Viagem dos Urubus a Machu Picchu e Atacama

Durante muito tempo, ouvimos histórias de motociclistas que se aventuravam pela Amazônia Peruana, Machu Picchu e Deserto do Atacama. A vontade de fazer um percurso desses, percorrendo oito mil quilômetros de estradas dos países vizinhos, por caminhos desconhecidos e regiões inóspitas e conhecer o oceano Pacífico, era tentadora.

Um dia, eu e meus três companheiros do Moto Grupo Urubus do Erval – Pierre Bacanelli, Roque Canepelle e Mario Cesar da Silva Marques – decidimos fazer esta viagem. Nos reunimos e marcamos a data de saída para seis meses depois. Daí em diante foi só preparar as motos, três Yamaha XT 660 e uma Honda Transalp XL 700V.

Foi fantástico percorrer mais de 8 mil km nessas máquinas maravilhosas, conhecendo culturas peruanas, chilenas e argentinas. Veja abaixo um resumo sobre como foi a viagem.

O objetivo da viagem

Conhecer a mística cidadela de Machu Picchu no Peru e o inóspito Deserto do Atacama no Chile, além do Lago mais alto do mundo, o Titicaca, na fronteira entre Peru e Bolívia.

O percurso

Saímos de Caarapó-MS no dia 12 de abril de 2012, passando por Campo grande, Cuiabá, Cáceres, Porto Velho, Assis Brasil, Puerto Maldonado, Cusco, Machu Picchu, Puno, Arica, San Pedro do Atacama, San Salvador de Jujuy, Corrientes, Foz do Iguaçu, Guaíra e Caarapó.

Alimentação

No Peru, o prato principal é pollo com papas (frango com batatas), uma espécie de frango mal esquentado na brasa com batatas cozidas. Raramente se encontra arroz e carne vermelha e, quando encontramos, percebia que usaram uma espécie de ervas e o sabor era muito ruim para nosso paladar. Feijão, acho que é comida de brasileiro, lá não encontramos de jeito nenhum. Nós nos viramos conforme podíamos, comendo o mínimo possível. A maioria dos hotéis não oferece café da manhã.

Beleza

A Cordilheira dos Andes é majestosa e linda. No inicio há muita vegetação e cachoeiras lindas. No seu topo não se avista mais vegetação, apenas uma especie de musgo e faz muito frio, além de se avistar gelo no topo o ano inteiro.

A cidadela de Machu Picchu é muito interessante. Fica num lugar de difícil acesso, no meio das montanhas. Só é possível chegar a Machu Picchu de trem. De Cusco a Machu Picchu pode-se ir de micro ônibus ou de carro até a cidade de Ollantaytambo (2 horas e meia de carro) e depois mais 2 horas e meia de trem até a pequena Aguas Calientes, que é a cidade de apoio aos turistas que se dirigem a Machu Picchu. Em Aguas Calientes não existe automóvel, apenas alguns micro ônibus que levam os turistas montanha acima (cerca de 8 km porque a estradinha de terra é desenhada em espiral para se subir bruscamente até a cidadela de pedras).

As cidades de Arica e Iquique, no Chile, são conhecidas como as cidades do sol eterno, porque lá nunca chove e são cidades litorâneas, estão às margens do Oceano Pacífico onde a água é muito gelada, conforme provamos.

O povo peruano é muito pobre, mas possui uma educação invejável. Tratam todos os turistas com muito respeito e sempre estão prontos para te dar informações.

Principais dificuldades encontradas

Altitude – na cordilheira dos andes, entre Puerto Maldonado e Cusco, passamos por placa que indicava 4.725 m de altitude. As temperaturas ficavam em torno de zero grau e o cume das montanhas estavam cobertos de neve. Ao mínimo esforço, como caminhar um pouco mais rápido ou falar mais alto, ficávamos com a respiração ofegante. Também era perceptível que os motores das motos perdiam a potência.

No Deserto do Atacama, no Chile, chegamos a viajar 200 km sem encontrar nenhuma casinha. Um pequeno arbusto verde só é possível encontrar nos raros vales que possuem pequenas nascentes de água. Nenhum deles atinge mais que 2 ou 2,5 m de altura. São todos da mesma espécie. Nos informaram que são plantas que retiram o excesso de sal do solo arenoso e salgado.

Entre o Chile e a Argentina passamos por uma tempestade de areia que quase nos jogou para fora da estrada. Essa tempestade, que no início era somente de areia, aos poucos e à medida que subimos a cordilheira, virou uma tempestade de neve que ouvimos bater em nossos capacetes. Paramos à beira da pista para tirar fotos e o termômetro de um motociclista argentino marcava 5 graus negativos. Fomos orientados a seguir viagem pelo acostamento da pista, que possuia uma especie de pedrinhas de brita para evitar tombos, porque qualquer tipo de freada um pouco mais forte era derrapagem na certa. Presenciamos o tombo de dois motociclistas argentinos. Depois de alguns quilômetros rodando pelo acostamento, não se via mais gelo na pista e pudemos voltar para ela. Mas o vento continuava e a tempestade agora era de sal. Existem muitas salinas na região.

A primeira cidade Argentina que se pode presenciar vegetação é San Salvador de Jujuy, uma bela cidade por sinal.

O único problema que tivemos com as motos durante a viagem foi um pneu furado, a 500 m de uma borracharia, na cidade de Mundo Novo em Mato Grosso do Sul.

Foram 18 dias de viagem, quando enfrentamos muito sol, calor, frio e neve na Cordilheira dos Andes, experiências que ficarão para sempre em nossas memórias.

Agora estamos planejando para o final de 2013, rodar 11 mil km ida e volta até Ushuaia.

Quem desejar ver mais fotos e relatos dessa maravilhosa viagem, basta acessar motoaventuracpo.webnode.com.

Um moto abraço a todos.


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