Também apelidada de Expedição Vento Gelado por este que vos escreve, um velho motociclista sul mato grossense com alguns quilômetros de estradas pelo Brasil e América do Sul, iniciou-se no dia 29 de junho a primeira parte do desafio Chuí a Oiapoque.
A meteorologia previa muito frio para a semana vindoura, a frente mais gelada do ano, com temperaturas abaixo de zero nas serras gaúcha e catarinense, local pelo qual passaríamos Deus, eu e minha pequena valente Yamaha Fazer 250 ano 2016.
No primeiro dia de viagem rodei aproximadamente 600 km, pois como só piloto enquanto há luz solar, cheguei a São José do Cedro, uma pequena e simpática cidade no oeste catarinense onde resolvi pousar antes do pôr do sol.
Percebi que minha companheira era muito econômica, pois fizera mais de 32 km por litro de gasolina. Neste trajeto, após o almoço, descobri que a bolha universal que instalei na Fazer estava faltando um parafusinho, daqueles minúsculos e sem cabeça e o vento estava entortando a bolha. Senti que poderia ficar sem ela em pouco tempo e que esse problema poderia me trazer muita dificuldade, pois o conforto da bolha e, principalmente no inverno rigoroso do sul do Brasil, seria um enorme sacrifício. Parei para tomar um energético e decidi reforçar o suporte com umas três “enforca gato” que carrego em minha caixinha do kit de reparo pneu. Ficou razoável e continuei a viagem. Para minha felicidade, à noite, já no hotel, encontrei o bendito parafusinho dentro de minha bota. kkkk, isso mesmo, havia caído dentro da bota. No outro dia resolvi tudo com um reaperto geral na bolha.
Meu segundo dia de viagem foi maravilhoso. Apenas um pequeno e demorado trajeto na periferia de Santa Maria (RS), onde peguei um congestionamento por causa de uma obra de viaduto. Com uma velocidade de cruzeiro em torno de 100 km/hora cheguei com pista molhado a Santana da Boa Vista (RS). Cidadezinha simples e acolhedora, onde me indicaram a casa de um casal de idosos, muito simpáticos e assim que me instalei em um dos quartos nos fundos da casa, me passaram a chave do portão e saíram para ir à missa.
À noite saí a pé para uma pequena caminhada. Fazia bastante frio e encontrei em frente à praça um Pub, onde tomei duas Polar, a cerveja que possui a bandeira do Rio Grande do Sul no rótulo. Maravilha de beer.
No domingo cheguei por volta de meio dia a Rio Grande (RS). Bela cidade histórica, que está entre as cinco mais antigas do Brasil. Me instalei em um hotel no calçadão, centro da cidade. Descobri que estava acontecendo uma festa muito tradicional na cidade, a FEARG. Chamei um transporte pelo aplicativo e valeu muito a pena. Festa boa demais com muita cultura regional e comidas típicas, além de um maravilhoso chope artesanal do qual tomei algumas canecas. Segunda-feira de manhã rumei para o Chuí. Passei pela Estação Ecológica do Taim, onde tirei fotos e vi muitas capivaras mortas na rodovia.
Cheguei a Chuí por volta de meio dia. Verifiquei o termômetro e fazia 6 graus e o vento estava supergelado.
Cidade pequena e movimentada que é separada da Chuy uruguaia por uma avenida. Os uruguaios e muitos descendentes de árabes estão espalhados por toda a porte da Chuí brasileira. Estão nos hotéis, restaurantes, lojas, etc. Muitos nomes de fachadas comerciais, mesmo no Brasil, estão escritos em espanhol.
Visitei a Barra do Chuí, local conhecido por começar ou terminar o Brasil. Mais tarde fiz uma caminhada pela praia e depois fui trocar o óleo da Fazer. À noite experimentei uma cerveja uruguaia de litrão.
O retorno de Chuí foi congelante. Usei segunda pele, camisetas, moletom, jaqueta com forro, meia calça, calça com forro, bota , balaclava e duas luvas. Fiquei quase engessado, mas venci o frio de três graus que fazia na região. Nesse dia atravessei a Lagoa dos Patos com a balsa e almocei em São José do Norte (RS). Dormi em Osório (RS). No dia seguinte rumei para as serras do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. O plano era dormir em São José dos Ausentes (RS) e sair no outro dia para São Joaquim (SC), mas devido a uma forte chuva que ocorrera na noite anterior, resolvi abortar esse trajeto, pois os 80 km de estrada de terra molhada era um desafio meio complicado para uma Fazer 250.
Voltei para Bom Jesus um pouco frustrado. Curti o frio no restante da tarde e dormi num hotel recomendado por motociclistas.
Na manhã seguinte segui para Passo Fundo, onde fiz uma parada de aproximadamente duas horas e parti para dormir em Erechim. Ao sair de Erechim rumo a Chapecó peguei muita geada e frio de 4 graus. Eram quase 18 horas quando parei em Itaquirai (MS) para dormir. No almoço do dia seguinte já estava em casa e com saudades da viagem realizada, imaginando a segunda parte da expedição para Oiapoque no ano que vem, se Deus quiser.
Motocicleta pequena, valente e muito econômica. Foram 3.700 km e 9 dias de muita adrenalina e alegria. Paguei refeições de 12 a 28 reais. Pernoite de 30 a 130 reais. Gasolina de 4.09 a 5.14 reais.
Um moto abraço a todos!
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