4 mil km de Apache 150 por cinco estados brasileiros

Quando planejei essa viagem de 4.166 km com minha Dafra Apache 150cc por cinco estados brasileiros (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro), todos me chamaram de maluco, ou que eu não iria conseguir, que a moto era muito fraca, etc. Mesmo assim fui persistente no meu sonho e fui atrás! Passei por 111 cidades na ida e mais 55 cidades na volta, sendo 40 delas repetidas na ida e volta; e mais de 70 horas na estrada (ida e volta), tudo sozinho.

Fui parando 30 minutos a cada 150 ou 200 km em média, pra esticar as pernas, abastecer a moto e beber água.

A velocidade média que coloquei em estrada reta foi de 100 a 110 km/h. Em descidas chegava a 120 km/h e em subidas e contra o vento de 85 a 95 km/h. O máximo que cheguei foi a 128 km/h em uma descida. Não estiquei por medo de judiar da motinha.

O primeiro trecho foi entre Porto Alegre e Presidente Prudente (SP). 1.286 km que percorri em dois dias.

Saí ás 8h da manhã do dia 20 de setembro com destino a Ponta Grossa (PR). Foram 854 km neste primeiro dia. Neste trecho peguei um clima bem bacana, com exceção da divisa entre Santa Catarina com o Paraná, onde peguei sol, chuva e frio, tudo em menos de 2 horas. Ao chegar a Ponta Grossa, por volta das 21h, parei em um hotelzinho para descansar.

No dia seguinte acordei às 5h e saí às 6h da manhã, seguindo até Presidente Prudente. Foram 432 km neste dia. No caminho, passei por uma estrada linda, bem de interior, logo que ultrapassei a divisa do Paraná com São Paulo, com extensas plantações às margens da pista. Só tinha um cheiro bem ruim de sementes. Fora isso, tudo maravilhoso!

Cheguei a Presidente Prudente às 14h e lá permaneci hospedado em um hotel por dois dias. Nesse tempo, revi uma amiga que mora na cidade. Até ai não tive problema algum, nem na moto nem comigo, tudo muito tranquilo!

No dia 23, às 7h da manhã, saí de Presidente Prudente em direção a Arraial do Cabo (RJ), percorrendo um total de 1.137 km.

100km depois de iniciar a viagem, estava em uma descida na rodovia Raposo Tavares. Uma carreta seguia na minha frente. Eu resolvi ultrapassar, pois não gosto e acho perigoso andar atrás de carretas. Então fiz a ultrapassagem e quando estava na frente do caminhão, sentí um tranco no motor, como se fosse uma freada, mas a moto seguiu andando normalmente, apenas começou um pequeno barulhinho, um “tec tec”. Fiquei preocupado e entrei na cidadezinha de Maracaí, onde procurei uma oficina. Chegando lá o mecânico deu uma olhada, constatou que o óleo tinha secado e disse que meu motor estava quase “batendo”. nesse momento entrei em desespero. Constatou que tinham colocado óleo errado no motor. Era pra ser mineral e colocaram semi-sintético. O mecânico disse que o ideal era fazer o motor, mas ele não possuía as peças do modelo, então sugeriu que eu colocasse o óleo B12, que era bem grosso e poderia dar uma recuperada no motor. Então fui até um posto de gasolina, comprei o óleo indicado, coloquei na motinha e segui viagem, rezando para ela não me deixar na mão. Graças a Deus a moto continuou numa boa, apenas o “tec tec” bem fraquinho.

Este dia de viagem parecia que não tinha fim. Percorri toda a Rodovia Raposo Tavares, estrada que corta o estado de São Paulo de Oeste a Leste. Pilotei por 686 km até às 21h, quando resolvi parar em um hotel em Taubaté (SP) para descansar.

No dia seguinte saí do Hotel às 7h da manhã com destino a Arraial do Cabo (RJ), onde cheguei às 15h do mesmo dia, depois de percorrer mais 457 km.

Fiquei em Arraial 2 meses. Tinha morado na cidade durante 7 anos e deixei lá muitos amigos. Quando cheguei à cidade, fui a 2 mecânicos para avaliar o estado do motor. Sabe o que eles me disseram? O motor estava perfeito, novo, óleo normal. Vai entender! rsrs

No dia 18 de novembro iniciei o retorno para Porto Alegre. Saí às 2h da manhã de Arraial do Cabo, seguindo viagem até Miracatú (SP), onde parei no hotel às 17h depois de percorrer 729 km. Ainda era dia e queria ter seguindo mais, porém estava tão acabado e cansado que não aguentei e tive que parar. Minha visão não ajudava mais, nem meu corpo, estava perdendo a percepção das coisas.

Segui viagem no dia seguinte, saindo às 6h da manhã em direção a Porto Alegre. Ainda tinha 1.014km pela frente.

Foi o trecho mais cansativo e longo de toda a viagem, incluindo a ida, pois fui direto, percorrendo a distância de uma só vez. Pilotei por 19 horas, das 6h da manhã do dia 19 e cheguei ao meu destino à 1h da manhã do dia 20. Fiz apenas as paradas de 15 a 20 minutos para esticar as pernas, ir ao banheiro, beber água, lanchar e abastecer a moto.

Neste trecho, a cada parada, eu verificava o óleo e notei que ele estava baixando, mas não queimando, pois não estava fumando. Para garantir, fui completando e trocando em curtos espaços de tempo.

Um tempo depois de fazer essa viagem eu resolvi vender a moto. Era uma motinha guerreira, mas fiquei com medo de ter problemas com o motor devido aos percalços com o óleo que enfrentei durante a viagem.

Pra muitos, minha viagem foi uma loucura. Me chamaram de louco, enquanto outros poucos disseram que gostariam de fazer o mesmo que eu fiz, me parabenizaram por isso e eles ainda me têm como “ídolo” por ter feito essa doideira rsrs. Mas tá aí, fiz, fui, voltei, tô vivo e hoje tenho uma história pra contar pros meus futuros filhos e netos. hehehe

Agora estou com uma Suzuki GSR 150i ano 2013 e tenho duas viagens programadas. Ainda não sei a ordem, mas dois desejos são:

Trecho 1: Porto Alegre – Montevideo no Uruguai, Buenos Aires na Argentina e Santiago no Chile.
Trecho 2: Porto Alegre – Ushuaia na Argentina, extremo sul das Américas.

Em ambos os casos ainda não tenho data e não possuo companhia. Então, a principio, farei a viagem sozinho. Porém, caso surjam pessoas para me acompanhar, serão bem-vindas!

Abraço Pessoal! Espero que tenham gostado da minha aventura!


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