Viagem ao Norte / Nordeste do Brasil

Fiz essa viagem em junho de 2013, quando saí de Belo Horizonte e fui em direção ao Nordeste e Norte do Brasil, com a intenção de conhecer as capitais desta região a partir de Fortaleza, passando pelo Sertão Nordestino ao invés de ir pelo litoral.

Tracei então o roteiro abaixo, preferindo o trajeto pela BR-135, via Montes Claros, para pegar a BR-116 próximo a Pedra Azul no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais:

Roteiro: Belo Horizonte – Montes Claros – Petrolina e Juazeiro – Salgueiro – Russas – Fortaleza (com as praias de Canoa Quebrada e Jericoacoara) – Teresina – São Luís (e visita a Barreirinhas, nos Lençóis Maranhenses) – Belém – Palmas e Belo Horizonte.

Também dessa vez fui só e a viagem teve duração de 31 dias, com aproximadamente 9.300 Km rodados.

Atrações, cidades e praias:

Juazeiro e Petrolina – São duas cidades umbilicalmente ligadas pelo Rio São Francisco. É interessante ver a pujança do desenvolvimento dessas duas cidades do sertão, ligadas por uma ponte também muito bonita.

Fortaleza – é uma grande capital, com orlas belíssimas. Fiquei hospedado na Praia do Futuro, considerada a mais bonita, ainda que o acesso e a região não sejam os melhores. A barraca Krokobeach impressiona pela infraestrutura moderna e bem cuidada, com piscinas e restaurantes.

Praias de Canoa Quebrada e Jericoacoara – Para mim, Canoa Quebrada é um paraíso, como bem disse uma alemã no hotel onde me hospedei. É um litoral lindíssimo, com suas falésias. E vizinho a ela há a praia de Majorlândia com as incríveis esculturas nas falésias, passeio imperdível.

No passeio para Jericoacoara, diferentemente do que fez o Rômulo Provetti, deixei a moto em Jijoca de Jericoacora. Primeiro, porque ninguém se apresentou como guia, ao contrário, fui abordado por um sem número de guias de camionetas, oferecendo-me para deixar a moto.

E assim que vi a estrada de acesso a Jeri, achei que foi a melhor decisão (Rômulo que o diga!!!). É bem verdade que no hotel em que fiquei em Jeri haviam duas BMW 1200…Mas essas até podem e mesmo assim os pilotos disseram-me que passaram aperto.

Teresina – É uma capital simples, mas bonita e bem cuidada. A maior atração, além das bonitas avenidas é a ponte estaiada, com uma torre de onde se pode apreciar toda a cidade.

São Luis – Para mim, foi a mais bela e acolhedora das capitais visitadas. Não pela “cidade histórica”, muito desvalorizada pelos nativos e pelos turistas, talvez pelo estado de abandono em que se encontra, apesar de ser patrimônio histórico da humanidade. A beleza encontra-se na sua orla, com praias lindíssimas e avenida beira mar também muito bonita.

Lençóis Maranhenses – Foi um passeio inesquecível, feito com a esposa, que me encontrou em São Luis. As dunas e as lagoas são uma obra prima da natureza. Não fiz o passeio pelo rio Preguiças, mas é outra opção interessante.

Destaco que o acesso a Barreirinhas é feito por estrada excelente, mas não há postos de gasolina. O abastecimento deve ser feito logo na saída da BR-135 em direção a Barreirinhas, para não ser surpreendido. A distância entre São Luís e Barreirinhas é cerca de 260 Km.

Para ir para Belém, a melhor alternativa é atravessar a baía de São Marcos, pegando o ferrry-boat, com cerca de uma hora e meia de travessia. Economiza-se cerca de 200 Km, mas a rodovia estadual (MA-106) até a BR-316, encontra-se cheia de buracos, desaconselhando-se viagens noturnas ou mesmo à sombra do sol vespertino, que ocultam os buracos.

Belém – A cidade das mangueiras não me cativou. O local mais interessante é a Estação das Docas. É um conjunto de bares e restaurantes construídos aproveitando-se os antigos armazéns das antigas docas do porto fluvial.

Internamente, os barzinhos e restaurantes estão num ambiente todo climatizado, mas com mesas e cadeiras externas para aproveitar o frescor da noite, com bares muito bonitos e lojas com produtos típicos. Pelo alto preço cobrado é um local para turistas estrangeiros, mas, de fato, impressiona pela modernidade. É realmente de primeiro mundo.

Palmas – Essa nova capital é uma miniatura de Brasília, com o inconveniente de não ter nome das avenidas, tornando difícil aquilo que já é difícil em Brasília – encontrar um endereço -. Mas, pelo menos, por ser uma cidade menor, a busca fica mais fácil. O GPS aqui foi imprestável.

