Durante uma conversa entre amigos, alguém lançou a ideia de fazermos uma viagem de moto saindo de Porto Velho (RO) para percorrer as estradas do Peru e Chile. Nos dias que se seguiram vieram muitas ideias para realização dessa viagem e muitos disseram que iriam, interagiram e ajudaram com os planos.
Depois de alguns meses planejando e sonhando, chegou o grande dia da viagem. No final, somente alguns realmente foram para a estrada. Estávamos em quatro motos e um carro com uma família de amigos que nos acompanharia até Puno no Peru.
Saímos de Porto Velho no dia 13 de julho. Neste primeiro dia tivemos que fazer algumas paradas no meio do caminho devido ao sistema de “pare e siga” imposto pelas obras de elevação do nível da Hidrelétrica de Santo Antônio, que represará mais alguns centímetros de água para geração de energia. Parece uma piada de mau gosto nós termos em Rondônia uma das energias mais caras do Brasil enquanto existem no estado três das maiores hidrelétricas do país.
Percorremos um total de 676 km e dormimos em Brasiléia no Acre.
No dia seguinte saímos em direção a Puerto Maldonado no Peru, distante 343 km. Atravessamos a fronteira entre o Brasil e o Peru na cidade de Assis Brasil. Como todos estavam viajando com passaportes e documentos corretos, os trâmites na imigração e aduana foram rápidos.
Do outro lado da fronteira, na cidade de Iñapari, procurem a Ângela na loja DUKA, para providenciar o SOAT. Ótimo atendimento, carinho e todas as informações necessárias.
No dia 15 nós pegamos a estrada para Puno, a 605 km de distância. O dia de viagem foi puxado, pois começaríamos a cruzar a grande montanha (Cordilheira dos Andes) e nos juntamos a um grupo com três motociclistas que encontramos em Puerto Maldonado.
Em Puno voltamos a viajar em um grupo com quatro motos, pois os outros amigos fariam um trajeto diferente e retornariam ao Brasil.
A intenção neste dia era chegar a Arica no Chile, mas sabendo da rigidez da fronteira Peru/Chile, principalmente para quem entra no Chile, com raio X até nas malas e baús das motos, resolvemos ficar em Tacna no Peru, depois de termos percorrido 425 km. Deste modo passaríamos de manhã e animados pela fronteira.
No dia 17 saímos animados para enfrentar a burocracia da fronteira entre o Peru e o Chile. Tínhamos o objetivo de chegar a San Pedro de Atacama.
Veja como são os procedimentos para atravessar a fronteira: chegando à imigração você tem que preencher um formulário em três vias com informações sobre o condutor e passageiro da moto. Após isso, deve enfrentar uma fila para dar entrada no Chile e carimbar o passaporte. Depois deve se dirigir a um local para verificação do veículo. As bagagens são retiradas e passadas pelo raio X. Na sequência, a guia de entrada deverá ser entregue ao oficial de fronteira. Mas não acabou. À frente existe a aduana, onde é necessário preencher mais um formulário com os dados da moto (número do motor, placa, etc.) e apresentar para um oficial aduaneiro.
Devido à demora de 3h45 na fronteira, tendo percorrido apenas 321 km, tivemos que parar em Pozo Almonte, onde pernoitamos. Quando chegamos à cidade a temperatura estava a 0 Grau.
No dia seguinte fomos para San Pedro de Atacama, distante 450 km. A viagem foi tranquila neste percurso.
Devido a uma nevasca, as estradas estavam “cerradas pela policia” e ficamos ilhados em San Pedro de Atacama. Com isso não tivemos outra saída a não ser ficar na cidade nos dias 18 e 19 e comprar vinhos para podermos nos alegrar com tanta neve.
No dia 20 tivemos sorte, porque a temperatura estava a -1 grau, mas o céu limpou e o degelo começou com força total, liberando as estradas. Ás 6h saímos em direção à cidade de Antofagasta, mas andamos mais 70 km até a Mano del Desierto para tirar fotos e depois voltamos para pernoitar em Antofagasta.
No dia seguinte o destino era a cidade de Iquique, distante 416km, com intenção de ficar um dia para conhecer a cidade e, claro, o Shopping Center, que por sinal tem de tudo. A partir desse dia estaríamos em três motos, uma vez que um brother seguiu para a Argentina.
O objetivo era chegar a Mollendo no Peru no dia 22, distante 622 km. Foi bem puxado, mas estávamos bem e descansados.
Quando chegamos à cidade já tinha anoitecido, então fomos ao restaurante do hotel para poder comer alguma coisa e, claro, tomar um bom vinho.
No dia 23 passamos por uma estrada maravilhosa e um visual surreal. De um lado, o Pacífico e de outro, montanhas. Com as nuvens baixas, tinha certeza que a qualquer momento veria um “dragão” sobrevoando a estrada, rsrs. Depois de 505 km chegamos a Nazca, onde ficamos dois dias para trocar o óleo de minha motoca.
No dia 26 o destino planejado era Abancay, mas paramos em um local muito interessante por indicação de amigos: Hotel & Restaurante Tampumayu, Carretera Interoceanica km 361. Foi muito bom e devido ao tempo fechado e muito frio (2 Graus), foi uma parada estratégica.
No dia 27 a viagem transcorreu muito tranquila, com direito a muitas paisagens impressionantes. O destino era Cusco, distante 293 km, onde ficamos dois dias para conhecermos alguns locais que não tínhamos visitado ainda.
Dica: em Cusco temos como anfitrião o motociclista Juan Manuel Espinoza Gaete. Todo tipo de informação que precisar, ele ajudará. No mesmo sentido de apoio, mas agora turístico, tem a querida Berliza Alejo Orellana, da Liza Tur Peru. O que você quiser conhecer de uma maneira mais reservada e sem confusão, ela é a pessoa.
Saímos de Cusco no dia 29. A viagem de 478 km até Puerto Maldonado ocorreu sem problemas. Foi importante apenas respeitar a Grande Cordilheira para que todos fizessem um ótimo passeio.
No dia seguinte retornaríamos ao Brasil. Os trâmites para a saída do Peru e entrada no Brasil foram tranquilos. Já em estradas nacionais, paramos em um local muito bacana chamado Fazenda 3 meninas, 134 Km antes de Rio Branco, onde servem vários pratos, sendo o mais exótico a tartaruga. Percorremos 574 km neste dia até Rio Branco (AC).
No dia 31 o nosso objetivo era Porto Velho (RO) a 514 km de distância. Tirando o sistema de “pare e siga” que nos reteve por pouco mais de 45 minutos, tudo na mais perfeita harmonia.
Enfim, em casa.
Resumo:
As motos que fizeram todo a viagem juntas foram BMW 1200, Yamaha Midnight 950 e Suzuki Boulevard 800.
Foram 19 dias entre estradas e passeios e 7.392 km percorridos.
Valor aproximado de combustível: R$ 1.600,00
Valor aproximado de Hotel e Alimentação: R$ 8.500,00
Estes valores são com base na moto Midnight 950, com garupa e alforjes.
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