ficava entre 110 km/h e 120 km/h, passou a rodar a 70 km/h. Foi bem tenso, principalmente porque a gente não sabia se haveria mesmo um posto de gasolina. E a moto já dava sinais de que não rodaria muito mais.

30km rodados e nada do posto de gasolina. Começamos a pular na moto para aproveitar as últimas gotas de gasolina. E após 5 km de pelejas, eis que surge, feito miragem no deserto, um ponto de apoio da Via 0-40, concessionária que administra a BR-040. Exatamente na porta do lugar a moto morreu e não ligou mais até a gente ser rebocado a um posto de gasolina e completar o tanque.

Mas não acabaram ali as emoções. Não mesmo. Seguimos viagem tomando novamente o nosso ritmo. Faríamos somente mais uma parada para abastecer e chegaríamos em casa. De fato, quase chegamos tranquilamente, mas foi quase. Faltando 40 minutos para chegar ao destino final, lá na divisa entre Cordisburgo e Sete Lagoas, estávamos numa curva a 100 km/h e a roda traseira da “ttzinha” simplesmente rachou e fomos em direção a um guard rail. Contamos com uma obra divina e a perícia de Eduardo na pilotagem, que não deixaram a moto tombar e o acidente acontecer.

Nunca ouvi falar que algo do tipo aconteceu com alguém, mas foi exatamente isso. A roda rachou, os raios entraram na câmara de ar e foi o fim da viagem.

Encostamos a moto atônitos e bestificados com a situação, chamamos um reboque que nos levou até nosso destino.

Foi uma viagem de moto sensacional. Pela estrada, pela paisagem, pela superação em viajar duas pessoas em uma moto de 250cc por tantos quilômetros, mas terminou assim.

É natural que surjam situações difíceis em viagens de moto, principalmente as mais longas. São acontecimentos que nos dão experiência e nos deixam mais preparados para as próximas empreitadas.

Até a próxima.


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