Quanto à cidade, é bonita e bem cuidada, ressaltando-se a famosa Praça dos Girassois, onde se concentram praticamente todos os prédios dos poderes do estado (Executivo, Judiciário e Leislativo). Segundo informa a Wikipédia, é a terceira maior praça do mundo em área construída. E de fato é enorme, com muitas árvores e jardins bens cuidados.

Inconvenientes em toda a viagem:

Tive alguns problemas. O primeiro foi um pneu furado em Salgueiro-PE-. Em trinta anos de motociclismo foi a primeira vez que isso aconteceu. Na verdade, os pneus de moto não foram feitos para furar, especialmente no asfalto. Mas aconteceu e ainda bem que foi na cidade.

O difícil foi encontrar um borracheiro disposto e com maquinário adequado para retirar a roda da heritage. Encontrei um corajoso. Com meu apoio (segurando uma lanterna e encorajando-o), o trabalho foi feito à noite, para eu rodar no dia seguinte. Correu tudo bem e cheguei bem à Harley de Fortaleza para a troca de óleo e revisão.

O outro inconveniente foi a quebra do coxim de suspensão do alforje lateral. Troquei a peça antes da saída de BH, na própria Harley. No entanto, em Fortaleza, já se encontrava quebrada novamente. Felizmente a loja tinha outra peça. O maior problema é que quebrou novamente no retorno a BH. E sempre do lado direito.

Minha maior dor de cabeça, no entanto, foi o pneu traseiro. Havia planejado trocá-lo somente no retorno, já que havia feito a primeira troca com 19.000 Km. No entanto, no retorno pela Belém-Brasília e já chegando em Paragominas, no Pará, percebi que o pneu estava na lona e ainda faltavam mais de 1.500 Km até BH.

Presumo que o desgaste acelerado deveu-se ao calor escaldante do nordeste e ao asfalto abrasivo, sobretudo em face das viagens diurnas. Também admito que rodei mais do que o planejado, nas praias do Ceará e nos Lençóis Maranhenses.

Aconselharam-me a chegar a Imperatriz (mais 100 Km) porque lá certamente eu encontraria o pneu. Em Imperatriz, com o apoio incondicional de um motociclista dos Abutres (Jason) e do Eugênio (mecânico e motociclista), tentei encontrar um pneu novo ou mesmo um usado, somente para chegar a BH. Não encontrei. Encontrei apenas um pneu da Yamaha midnight (na concessionária Yamaha) com a medida 170-16. Apesar de mais largo e muito mais caro, tive de fazer a troca.

Problemas: No início, especialmente no sertão baiano, as rodovias federais encontram-se em ótimo estado, além de serem retas e planas. O mesmo, porém, não se pode dizer quando se roda pelas estaduais (na Bahia). Mas mesmo com rodovias que permitem desenvolver boa velocidade, percebi logo o perigo: os “bodes” e os “jumentos” pastando nas suas margens, meus constantes companheiros de viagem, sem contar o gado solto, muito comum no trecho entre São Luís e Belém.

Outra questão que incomodou muito foram as lombadas e os radares. O sertão nordestino é, na verdade, muito habitado. Pode-se dizer que, a cada 30 Km, há um povoado, com lombadas “altas” e radares. Ainda bem que há postos também. E é muito diferente de Minas Gerais. Na chegada pela BR-040 pude comparar. A partir de Paracatu, somente há povoação e abastecimento em João Pinheiro, Três Marias e no Trevão, cada um distante cerca de 100 Km.

Mas o maior incômodo, porém, de toda a viagem, foi o calor. Fiz a viagem em junho, já sabedor do calor da região, mas esperando uma temperatura um pouco mais amena. Qual o quê! Decididamente, não há inverno no nordeste, é calor o tempo todo, Ufa! Invariavelmente, chegava às cidades de destino completamente molhado de suor. Se houvesse algum engarrafamento nas capitais, aí então era terrível. Calor e aquecimento do motor!!! Ainda mais com as roupas de moto. Acabei muitas vezes me lambuzando de protetor solar e utilizando simples camisa de manga. Na maioria dos casos, porém, utilizei calça e blusa de brim. E o calor é a qualquer hora, noite ou madrugada. A vontade é ficar apenas no quarto climatizado do hotel.

Ao final da viagem, passados os trinta dias, esquece-se que existe inverno no lado de baixo.

Ao chegar a Porangatu, ainda em Tocantins, pela primeira vez não cheguei transpirando.

Na chegada a Paracatu (que já é quente para nós), foi incrível, senti muito frio à noite. Também, com temperatura em 18º, é uma geladeira para quem vem de um forno constante de 32º!!!

Ao chegar a Minas, comprometi-me a nunca mais reclamar de nosso calor, bem como de nosso “inverno”.


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