Falar sobre a imensa Patagônia é conversa para nunca acabar. Quem vai pra lá uma vez, nunca poderá dizer que conhece a Patagônia. Eu tive o grande privilegio de rodar algo assim como 180.000 Km de moto naquele infinito deserto. Foram já 12 viagens para a Patagônia Argentina, a Patagônia Chilena e a Carreteira Austral.
As primeiras viagens foram viagens épicas. O asfalto terminava em Bahia Blanca e de ali até Ushuaia eram 2.485 Km de rípio. Em total tinha que rodar 4.970 Km.
Se hoje não existem suficientes postos de gasolina e poucas comodidades para o viajante, imaginem naquela época.
Hoje restam apenas 145 Km de ripio, por isso me revolto quando escuto falar a alguns motociclistas sobre as enormes dificuldades dos caminhos a Ushuaia.
Por incrível que pareça em cada viagem descubro algo maravilhoso, algo espetacular que não tinha visto antes. É que a Patagônia guarda os mais belos recantos para aqueles corajosos que fogem das trilhas convencionais e dos pacotes turísticos.
Existe nessa região uma planta típica denominada Calafate e que segundo a tradição popular, quem come desse fruto, sempre volta a Patagônia. Certo ou não, eu sempre que fui lá, fiz questão de comer o fruto…..e sempre estou voltando.
Na minha última viagem uma índia me contou a lenda do Calafate e achei tão doce, tão cativante que quero aqui compartilhar com os amigos.
Segundo os índios Tehuelches, Kospi era uma bela garota que viveu tempo atrás, quando ainda as plantas não tinham flores.
Uma tarde tormentosa Kospi foi raptada por Karut, o trovão, que, enamorado pela sua beleza, fugiu com ela para o céu e a escondeu trás as montanhas, nas profundezas de um glacial.
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Cheia de pânico e dor, Kospi foi se esfriando até se transformar num bloco de gelo. Assim escondida gerou a ira do Karut que pensando que tinha fugido, lançou alaridos de fúria que atraíram a tormenta. As chuvas finalmente derreteram o glacial e então Kospi se transformou em água e correu caudalosa pelas montanhas, rios e vales, até se depositar na terra.
Com o começo da primavera, Kospi quis conhecer as caricias do vento. Subiu então pelas raízes e talos da planta chamada Calafate e assomou seu belo rosto na forma de coloridas pétalas amarelas.
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